PARAGUAI, Campanha de Bebés em risco de vida, Sol Mendieta •
Em Março passado o meu marido e eu soubemos que estava grávida, de novo, visto que já temos um filho com 2 anos. Em Abril e, para nossa imensa surpresa, porque nas nossas famílias não há antecedentes de gravidezes múltiplas, confirmaram-nos que eram gémeas.
Uma gravidez complicada
Em Maio prescreveram-me repouso devido a umas complicações e, como as meninas deviam nascer em finais de Outubro e faltava tanto, tinha que estar o mais tranquila possível. Por essa altura, comecei a aproximar-me mais de Deus, de Nossa Senhora da Doce Espera. Uma amiga trouxe-me a Mater da Serenidade. Encomendei-Lhe as minhas filhas, o meu corpo, para que tudo estivesse bem e corresse segundo os planos de Deus. Sempre prometi aceitar a Sua vontade.
Finalmente, em 2 de Agosto tive que ser internada no hospital com medicação endovenosa para evitar, na medida do possível, um parto prematuro. Até essa altura as meninas estavam bem, a crescer como correspondia e todos os seus valores estavam perfeitos mas, na manhã de 26 de Agosto tive um desprendimento da placenta e tiraram urgentemente as gémeas porque do contrário corríamos perigo as três.
Um anjo acompanha a sua irmã
Sofia Maria e Victória Maria nasceram com 28 semanas de gestação (6 meses) e com um peso de 1,160 kg e de 1,100 kg respectivamente. O prognóstico era reservado em virtude de ter sido um parto prematuro. Agora, era preciso estabilizá-las, pô-las com respiração assistida, administrar-lhes medicamentos para que os pulmões amadurecessem, dar-lhes alimentação intravenosa e, em resumo, tudo o que implica tratar de fazer crescer uma vida fora do ventre materno. Desde essa altura, pedi a Deus e a Nossa Senhora que cuidassem delas e que se fizesse a vontade de Deus, que fosse o melhor para elas.
No dia a seguir ao nascimento, baptizámos-las na Unidade de Cuidados Intensivos e, no quinto dia a Victória sofreu uma hemorragia cerebral maciça e regressou ao Céu para ao pé de Deus. Com o coração destroçado, percebi que foi um anjinho que veio a este mundo para acompanhar a irmã mas que, a vontade de Deus não era que ficasse aqui.
A Mãe Peregrina acompanha os bebés nos cuidados intensivos
No dia a seguir, recebi uma mensagem de uma pessoa que eu não conhecia, Sady Fleitas, da Campanha do Terço de Nossa Senhora das Crianças em Risco de Vida que me disse que, trazia a Mãe Peregrina, a Peregrinazinha e que muitas pessoas estavam a rezar pela Sofi. Surpreendeu-me o facto de esta pessoa, saber de mim e da minha filha, e me escrevia com as palavras certas que eu precisava que Nossa Senhora me dissesse.
Numas horas, Lourdes Almirón, enviada pela Sady trouxe-me a Peregrinazinha e com muito amor contou-me a sua história. Senti que Nossa Senhora vinha para nos acompanhar, à minha bebé e a mim, nestes momentos tão duros.
Pusemos a Peregrinazinha num móvel ao lado da incubadora da Sofi e demos-Lhe as boas-vindas, toda a equipa médica incluída, para que curasse todos os bebés da Unidade de Cuidados Intensivos.
Sofia luta dia-a-dia
O caminho tornou-se longo, a Sofi fez uma operação, vários aumentos e perdas de peso e entrou e saiu da respiração assistida várias vezes. Mas, o dia em que eu senti Deus e Nossa Senhora ao meu lado foi quando soubemos que deu positivo para a fibrose quística.
Ninguém nos prepara para uma bebé prematura mas, para o que, de verdade, é impossível preparar-se é para receber um diagnóstico de uma doença tão dura como a fibrose quística. O mundo caiu-nos em cima e a Sofi estava mal, muito mal.
O dia seguinte, foi o mais difícil da minha vida. Rezei pedindo a Deus que a levasse para que não sofresse. Chorei, senti que a minha alma se desgarrava mas, não podia vê-la assim, especialmente, sabendo da sua doença. Nada havia que nos desse esperança que iríamos sair adiante.
Na confiança divina
Mas, Deus e Nossa Senhora demonstraram-nos que, muitas vezes, não entendemos os Seus planos e a Sua vontade. Sofi começou a melhorar. Cada vez que íamos vê-la os monitores mostravam melhores valores, o seu coração era de ferro.
Durante a semana recebemos umas análises que nos confirmaram o bom estado do seu intestino, pelo que se descartou a possibilidade de outra doença e foi possível operá-la de novo. Passaram os dias e foi melhorando dentro do seu quadro. Ontem à noite, decidiu sozinha tirar o oxigénio e está a respirar muito bem!
Sei que o caminho é muito incerto. Sofi está há 45 dias em terapia e só pesa 1,310 kg. Pela sua doença, será um desafio que aumente de peso mas, ela mostrou-nos quão forte é e, a vontade de viver que tem.
Estou certa que Nossa Senhora me está a dar essa força de mãe que, Ela viveu de modo exemplar e que Deus, pouco a pouco, nos está a mostrar o caminho.
Confio em Teu poder e em Tua bondade,
em Ti confio com filialidade.
Confio cegamente em toda a situação,
Mãe no Teu Filho e em Tua proteção. Ámen
21.10.2018:
A minha Sofiazinha já é um anjinho e está de regresso à Casa do papá Deus e de Maria. Já está com a sua irmãzinha Vicky. Por mais que sinta o meu coração despedaçado para sempre, estou feliz porque está nesse lugar pelo qual todos ansiamos! Peço a Deus poder algum dia estar com elas, de novo, gozando de tanto amor e paz. Agradeço-te, do fundo do meu coração e da minha alma, tudo o que me ajudaste e rezaste por ela neste processo. Por favor, torna extensiva. ao grupo, esta mensagem! Espero poder conhecer-vos rapidamente.
Original: espanhol (17/10/2018). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal