Alepo

Posted On 2023-02-12 In Aliança solidária

Com 5 graus abaixo de zero e sem água, o povo sírio dá graças a Deus

SÍRIA/ARGENTINA, através de Aica.org •

O padre argentino Enrique González, missionário em Alepo há mais de três anos, falou à AICA (e ao La Nación) sobre “as dificuldades e as forças” do povo sírio atingido pelo feroz terramoto. —

“Tratando de ajudar, de minorar a situação às pessoas que nos rodeiam, levando água, comida, agasalhos, dando refúgio e acolhimento aos que deixaram as suas casas”, assim está a viver o padre Enrique González, missionário da Congregação do Verbo Encarnado (IVE) em Aleppo, uma das cidades mais afectadas pelo terramoto que atingiu o sul da Turquia e o norte da Síria na segunda-feira, 6 de Fevereiro, causando a morte de milhares de pessoas e mais milhares de feridos.

Aleppo: atingido pela guerra e pelo terramoto

P. Enrique González

Pe. Enrique González

Uma situação que o Padre González define como “caos”, somada aos males que o país tem vindo a arrastar desde 2011, quando começou uma guerra que dividiu o país e ainda não foi resolvida, “mais a crise económica, agravada pelo bloqueio económico internacional, depois a Covid, a cólera e agora o terramoto” a que se junta, neste momento, um Inverno rigoroso. “Hoje, por exemplo, a temperatura estava 5 graus abaixo de zero”, disse o Padre Enrique à AICA numa conversa telefónica.

O Padre Enrique González, 49 anos, de San Rafael, missionário em Alepo durante três anos e meio e no Médio Oriente desde 2001, por isso fala árabe perfeitamente, disse que a Congregação do Verbo Encarnado tem dois sacerdotes em Alepo, um é ele e o outro viajou nestes dias para a Argentina para visitar a sua mãe idosa que estava com problemas de saúde. Além disso, existe um grupo de Servidores religiosos do Senhor e de Nossa Senhora de Matara, ambas as congregações fazem parte da mesma família religiosa argentina.

Estamos a dar uma mão”, continuou o padre argentino em Alepo, “nos dois lugares onde trabalhamos: um é uma residência universitária, onde vivemos, no bispado, que graças a Deus não sofreu qualquer dano e que nos deu a possibilidade de receber refugiados do terramoto.

A outra casa que servem encontra-se num bairro muito pobre em Alepo, Midan. Ali”, explicou o Padre González, “a maioria das pessoas teve de abandonar as suas casas e muitas delas foram para as suas aldeias no sul da Síria, onde não há qualquer efeito do terramoto, e outras ficaram nas ruas, a quem estamos a tentar dar abrigo e ajuda” e explicou que “igrejas, mesquitas e lugares abertos” foram disponibilizados para fornecer abrigo.

O Padre Enrique disse à AICA que “continuamos a visitar pessoas que não puderam sair das suas casas, especialmente idosos, deficientes e inválidos, e estamos a trazer-lhes água e as coisas mais necessárias”, tendo em conta que o abastecimento de água, electricidade e gás também foi cortado.

Alepo, obispado

As pessoas afectadas pelo terramoto recebem ajuda na sede do Episcopado

No meio do caos, dá-se Graças a Deus

O missionário argentino disse que “a situação é muito complicada, há muito medo. Há uma verdadeira sensação de pânico porque a cada repetição do tremor, há um edifício que cai, uma fachada de edifício que se desfaz, fendas nos pisos, e o medo do que possa acontecer.

Por outro lado, o testemunho do padre Enrique foi comovente: “No meio deste caos”, ele disse que “o que se vê no povo é muita força” e eles dão graças a Deus apesar de tudo: “Deus permitiu-nos sobreviver a isto e também superá-lo”, é assim que eles vivem, salientou o padre: “Eles agradecem a Deus pelo que têm, que estão vivos, que as suas famílias estão completas, que estão inteiras. Estão também gratos porque poucos membros da comunidade cristã imediata foram poucos os que sofreram danos físicos.

Mas certamente, todos estão unidos na tristeza pelos milhares de mortos no país. Os números”, reconheceu o padre, “ainda não são conhecidos exactamente”, concluiu ele.

O número de mortos do terramoto de segunda-feira de 7,8 de magnitude na Turquia e na Síria é superior a 20.000 pessoas e o número de feridos subiu para 60.000, de acordo com um novo número libertado hoje, uma vez que as equipas de salvamento continuaram a procurar sobreviventes no meio do frio e da devastação.

Na Turquia, onde sete dias de luto e um estado de emergência de três meses foram declarados nas províncias mais atingidas, o número de mortos atingiu 20.930 pessoas, informaram as autoridades.

Na Síria, um país devastado por mais de uma década de guerra civil, o número de mortos aumentou para mais de 3.500, de acordo com o governo de Damasco e equipas de protecção civil em zonas rebeldes.

O chefe da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que o tempo estava a esgotar-se para os milhares de feridos e desaparecidos nos escombros.

A Mãe Peregrina em Alepo

Lembram-se? A 27 de Junho de 2016, convidada pelo Sanatório Mater Dei, a Irmã Guadalupe Rodrigo, missionária da Família Religiosa do Verbo Encarnado, deu um testemunho dos cristãos perseguidos no Médio Oriente. Nessa ocasião, foram-lhe dadas quatro imagens da Mãe Peregrina de Schoenstatt que seriam destinadas à Síria e ao Iraque. Uma das MTAs Peregrina chegou a Aleppo. Não sei onde ela está agora – seja debaixo de escombros ou nas mãos de sobreviventes. Mas sabemos que Ela está lá. Ao lado das nossas orações.

La Virgen Peregrina en Alepo

A Mãe Peregrina em Aleppo. Foto de arquivo

 

Artigo de Elisabetta Piqué no La Nación

 

Original: castelhano (11/2/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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