Posted On 2019-04-06 In Schoenstatteanos, Vida em Aliança

Quando você gostar de Nossa Senhora, somos amigos

SCHOENSTATT, Maria Fischer •

Foi um dos dias mais tempestuosos deste tempestuoso mês de Março, o dia do funeral do Pe. Michael Johannes Marmann. Muito foi dito – nessas duas horas em que a tempestade soprava à volta das torres da Igreja da Santíssima Trindade no Monte Schoenstatt- pelos seus irmãos e sucessores como Superior Geral dos Padres de Schoenstatt, pelos seus amigos de “Juntos pela Europa”, pelos schoenstatteanos com os quais começou em Regensburg e no final é sobretudo a sua própria palavra que ecoa, citada pelo pregador Pe. Heinrich Walter, a palavra da sua experiência chave do encontro com Maria e Jesus.

10/03/2019, Réquiem pelo Pe. Miachel Joh. Marmann.  Foto: Fischer@schoenstatt.org

De novo, a caminho do cemitério (em Milwaukee), sentámo-nos num banco numa pequena colina; tivemos uma conversa que se converteu numa experiência chave para mim: Tratava-se de Maria, especialmente, da minha relação com Nossa Senhora. Contei com grande detalhe a minha falta de relação com Ela, especialmente, como estudante de Teologia – mas, um pouco antes da minha Ordenação sacerdotal tive uma experiência noturna com a pergunta que, era típica na minha situação nesse momento: se se podia tratar Maria por “tu”. E, ao mesmo tempo, experimentei uma relação pessoal com Cristo até então desconhecida, em especial, nessa noite na capela do Seminário, em frente de Jesus, no Tabernáculo. Recordo que, o nosso Pai-Fundador ficou a reflectir sobre isto por um longo momento; a seguir virou-se para mim e disse-me: “Quando você gostar de Nossa Senhora, somos amigos”. Esta frase teve um efeito duradouro na minha vida, entre outras coisas, porque me pareceu que o Pai-Fundador, como sacerdote, me disse estas palavras de Cristo; lembro-me sempre das Suas palavras aos discípulos: “…Mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai”. (Jo 15,15 NT)[1]

Uma experiência que o Pe. Michael Marmann descreveu em pormenor num artigo para a colecção de textos “Afecto. Perspectivas cristãs paraa Europa” [2] e que foi citado pelo Pe. Walter no final da Homilia.. Uma porta entreaberta na vida de uma pessoa que muitos conheceram de diferentes maneiras; uma vida que foi apreciada no seu funeral mas que, nunca se pode captar e interpretar completamente num funeral – Deus reservou isto em cada vida para o céu e, talvez apenas para Si próprio.

Uma santa inconsciência e uma ousadia confiante

Ao redor do Altar estavam numerosos Padres de Schoenstatt e sacerdotes Diocesanos de diversos países; o celebrante principal foi o Pe. Juan Pablo Cattogio, Superior Geral dos Padres de Schoenstatt. Junto do Altar estavam, também, o Dr. Peter Wolf, ex-Superior Geral do Isntituto dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt; o Pe. Theo Breitinger, Provincial da Província de Sião; o Pe. Heinrich Walter (Gabinete de Coordenação Internacional) e o sobrinho do Pe. Michael, o Diácono Félix Geyer, entre outros.

Os membros dos cursos mais recentes dos Padres de Schoenstatt estavam encarregados da parte musical durante a Missa. O livro dos cânticos estava decorado com o desenho que pode ser visto na Casa dos Padres no Monte Sião, na galeria onde estão as fotos dos Superiores Gerais e no livro “Streiflichter auf Spuren des Lebens” (Reflexos de luz sobre as pegadas da vida)” que, os irmãos sacerdotes do Pe. Marmann desenharam em Munique para o seu 80ª aniversário com textos sobre a sua vida e uma série de parabéns cujas, linhas foram citadas pelo Pe. Juan Pablo Catoggio e pelo Pe. Heinrich Walter. [1] O afecto é a palavra nuclear com a qual o Pe. Heinrich Walter descreveu o defunto; Um processo no seio de uma comunidade que se manifesta no afecto entre as culturas através do qual se joga a unidade da Europa.

