P. Esteban Uriburu

Posted On 2022-05-17 In Campanha

Padre Esteban Uriburu: sonhos loucos mas que, se transformaram em “realidades santas”

ARGENTINA, Mercedes C. de Bonorino / www.schoenstatt.org.ar

O meu marido, Fernando e eu conhecemos o Padre Esteban em 1976. Desde o primeiro momento, a sua atitude transparente de total dedicação a Deus despertou em nós a certeza de que, ao ajudá-lo, estávamos a ajudar Deus e Nossa Senhora. E nós seguimo-lo… —

Acredito que temos nele um modelo perfeito de um condutor da vida divina nas almas. Contagiava a Fé Prática. Falava-nos dos sinais que ia descobrindo. Colocava-os em oração, dialogava com os seus irmãos sacerdotes e com aqueles de nós que com ele trabalhavam, a fim de descobrir a vontade de Deus. Quando tinha a certeza de que Deus queria algo, era imparável.

Não havia nele planos pré-concebidos

Ele não tinha planos pré-concebidos. Não estava à procura de colaboradores para um projecto seu. Ele procurava e descobria a centelha divina nas almas. Foi assim que, quando Monica Ottolenghise o abordou entusiasticamente na sua primeira conferência no Socorro, aceitou imediatamente ir a sua casa, vendo nela o sinal que tinha pedido a Deus para semear Schoenstatt em Buenos Aires. Daí nasceram, o primeiro grupo de casais que ele fundou e vários outros.

Um desses casais, Oscar e Fernanda Alvarado, ofereceu-lhe a sua casa desde o primeiro momento. O Padre era então capelão em Varela e muitas noites teve de ficar até tarde em Buenos Aires para as reuniões de casais e dormia na poltrona dos Alvarado apenas algumas horas, para chegar a Varela a tempo de celebrar a Missa às primeiras horas da manhã.

Mas esta generosa dedicação em seguir os planos da Providência não foi desapontada. Nesses fugazes encontros com os Alvarado ao regressarem das reuniões, nasceu o Santuário Confidentia. Depois Sion, o Centro dos Peregrinos, a Casa del Niño, a Oficina de S. José. Todas as obras nascidas de um salto da fé pela mão de Maria, que para muitos pareciam sonhos loucos, mas que se tornaram “realidades santas” porque tinham emergido da escuta e do seguimento da vontade de Deus.

Vozes da alma ou: “Cada pessoa é, para mim, como uma pequena ‘revelação’ de Deus”

O Padre Esteban não perdia nenhuma das pistas que Deus lhe dava: “Cada pessoa”, dizia ele, “é, para mim, como uma pequena ‘revelação’ de Deus”. E tratou todos com profundo respeito, encorajando e realçando os seus dons, compreendendo a dignidade de cada filho de Deus.

Quando Raquel Saenz Valiente lhe disse que queria fazer algo com os doentes, ele apenas disse: “Vou dar-lhe uma bênção”. Ele não sugeriu nada. Esperou respeitosamente que a graça operasse. E depois de lhe ter dado várias bênçãos para que Deus lhe pudesse mostrar a sua missão, as Voluntárias de Maria nasceram no coração da Raquel. Acompanhou-a, aconselhou-a, apoiou-a. Fê-lo sempre até ver nela uma nova líder, firme e madura. Então lançava-se para novos horizontes.

Estas histórias mostram o próprio cerne do seu carisma de Fé Prática na Divina Providência: uma dedicação tão profunda que não havia nele planos humanos próprios.

Tal como os cães de caça vão em busca da presa, ele farejava os planos de Deus até os encontrar e trabalhava incansavelmente e sem medo – mesmo perante as maiores dificuldades – até que aquilo que ele via como obra de Deus fosse feito. Assim foi com a Campanha.

