Posted On 2017-04-02 In Vida em Aliança

“Keep Lent”: para uma Quaresma socio-espiritual

ITÁLIA, Angela Miccoli •

Na Paróquia dos Santos Padroeiros, a “casa” dos Padres de Schoenstatt em Itália, um grupo de jovens propôs uma lindíssima iniciativa para este tempo da Quaresma. Quem a conta é a Angela principal promotora do projecto, e também ex-responsável do grupo de jovens.

Uma Quaresma socio-espiritual. Este é o projecto que, neste período, estamos a experimentar. Todos os dias no nosso grupo de WhatsApp, Gente Carlina, um de nós posta o Evangelho do dia e partilha um áudio de, aproximadamente, um minuto e meio (excepto fantásticas excepções) com uma reflexão própria sobre a Escritura. É uma ideia nascida por inspiração da iniciativa “Keep Lent”, o mesmo é dizer, “Observa a Quaresma”, promovida pela Pastoral Juvenil de Pompeia, já, desde há alguns anos. Pensámos reproduzir este projecto entre nós, no nosso grupo. No início estávamos bastante apreensivos, não sabendo se a ideia seria acolhida, se produziria frutos, onde nos levaria. Com grande surpresa, pelo contrário, todas as expectativas foram superadas. Um grande entusiasmo espalhou-se entre todos nós. Mas, não somente! As meditações são todas de elevado nível, profundas e densas!

Tornou-se um rito. Como nos ensina o Pequeno Príncipe os ritos ajudam-nos, educam-nos, trazem-nos felicidade. Todos os dias, por volta das 9 horas estamos à espera de receber o apontamento vocal. É belo ver como, cada manhã, somos levados, espontaneamente, a agradecer pela partilha e a dizer: “Que lindo, iniciarmos assim o dia!”. Sim, começamos, juntos, o dia e fazêmo-lo da melhor maneira, pondo-nos à escuta da Palavra do Senhor que, no tempo da Quaresma sobressai mais clara e profunda que nunca.

Estamos a dar-nos conta de, como um minuto e meio por dia, pode mudar-nos o dia, assim como, a Quaresma! Normalmente, neste tempo, somos levados a renunciar a alguma coisa, a “tirar”. Este é o ano no qual, ao contrário, estamos a acrescentar, “pelo menos” substituímos o “mais”.

Estamo-nos a empenhar, investindo tempo para preparar a meditação, superando a ansiedade de falar via áudio, acordando de noite no Paraguai para enviar o comentário a tempo, arranjando dois minutos para parar, ler o Evangelho e escutar. Deste modo, estamos a servir o grupo, estamos a servir Deus e estamos a crescer na fé e no amor. Estamos, também, a aprender a conhecermo-nos mais. Cada reflexão é diferente, única, especial. Cada comentário fala da pessoa e transmite a sua originalidade.

Neste tempo da Quaresma estamos a acompanhar Cristo à Cruz, estamos a caminhar juntos e estamo-nos a enriquecer. É extraordinário observar como cada um de nós possa ser fonte de enriquecimento para o outro!

Estamos a meio do caminho e já descobrimos que a felicidade está aqui, agora, que não devemos esperar vencer um concurso ou passar um exame, já hoje, temos mais do que necessitamos. Recordámo-nos que Cristo nos chama a sermos humildes, a fazermo- nos pequenos e que nos deu um exemplo, um modelo de humildade para o qual olharmos e inspirarmo-nos, a Mater. Compreendemos o quanto Deus é misericordioso e o quanto o perdão faça sentir-se bem, não apenas quem é perdoado, mas também, quem perdoa e como é ainda mais importante perdoar-se a si próprio. Experimentámos que Jesus quando nos chama, nos “vê”, que podemos passar sem tudo, excepto sem o Senhor; que Jesus nos convida a pedir, a bater à porta, a arriscar, a mexermo-nos, a mudar, a amar, a confiar n’Ele, como um filho confia no pai. Compreendemos que estamos chamados a ser imagens do Filho amado e que, se amarmos o nosso inimigo, seremos imitações de Cristo. Descobrimos que a Quaresma é um chamamento à Verdade, à Beleza, à Paz. Estamos a permitir que Deus neste tempo de Quaresma “ trabalhe no nosso coração”, afim que possamos estar prontos a viver plenamente e com alegria a Páscoa do Senhor.

Continuamos, agora, o nosso caminho juntos, com confiança, fortalecidos com a riqueza e a beleza que transmitimos uns aos outros, como diz o Padre Kentenich “aproveitando tudo para crescer no amor a Deus”.

Original: italiano. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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