Posted On 2016-06-24 In obras de misericórdia, Projetos

Um sonho cumprido: a bênção da casa de meu amigo Ângelo em Luque – e eu estive presente

PARAGUAI, por Maria Fischer •

“Abençoai, Senhor, esta casa e enche-a de teus bens terrenos. Afaste de teus servos toda circunstância adversa…” Tantas vezes escutei isto na bênção das casas de familiares e amigos. Nunca me atingiu tão profundamente como desta manhã de sol do dia 5 de maio, na periferia de Luque, na bênção da humilde casa de meu amigo Ângelo (nome alterado), de 18 anos. Uma casa de um só cômodo e uma pequena cozinha para esta família de quatro pessoas que, em situações bastante adversas, lutam para seguir adiante.

A casa é o lugar em que historicamente se desenvolvem as atividades e relações específicas da vida social ou familiar, desde o nascimento até a morte de muitos de seus membros. Serve de refúgio contra a chuva, o vento e demais agentes meteorológicos, e protege de possíveis intrusos (humanos ou animais). Além disso, é o lugar onde se guarda os equipamentos e pertences de seus habitantes, segundo a Wikipédia. Esta casa é muito mais. É o fruto de um trabalho árduo de um ano de compromisso, de entrega, de sonhos para uma vida digna. É uma promessa de uma vida renovada. No ano passado pude ver os primeiros tijolos. Nesta visita, o santuário Lar mais humilde e mais lindo que vi em toda minha vida. Um Santuário Lar feito com um adesivo de Nossa Senhora de Tuparendá que o Padre Pedro presenteava aos jovens na cadeia de menores de Itaguá e que Ângelo levava para sua humilde casa de chapa metálica, paus e plástico onde vive sua família e onde passava sua prisão domiciliar.

Lembro desta visita junto com o Padre Pedro, quando Ângelo nos contou toda sua história de vida, o que o levou à cadeia de menores, e como esta confissão abençoada mudou o rumo de sua vida, como agora deseja poder voltar a ir para a escola, ser coroinha na Missa Jovem em Tuparendá, poder construir uma casa mais digna e seguir adiante para, algum dia, formar uma família sem o perigo de que seus filhos terminem na mesma situação adversa que o levou a roubar para sobreviver na rua…

Cumpri com mina promessa e rezei por Ângelo e seus sonhos, rezei por um amigo…

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De todas as semanas do ano, justo esta primeira semana de maio, semana de minha visita ao Paraguai

E agora estou em Tuparendá em um encontro com a liga de homens e o Padre Pedro Kühlcke entra para me avisar a data da visita à cadeia de menores e acrescenta: “Quinta-feira temos que abençoar uma casa. A casa de teu amigo Ângelo”. Justo no domingo anterior, Ângelo esteve na missa em Tuparendá (obrigada, Deus, ele pode voltar a ser coroinha mesmo que ainda não esteja em liberdade) e pediu ao Padre Pedro que fosse abençoar a sua casa. “E lhe prometeu levar também a sua amiga Maria da Alemanha. ” É incrível. De todas as semanas deste ano de 2016, a bênção da casa cair justamente nesta semana da minha visita ao Paraguai… Obrigada, Deus, por cumprir um sonho meu que nem cheguei a te pedir…

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É a casa da MTA

Na véspera da visita, o Padre Pedro me pediu que eu levasse um quadro da Mãe para a bênção da casa. Com Susana S., que me levou ao ponto de encontro com o Padre Pedro para ir à casa de Ângelo, buscamos um quadro na lojinha do Santuário Jovem e escolhemos também um pequeno símbolo do Espirito Santo – e na minha bolsa levei também uma caixa com chocolates saborosos da Alemanha, “chocolates de festa”, pensei.

É um abraço que parece não terminar… O reencontro com Ângelo, depois de um ano e um mês, é uma festa, o tempo que passou entre a conversa com tererê do ano passado e este momento, desaparece.

Se ao menos podemos salvar um jovem com tudo o que fazemos através da pastoral carcerária, já vela a pena. Lembro desta frase compartilhada entre os comprometidos com a pastoral carcerária do Padre Pedro e a Casa Mãe de Tuparendá, que já tem teto, e a partir de junho pode acolher a 20 jovens ingressantes na cadeia de menores. Os olhos de Ângelo brilham de alegria, seu rosto radiante parece nos dizer: conseguiremos.

Entregamos o quadro da MTA, e não sei se brilhava mais a cara da mãe do Ângelo ou a dele… buscamos juntos o lugar, e além da bênção da casa se abençoou o quadro e contamos com um Santuário Lar a mais, um Santuário Lar da Esperança, Solidariedade e Amizade real com os pobres.

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É a casa de um amigo

Celebramos a festa visitando a casa nova e a humilde casa onde serviram tererê, sanduiches, refrigerante e pizza para todos. Compartilhamos a comida entre família, amigos, conversando… Ângelo compartilha com alegria que a partir de julho pode seguir com seus estudos. Tem muita vontade de seguir adiante – e tem a capacidade de ser um grande empresário.

Ajudou o Padre Pedro a encontrar a casa de outro jovem em prisão domiciliária, e o Padre prometeu buscar pregos especiais para pregar as chapas de metal para que sua humilde casa não seja levada pelo vento e a chuva.

Conversamos sobre a missa para jovens no próximo domingo em Tuparendá e convidamos Ângelo a participar, que aceitou com alegria.

Saímos com o sentimento de sair da casa de um amigo, e desta vez prometo a Ângelo não só mina oração, como também minha visita no ano que vem.

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O guardião da casa da MTA

Nos despedimos, não por todo o ano, pois iríamos nos encontrar já no domingo seguinte. Este domingo foi um dia de muita chuva, e meu último dia em Tuparendá. Antes da missa das 11:00 esperei, esperei, e Ângelo não chegou. Realmente o caminho era longo e tinha muita chuva.

Dez minutos depois do início da missa aparece Ângelo, com a língua de fora e sem fôlego. “Tive que pegar quatro ônibus para chegar e um não veio, tive que caminhar… e agora já não posso estar no altar, vestido todo de branco…” Não se animou a ir na sacristia para se unir mesmo assim na celebração. Rezamos, cantamos juntos, e depois da missa esperamos o Padre Pedro juntos.

Nós dois falamos: que obra abençoada a do Padre Pedro!

No momento da despedida ficamos sabendo que Ângelo precisava estar em alguns minutos na delegacia para fazer a limpeza, parte de suas condições em liberdade condicional. O Padre Pedro pede para Bernardino Portillo, responsável pelos guardiões do Santuário e meu “taxista” até Assunção, se poderia fazer um desvio por Luque e levar nosso amigo até a parada do último ônibus para chegar a tempo.

Bernardino aceita e, na viagem a Luque, Ângelo e Bernardino conversaram sem parar de seu grande amor em comum: Tuparendá! Bernardino convidou Ângelo para ser guardião do Santuário e para trazer outros de seus amigos para esta nobre tarefa…e em mais um destes vínculos solidários, o jovem presidiário que ofereceu a casa de sua vida e a de sua família à Mãe de Deus, se converte em guardião da Casa da MTA.

Obrigada, Bernardino! Obrigada Ângelo! Obrigada MTA…

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Uso previsto: P. Pedro Kühlcke – Pastoral Carcelaria

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Fotos: Susana Stanley, Maria Fischer

Original: espanhol. Tradução: Isabel Schmid Lombardi, Guarapuava, Brasil

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