Posted On 2016-06-17 In obras de misericórdia, Projetos

“Estive na cadeia e vieram me ver”… um sábado atrás do outro e por muito tempo

PARAGUAI, por Maria Fischer •

“O artigo que está no site schoenstatt.org sobre sua visita na cadeia de menores me levou à Pastoral Carcerária”, comentou-me uma jovem integrante do Ramo das Mães que há muito tempo já sabe o que fazer aos sábados à tarde: Visitação de Maria, visita aos jovens da cadeia de menores em Itaguá, a maior do Paraguai com 220 detentos entre 14 e 18 anos. “O fato desta visita me comoveu tanto. ” “Eu também”, penso, apesar de só poder visitar a estes jovens uma vez por ano, e no dia 7 de maio pela primeira vez acompanhando o P. Pedro Kühlcke e alguns integrantes da Pastoral Carcerária para a catequese e lanche. Aqui, neste lugar do primeiro tererê da minha vida, de abraços fortes, um nó na garganta, a doação espontânea de todo o dinheiro no meu bolso (tão pouto para tanta necessidade) e uma dor profunda olhando nos rostos das crianças (sim, são crianças), todos provenientes da classe baixa que nunca tiveram uma verdadeira opção de viver uma vida como a minha e a de todas as crianças ao meu redor.

Passamos pela segurança, entregamos passaportes, anéis e relógio, entramos na cadeia. Levamos pacotes de bolachas e achocolatado desde o carro até a porta onde já nos esperavam alguns jovens, prontos para ajudar com o transporte da comida esperada desde este lugar até a sala de uso diversos, que funciona como capela, e onde a Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt quis estabelecer sua morada entre seus filhos mais vulneráveis e esquecidos.

Com flores para Maria

“Vem e vamos todos com flores a porfia, com flores para Maria, que é nossa Mãe, com flores para Maria, que é nossa Mãe…”

Quando entro na sala de usos diversos, na capela, vejo uma estátua da Virgem de Caacupé no altar, em seus braços um buquê de flores. Estou sozinha com um jovem de talvez 15 anos, um pouco tímido e que não me responde quando lhe digo: “Que alegre deve estar Nossa Senhora com esta flor que lhe deram, assim como sempre faz o Papa Francisco antes de sair para suas viagens e voltar…” O jovem me olha, olha a Virgem, o buquê e tira-o dali e corre lá para fora… Sigo e vejo o buquê de flores jogado no chão. Por quê? Disse algo ruim? Passam uns cinco minutos, e o jovem volta com um buquê. “O outro estava seco”, disse. “Deve ser uma flor linda. ” Timidamente, põe o buquê de flores aos pés de Nossa Senhora. “Coloque nas mãos dela”, digo, “ela está muito feliz agora com seu presente. Os presentes se coloca nas mãos…” O menino me olhou com um olhar tão assombrado como emotivo… juntos colocamos a flor nas mãos de Maria e sorrimos. É o mês de Maria, é maio, vamos com as flores para Maria… São as “flores de maio”, as mais lindas que jamais presenteei à Mãe.

Estamos de volta, você e eu

“Aqui estamos de volta, você e eu”, saúda-me um jovem. Um abraço forte. “Que bom que me visita de novo, tia Maria”. Sim, nos conhecemos, ele estava no ano passado, saiu e está de volta há algumas semanas. Não sabia onde ficar, como sobreviver sem roubar. Aqui estamos de volta, ele e eu.

Alberto (nome alterado) se aproxima. “Tenho uma foto minha com você”, disse. Ele se lembrava muito bem de minha primeira visita.
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Visita 2015

O P. Pedro saúda o primeiro grupo, me apresenta, e pergunta quem ainda se lembra da visita do ano passado. São muitos, e mais. De manhã celebramos que a Casa de Tuparendá já tem cobertura. Logo terminará a obra, logo teremos um lar para 20 jovens que saem para a tão sonhada liberdade, com a única meta de que não voltem a esta cadeia.

Enquanto o P. Pedro ficava para fora para os que quisessem se confessar ou conversar (no final dá na mesma), lemos o Evangelho do dia. Há uma catequese simples que destaca que Deus ama a cada um, nos ama e perdoa. Os que queriam se inscrever para o batismo, podiam se inscrever com um membro da Pastoral. Rezamos junto o Pai Nosso e demos tempo para os pedidos dos jovens: pela liberdade, por suas famílias, pelo companheiro que morreu semana passada…

O sonhado lanche da tarde.

Depois de repartir a comida, servidos por dois jovens da cadeia, começa o sonhado café da tarde para os jovens que não morrem de fome, mas que sempre têm fome. “Até agora nunca faltou nada para levar algo para cada um”, comenta Ismelda Vázquez, “mesmo que às vezes até o último momento não temos dinheiro para comprar algo para todos, então eu ajudo…” disse. Sei quanto é, o lanche do próximo sábado é minha contribuição para esta tarefa apostólica tão importante. Com uns cem dólares é possível fazer um lanche para estes 180, 200, 220 jovens. “Não podemos desiludir-lhes… Eles só têm a nós. ” Mãe de Tuparendá, Rainha do pão, dos croissants, chipas e refrigerantes, mostra-te admirável…

 

Visita na cadeia, com celebração do aniversário do Padre Pedro

Visitas e mais visitas

“Estive na cadeia e vieram me ver”. O Padre Pedro e um de seus colaboradores não vão só na cadeia, também visitam aqueles que estão em prisão domiciliar, divididos pelos assentamentos e lugares no meio do nada, ao redor de Luque, de Assunção, de Itaguá…

Visitam para dar aproximação, bênção, comida e sapatos, pregos para reforçar o telhado de chapa e orações para fortalecer o novo caminho de vida.

“Você volta? ”, perguntam-me. “Volto para te ver no ano que vem”, prometo à um de meus amigos da cadeia, apesar de na verdade não querer vê-lo ainda na cadeia, mas sim em liberdade, talvez aprendendo uma profissão na Casa Mãe de Tuparendá…

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Visita

Quero ayudar…

Um lanche– 100 Euro/US$. Para um jovem: 0,60 Euro/US$. Você pode ser parte da alegria…

Conta bancária no Paraguai

Banco GNB
Cta Nro. 001-065259-003
Congregación Padres de Schoenstatt

Conta bancária na Europa

Schönstatt-Patres International e. V.
IBAN DE91 4006 0265 0003 1616 26
BIC/SWIFT GENODEM1DKM
Uso previsto: P. Pedro Kühlcke – Pastoral Carcelaria

Doações via Paypa


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Original: Espanhol. Tradução: Isabel Schmid Lombardi, Guarapuava, Brasil

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