Por Rafael Mascayano, Chile •
Dias atrás, num chat room de Schoenstatt, carregaram a foto de uma Irmã de Maria que é médica e cujo testemunho aparece na última revista Vinculo. De uma forma muito ingénua e inocente, uma pessoa comentou: “Eu não sabia que as Irmãs podiam trabalhar”. —
Quantos malabarismos têm de ser feitos pelos respectivos responsáveis financeiros tanto dos Padres como das Irmãs! Sabemos por acaso, quanto custa a manutenção de uma Irmã ou de um Padre doente? Eles, que deram a sua vida e o seu incessante trabalho por nós, pela nossa formação, que tantas vezes nos acolheram, recebem de nós apenas palavras.
O sustento dos Santuários e outros bens do Movimento
Não podemos reproduzir o esquema de muitas famílias, em que os filhos não devem conhecer as dificuldades dos seus pais ou, no nosso caso, os membros do Movimento não podem conhecer a realidade da administração de um Santuário ou de uma Ermida.
Sim, e não nos apercebemos que é muito educativo como família, especialmente com filhos que já têm uma certa idade, falar também dos aspectos económicos e financeiros dessa família. Ajuda-nos a crescer como pessoas, como família, e ainda mais em tempos de crise.
E o que podemos dizer sobre os novos participantes. É muito comum ouvir: “não se deve pedir-lhes qualquer quota para este Ramo ou Santuário porque podem ir-se embora”. Ou seja, falemos-lhes da Mater, do Pai, mas não de serem co-responsáveis por esta Obra, de viverem como habitantes locais e não como visitantes. Temos de os ajudar em todos os sentidos, para crescerem tanto espiritual como humana e diariamente.
De onde provêm os rendimentos?
Há ainda outro grande problema. Dada a falta de clareza económica em alguns Santuários e tendo em conta que os rendimentos não são suficientes para a sua manutenção, são os coordenadores ou chefes que têm de suportar os défices com o dinheiro dos seus bolsos. Assim, ao nomear novos líderes, é possível que, inconscientemente, se procurem pessoas com um certo suporte económico e, por conseguinte, pode ocorrer a aberração de que, se alguém não tiver esse suporte, a possibilidade de assumir uma posição de responsabilidade será dificultada. E continuamos a varrer os problemas económicos, existentes, para debaixo do tapete. Ao ser uma comunidade, se um casal ou um líder tiver problemas financeiros ou algumas dificuldades, e que por causa do exercício da sua actividade não podem procurar outros rendimentos porque estão totalmente imersos neste trabalho “apostólico”, é importante estar atento para os apoiar, não só espiritualmente, rezando por eles, mas também dando-lhes o nosso apoio financeiro. Talvez devêssemos tornar estas situações transparentes e gerar novas formas de financiamento. Leiam novamente como foram organizadas as primeiras comunidades cristãs, à luz da realidade actual, e procurem novos caminhos. Porquê? Porque também dentro de cada comunidade, cada Família é chamada a criar uma nova ordem social. Uma nova ordem social que deve começar com as nossas próprias estruturas internas, formando leigos maduros e co-responsáveis, transparentes com a realidade económica e financeira dentro de cada Ramo e de cada família de Santuários ou Ermidas e, como diria o Pe. Kentenich, procurando valorizar o trabalho de cada membro e a criatividade de desenvolver novas formas. Isto é cada vez mais acentuado com a necessidade de incorporar consultores leigos que dedicarão parte do seu trabalho a acompanhar os processos nos diferentes Ramos.
Uma nova ordem social, também na economia
É verdade que, até agora, agimos com um paradigma de como as formas das relações económicas e financeiras devem ser estabelecidas no Movimento e que elas respondem à forma como as construímos a nível eclesial. No entanto, devemos perguntar-nos se é isto que o Pe. Kentenich quereria como forma de construir esta nova sociedade a partir das próprias estruturas de Schoenstatt. Se queremos falar de uma nova ordem social, ela deve começar a ser vivida entre nós de antemão. Aqui há um apelo a mudar os paradigmas existentes e a procurar novas formas de enfrentar a realidade e as relações com a economia dentro do nosso Movimento de Schoenstatt.
Quando terminares de ler este artigo, gostaria de te convidar a considerar o que vais fazer concretamente para te relacionares com a economia, para procurares respostas criativas na nova ordem social interna de Schoenstatt? Para unir o sobrenatural com o natural e o quotidiano…
Original: espanhol (14/6/2020). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal