Posted On 2015-05-26 In Vida em Aliança

O Pe. Esteban foi tão criança porque Deus queria que ele fosse um grande pai

ARGENTINA, Buenos Aires, Mercedes Bonorino •

“A sua morte deixou uma semente que, os que estivemos a seu lado, vamos ter que fazer germinar” disse Ricardo Lanusse. No sábado 9 de maio – no 78° aniversário do seu nascimento – uma centena de pessoas assistiram ao “Encontro com o Padre Esteban Uriburu” junto ao Santuário de Sión, en Florencio Varela. Foi mais que uma homenagem. A proposta consistiu em aprofundar o seu ideal de vida para se acenderem no seu fogo.

Reunirem-se onde descansam os seus restos mortais comove,porque ali – onde anos atrás só havia uma imensa lixeira rodeada de pobreza – o Pe. Esteban sonhou com a ermida, o centro desportivo e social para as pessoas do bairro, o Santuário, a casa para acolher as crianças enquanto os pais trabalhavam, as ferramentas para ensinar ofícios, o cemitério. Assombrosas realidades de hoje, pelas quais lutou e que conseguiu concretizar.“Alberto, não me entendem”, dizia ao seu amigo e confidente Pe. Alberto Eronti. Onde outros viam um descampado, ele já via as 5000 belíssimas árvores que mais tarde conseguiu e convidou a plantar noutro dia memorável.

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Uma vida santa que passou pelas nossas vidas

Num ensolarado dia de outono, Techi Pretel apresentou o programa, agradeceu aos organizadores e destacou os cartazes com frases e fotografias do Pe. Esteban que decoravam as paredes do salão José Engling na Tierra de Sión. Em seguida apresentou o casal Bombien, o qual partilhou as suas recordações junto ao Pe. Uriburu.

“Tive a honra e o privilégio de ser muito amigo de um grande de Schoenstatt”, disse Ricardo Bombien. Compartilhou o início de Esteban no Movimento de Schoenstatt na década de ’50: o primeiro grupo de juventude a que pertenceu até se formar em advogado e entrar no seminário. E foi quem o acompanhou para comunicar ao seu pai a sua decisão de ser sacerdote. “Compartilhei momentos inesquecíveis, de grande profundidade interior. Sou testemunha do impulso, da coragem e da alegre entrega incondicional de Esteban desde a sua juventude e ao longo de toda a sua vida sacerdotal”, exprimiu.

Bibiana Bombien, que o conheceu ainda noiva de Ricardo, recordou: “Crescemos juntos, ele como sacerdote e nós como jovem casal. Era um apaixonado da Mater. O seu olhar é testemunha do amor de Deus que havia no seu coração, para além de um entusiasmo que nos deixava paralizados. Todos tínhamos que embarcar nos seus projetos que, às vezes, nos pareciam uma loucura. Era um contemplativo. Vivia rezando. O seu Terço, a unção da sua Missa, essas Eucaristias que ninguém pode esquecer… ¡Fez-nos viver tanto o mistério eucarístico!”.

Perante o olhar emocionado de todos, Bibiana continuou: “Cativava com a sua maneira de falar. Víamos que vivia o que propunha. Não dizia nada que não estivesse pronto a realizar ou que não tivesse sido capaz de fazer. Interpelava-nos: ¿Quanto tempo passam vocês de joelhos em frente ao Santíssimo como casal? E percebemos que tínhamos que crescer na adoração para crescer na fé. São coisas quotidianas mas de uma grande profundidade; Foi uma vida santa que passou pelas nossas vidas”. IMG_6485 copia

Uma personalidade fascinante ao serviço de uma grande missão

O Padre Alberto Eronti iniciou a sua reflexão com uma oração de agradecimento ao Padre Esteban “pela herança que nos deixaste, em particular, o teu profundo e intenso amor a Cristo, a Maria, à Igreja, a Schoenstatt e ao mundo”. Recordou também uma vivência do tempo do Seminário em Münster, quando Esteban dizia: ¿Estás a ver, Alberto? Os santos decidem a vida do mundo, o futuro da Igreja. Temos que ser santos, pedir à Mãe a graça da santidade”.

O Pe. Alberto referiu-se à frase do Pe. Kentenich “Não se pode ser sacerdote hoje se não se experimentar uma intensa paixão por Deus, pelo homem e pelo mundo”. E afirmou: “Esteban era um apaixonado das três coisas. Uma personalidade fascinante ao serviço de uma grande missão. Aristocrata, cavalheiro, sonhador, nobre, idealista… e sobretudo humilde, o que o torna verdadeiramente grande. Esteban fez do seu sacerdócio a grande aventura da sua vida. Uma aventura santa”.

Recordando a sua fina religiosidade, recebida das suas avós e, muito particularmente, da sua mãe, o Pe. Alberto referiu: “Havia em Esteban uma grande profundidade espiritual que ele próprio não podia medir de todo. Schoenstatt chegou à sua vida no momento certo, e deu-lhe um nítido caminho espiritual -a Aliança de Amor com Maria- e um lugar de pertença: o Santuário. Ali experimentou em Maria a Mãe e Educadora. Encontrou no Pe. José Kentenich um modelo para conhecer e admirar. A sua intuição transformou-se em convicção: este é o meu lugar no mundo”.

Ordenado sacerdote em 1971,o Pe. Esteban Uriburu iniciou a sua tarefa sacerdotal no Chile, numa paróquia humilde. Isto permitiu-lhe conhecer a realidade da pobreza, as injustiças sociais e os problemas familiares. Ao regressar a Buenos Aires, começou o seu trabalho no Movimento. Rapidamente avisou que as estruturas são boas se forem dinâmicas e servirem a vida, mas se se endurecem, apagam e matam a vida.