31. 3. 1984, peregrinos llevando Pereg Orig y las 25 imagenes al Santuario con Don joao

31/3/1984, peregrinos levando a Peregrina Original e as 25 Peregrinas para o Santuário com João Pozzobon

Acompanhar a vida que estava a começar a emergir

O Padre Esteban ficou muito impressionado com o entusiasmo de Ana e Guillermo Echevarria em contagiar outros com o zelo de rezar e viver o Terço – como forma de ensinar a viver a Aliança – que tinham descoberto numa palestra dada pelo Padre Kentenich. Durante mais de dois anos, o Padre Esteban ouviu-os sempre com atenção. Certamente em oração ele estava a pedir algum sinal do que Deus queria deles.

Sempre que, nas suas viagens, encontrava palavras do Padre Kentenich sobre o Terço, trazia-as consigo como um tesouro. Em 1982, em Santa Maria, encontrou algumas palavras do Padre Kentenich apelando a um movimento popular do Terço e da Adoração, o que teve um forte impacto sobre ele. Nesse Verão, escreveu uma carta a Ana e Guillermo, convidando-os a iniciar, a partir do Santuário, um movimento do Terço entre os jovens. Eles aceitaram e quando lhe perguntaram como fazê-lo, ele apenas lhes deu uma pequena imagem da Mãe e disse-lhes: “Rezem-Lhe, para que Ela vos possa ir guiando“. Colocaram-se nas mãos de Maria, coroaram-na Rainha do Rosário e rezaram-lhe. E a Mãe guiou-os.

O Padre Esteban continuou a acompanhá-los e a aconselhá-los durante esse ano nas Jornadas com os jovens. E quando no final de 1983 a Ana e o Guillermo tiveram a inspiração de escrever a João Pozzobon pedindo 25 imagens para levar o Movimento do Rosário a toda a América, o Padre Esteban estava lá para acompanhar a vida que estava a começar a emergir. Ele quis acompanhá-los nessa primeira viagem a Santa Maria e, sempre atento às insinuações de Deus, descobriu todo o mundo de Schoenstatt tornado vivo em João Pozzobon.

Viu nele esse modelo privilegiado que a Mãe tinha forjado durante 30 anos, e lançou-se a torná-lo conhecido sem medir obstáculos, com toda a sua força, porque encontrou na pessoa de João Pozzobon e na Pastoral moderna da sua Campanha a forma como Deus lhe mostrou para realizar o maior desejo do seu coração: abrir caminhos para Schoenstatt em todo o mundo e projectá-lo universalmente para a Igreja.

Nesse mesmo ano, a 12 de Dezembro de 1984, o Padre Esteban convidou-nos e também à Ana e ao Guillermo a consagrarmo-nos com ele à Campanha, e no final da oração, dando um passo em frente, ofereceu a sua vida pela missão de irradiar a Campanha do Rosário de João Pozzobon e a sua mensagem a todo o mundo.

Devemos invadir tudo com o fogo do Senhor

Hoje queremos fazer presente aqui o Padre Esteban através das palavras que pronunciou, precisamente em Florencio Varela, em 1984, quando coroou a primeira Peregrina Internacional que João Pozzobon tinha acabado de dar à Ana e ao Guillermo em Santa Maria, na semana anterior, como Rainha do Rosário e da Adoração.

Peçamos aqui hoje a graça de que as suas palavras possam ser guardadas nos nossos corações como um legado, como um apelo à missão.

” Estou convencido que a chama, o fogo que foi aceso em Santa Maria e que João Pozzobon manteve aceso durante trinta e quatro anos, vai para o mundo inteiro, vai iniciar um grande incêndio no mundo.

Devemos invadir corações, devemos invadir famílias, devemos invadir os meios de comunicação, devemos invadir estruturas, devemos invadir tudo, com o fogo do Senhor. Este é o fogo que irá salvar o mundo.

E nós – acrescentou o Padre Esteban – gostaríamos, dia após dia, na recitação diária do Terço, de nos iluminarmos, de nos reacendermos naquela chama de amor que é o Coração de Cristo, naquela imensa chama de amor que é o Imaculado Coração de Maria, para que Cristo viva em nós, para que o Seu espírito esteja em nós e para que o Rosário nos ajude a manter esse fogo sempre aceso”. (Pe. E. Uriburu 30/6/1984)

1985, em Schoenstatt

Original: espanhol (15/5/2022). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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