O Pe. Juan Pablo Cattogio agradeceu ao Pe. Marmann, em nome da Comunidade e de Schoenstatt. Ele abriu muitos caminhos apostólicos. “O bom Deus deu-te, como diz o Papa Francisco, uma “santa inconsciência” mas, também, uma ousadia confiante. Assim tomaste decisões importantes para o futuro”, citou como exemplo, a descentralização da Comunidade, a fundação na Nigéria e na Itália.

Severin Schmid veio de Roma com outros dois representantes do Movimento dos Focolares. “Com o Pe. Marmann, o Movimento Apostólico de Schoenstatt perde uma figura central – e o Movimento dos Focolares perde um amigo e companheiro muito valioso”; aparece no site do Movimento dos Focolares na Alemanha. Schmid citou a carta de condolências de Maria Voce, presidente do Movimento dos Focolares que, lembrou as etapas importantes do Movimento Ecuménico Espiritual “Juntos” a que ela chama “acontecimentos da história da Igreja”. “A Aliança de Amor mútua dura para além da morte”, disse Severin Schmid.

Ponte, pioneiro, unidade: três vocábulos com os quais Gerhard Pross (YMCA) descreveu o Pe. Michael Marmann. A quem estava “unido na amizade e através de quem,  tinha vivido uma cultura da Aliança”. O casal Mucha agradeceu ao Pe. Marmann que, durante um tempo deu Assessoria às famílias na Áustria,  e o Pe. Otto Amberger falou da época em que o Pe. Marmann encorajou os schoenstatteanos de Regenburg a agarrarem a oportunidade e iniciarem um Movimento nos princípios dos anos setenta.

Os dois membros da equipa de schoenstatt.org que estavam presentes no funeral, acrescentam aqui a palavra que o Pe. Marmann escreveu a um deles como dedicatória no livro que tem sido muito citado: “Unidos no esforço para abrir Schoenstatt ao mundo de hoje”.

Tempos tempestuosos

Quando o cortejo fúnebre chegou ao Monte Sião os enlutados lembraram-se, automaticamente, da estrofe do Hino de Schoenstatt “Invicta no furacão”; enquanto a tempestade, cada vez mais violenta, quase fazia voar o grupo e afogava as palavras do Diácono, Félix Geyer, asim como, as Leituras e os cânticos.

O Schoenstatt que o Pe. Michael Marmann acompanhou e dirigiu durante muito tempo e em diversos cargos, passou por muitas tempestades e continua a passar por elas e, não só, porque o abuso do poder, de consciência e de sexualidade não se deteve às portas de Schoenstatt. Na tempestade do Monte Sião, vem-me ao pensamento o que uma Juventude valente do Chile escreveu numa carta.  Sobre como as preocupações com a manutenção das casas de Schoenstatt, que amarram tantas pessoas competentes que seriam necessárias para inovar e moldar o mundo; de como parece que, mais uma vez, a valorização da própria especificidade só pode ter lugar através do questionamento do que os outros constroem. Algumas orações o acompanharam enquanto o caixão era levado para a sepultura e um vento de Páscoa soprava através da tempestade, porque “amamos a Mãe de Deus”.

 

Chegar a Jesus através de Maria

[1] Citado em „ Streiflichter auf Spuren des Lebens“ Homenagem pelos 80 anos do Pe. Michael Joh. Marmann, Munich 2017, pág. 39 (em língua alemã)
[2] Was Maria mir bedeutet – durch Maria zu Jesus gelangen, publicado em: Friedrich Aschoff, Franziskus Joest, Michael Marmann (autores.), Zuneigung. Christliche Perspektiven für Europa, Präsenz Kunst und Buch, 2007, citado de: Streiflichter auf Spuren des Lebens “ Homenagem pelos 80 anos do Pe. Michael Joh. Marmann, Munich 2017, pág. 18-2
3] „“ Streiflichter auf Spuren des Lebens” Homenagem pelos 80 anos do Pe. Michael Joh. Marmann, Munich 2017 pág. 12-14

Original: alemão (17/3/2019). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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