O seu Ideal Pessoal foi Luz mariana da misericórdia e a vitoriosidade do Pai”. O Pe. Eronti destacou que “A luz de Maria iluminou a sua vida e desenvolveu em Esteban o anseio de ser, como Cristo, um manancial de misericórdia. Neste caminho ajudou-o enormemente a pessoa e o carisma do Padre Kentenich. Também o seu forte desejo de amplitude, de universalismo, encontraram compreensão no coração sacerdotal e paternal de José Kentenich que o batizou como o ‘Novo Cristóvão Colombo’ e o enviou aos confins, às periferias”.

E continuou a dizer: “Nele conviviam, a audácia de um temperamento apaixonado e a fragilidade de uma criança. As duas partes foram importantes para que Deus pudesse utilizá-lo como instrumento de amor nas suas mãos. As crises depressivas tornaram-no profundamente criança perante Deus. Percebeu que a fecundidade do seu entusiasmo dependia de aceitar a sua fragilidade. E isso permitiu a Deus fazer a sua obra. Esteban foi tão criança porque Deus queria que ele fosse um grande Pai. O seu caráter apaixonado levá-lo-á muitas vezes a visualizar possibilidades, projetos, sonhos que nem todos saberão ver. Quando sente que outros não veem o que para ele é claro, experimentará a solidão provocando a incompreensão”.

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Confiança e entrega heroica à Mãe e Rainha

Pelo meio-dia, todos peregrinaram até ao cemitério “Hacia el Padre” e colocaram flores no túmulo do Pe. Esteban. Ali, Ricardo Lanusse,o seu grande amigo desde a juventude, testemunhou: ”A minha relação com ele foi muito forte. Estudávamos juntos. Jogávamos os dois rugby. Num momento da minha vida fui sequestrado. Estou cá porque ele ofereceu a sua vida por mim”.

Ricardo recordou que “Esteban tinha uma profunda consciência da missão que Deus lhe tinha dado: abrir todos os caminhos possíveis a Schoenstatt. Duas atitudes que sempre o acompanharam, permitiram-lhe encontrar e abrir esses caminhos: a sua confiança e entrega heroica à Mãe e Rainha. Foi um homem de Deus a quem admirávamos e ao qual seguimos, impulsionados pelo seu carisma e a sua entrega. Ele ensinou-nos que alguém tinha que abraçar as lanças com o preço da sua vida, como Cristo. Ele fê-lo. Agora é a nossa vez”.

Um campeão da Fé Prática na Divina Providência

À tarde,o Pe. Eronti fez uma segunda reflexão sobre um tema central na espiritualidade de Schoenstatt e que o Pe. Esteban viveu profundamente: a Fé Prática na Divina Providência. Disse: “Descobrir o atuar de Deus e decidir-se a colaborar com ele fascinava o Padre Esteban. É a realidade que define a sua vida. Viveu o hoje, mas não deixava de olhar o horizonte, descobrindo a próxima jogada ‘com a mão no pulso do tempo e o ouvido no coração de Deus’ (PK)”.

Recordou que “Esteban tinha o seu modo de ‘conferir’ se o que via estava no plano de Deus: apresentar os seus projetos a outros e escutar o seu parecer. Isto levava-o a procurar aliados para os seus projetos, no céu e na terra, e a desenvolver um particular modo de oração. Rezava um bom tempo de joelhos, sentava-se e pegava no seu diário. Ali escrevia o que ia conversando com Deus. Para ele, orar era escrever sobre o Deus da vida, da sua vida, a de Schoenstatt, da Igreja, do país, do mundo. Isto tornava-o “naturalmente sobrenatural”. A sua Fé Prática na Divina Providência fazia-o ver tudo a partir de Deus e a Deus em tudo. Deus era para ele um Deus em ação. Um Deus que atua amando e ama atuando”. Falando ao seu irmão de curso, o Pe. Alberto concluiu: “Esteban, creio que percorreste um caminho de santidade. Foste grande”. IMG_6499 copia

Invadir tudo com o fogo do Senhor

Foi missão do Padre Uriburu -junto de amigos chegados e colaboradores- a tarefa de descobrir a grandeza e importância de João Luiz Pozzobon e difundir a sua obra internacionalmente. Foi o S. Paulo da Campanha e amou-a profundamente. Cheio de ardor missionário, o Pe. Esteban dizia profeticamente en 1984: “Estou convencido que o fogo que se acendeu em Santa Maria e que João Pozzobon manteve aceso, vai provocar um grande incêndio no mundo. Creio que a Virgem está a preparar uma grande invasão. Há que invadir os corações, as famílias, os meios de comunicação, as estruturas, invadir tudo com o fogo do Senhor. Dia a dia, na meditação do Rosário, queremos incendiar-nos, reincendiar-nos nessa chama de amor que é o coração de Cristo, o coração de Maria. Que o Rosário nos ajude a manter sempre aceso esse fogo”.

Neste espírito e no final da Eucaristia celebrada no Santuário, acenderam-se pequenas velas – também as de muitos que de longe quiseram unir-se – e todos renovaram a Aliança de Amor. Pediram à Virgem que a tocha do Padre Esteban Uriburu continue a espalhar o fogo de Cristo que viveu nele e que muitos possam seguir as pegadas deste filho fiel do Padre José Kentenich.

Vídeo

Fotos

21 de mayo de 2015

Fotos: Osvaldo Martín. Vídeo: Filmagem: Osvaldo Martín; Produção: Claudia Echenique

Original: Espanhol-Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

 

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