bebés en riesgo de vida

Posted On 2022-12-05 In Campanha, Schoenstatt em saída

“A Campanhazinha”, uma missão para os bebés com a vida em risco

ARGENTINA, Mónica Pared •

Um grupo de pessoas empreendeu a nobre tarefa de ir em missão com Nossa Senhora de Schoenstatt para Lhe confiar bebés prematuros para uma rápida recuperação. —

O 17 de Novembro foi o Dia Mundial da Criança Prematura, uma data que pretende salientar o elevado risco de mortalidade de trazer ao mundo bebés prematuros. Todos os anos 15 milhões de bebés nascem prematuramente em todo o mundo: os mais vulneráveis são os nascidos antes das 28 semanas e são considerados prematuros extremos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prematuridade é a principal causa de morte em crianças com menos de cinco anos, e causou quase um milhão de mortes em 2013. O objectivo é prevenir mas também ajudar as crianças e as suas famílias a ultrapassarem com sucesso esta circunstância. Neste contexto, passar por este processo envolve um tempo de angústia e incerteza para as mães e famílias deste bebé que luta para viver, e é aqui que entra em jogo o plano espiritual, a fé, a oração e a súplica para encontrar o milagre da vida.

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A Campanhazinha

CorrientesAssim, em Corrientes, um grupo de missionários realiza a “Campanha para bebés e crianças com a vida em risco“, mais conhecida como “A Campanhazinha”, que é uma missão de oração e acompanhamento para estas famílias com a imagem de Nossa Senhora de Schoenstatt, Padroeira dos bebés prematuros, que os visita e permanece com eles como apoio espiritual.

Débora Gago Pérez é a coordenadora desta modalidade e falou com o jornal “Época” para contar do que se trata. “Tenho 47 anos de idade, sou casada e mãe de quatro filhos. Juntamente com o meu marido temos um negócio em que trabalhamos juntos”, disse ela sobre a sua vida. “Pertencemos à Obra Familiar do Movimento Apostólico de Schoenstatt e um dos nossos apostolados é a missão na ‘Campanha para bebés e crianças com a vida em risco’, uma modalidade que pertence à ‘Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt'”, disse ela.

Debora comentou: “O fundador do Movimento de Schoenstatt, Padre José Kentenich, nasceu em Gymnich, Alemanha, a 16 de Novembro de 1885; filho de Katharina Kentenich, pertenciam a uma casa de trabalhadores muito humildes. A sua mãe solteira, necessitada de trabalho, foi forçada a deixar o José de 8 anos num orfanato. Nesse dia, Katharina foi diante de uma imagem da Virgem Maria na casa das crianças e consagrou o seu filho José ao Imaculado Coração de Maria, pediu-Lhe para cuidar dele e protegê-lo, para ser Sua mãe; e ofereceu-Lhe o seu único bem valioso, uma pequena medalha, uma lembrança da sua primeira comunhão.

Sobre a origem do apostolado que coordena, Débora disse: “La Campañita (A Campanhazinha) nasceu em Corrientes e a sua fundadora é a Sra. Martha Liotti, missionária da Campanha da Mãe Peregrina e membro da Liga Apostólica das Mães. Em Setembro de 1996, o seu primeiro neto, Patricio Andrés, nasceu com 32 semanas de gestação, com muito poucas hipóteses de sobrevivência. Vendo a angústia e a dor da sua nora e do seu filho, Martha, inspirada pela história do Padre José Kentenich, replicou a entrega de Katharina perante a Mãe e consagrou Patricio Andrés ao seu Imaculado Coração na Missa de 18 de Setembro no Santuário do Centro, na cidade de Buenos Aires, para que fosse Maria a cuidar e interceder perante o Seu filho Jesus Cristo pelo seu neto”.

Segundo Débora: “A partir desse dia e à medida que Patricio evoluiu bem, a ideia de levar a Mãe de Deus a outras crianças nascidas em circunstâncias difíceis e de comunicar esta experiência aos pais começou a tomar forma. Hoje, após 27 anos, Patricio é um jovem cheio de vida e La Campañita é uma missão mundial. Esta modalidade foi oficializada a 18 de Outubro de 1998 e encontra-se agora em quase todos os continentes”,salientou.

Uma rede de oração e solidariedade

Patricio

Patricio Liotti, em 1996

“O principal objectivo é acompanhar os pais nos momentos difíceis que estão a atravessar, assegurando-lhes que não estão sozinhos. É Maria quem os acompanha, é também a Senhora da Expectativa, ela conhece os sofrimentos que uma criança, uma família podem passar e não quer abandoná-los, tal como fez com Jesus durante a Sua Paixão, morte na Cruz e a Sua Ressurreição”, expressou Debora.

Ao mesmo tempo explicou sobre a modalidade, “como originalidade, a imagem de Maria de Schoenstatt vai em peregrinação num cesto branco como o berço que os bebés usam, e é coroada por um rosário de dez contas; damos também um caderno onde os pais deixam os seus testemunhos, fotos, nome, morada e números de telefone para que, se o Senhor assim dispuser, possamos convocá-los a celebrar a vida”, partilhou ela.

Por outro lado, o coordenador da “A Pequena Campanha” disse: “Pede-se aos pais que consagrem o bebé ao Imaculado Coração de Maria com a oração de consagração que lhes é dada juntamente com a imagem. A presença da Mater, como chamamos a Nossa Senhora de Schoenstatt, entre os pais estimula o sentimento de abrigo e esperança. Inicia-se uma cadeia de oração onde todos os missionários são informados do nome do bebé e dos seus pais “para que os possam incluir nas suas orações e isto também chega a outras famílias que já foram missionadas e que manifestaram o seu interesse em colaborar. O missionário realiza um acompanhamento quase diário, interessando-se pela condição e evolução da criança, acompanhando os pais ao longo de todo o processo. Quando a criança se recupera e recebe alta, a imagem volta para o missionário. No caso de patologias crónicas, a imagem missionária é oferecida para ser trocada por uma imagem da Mater da modalidade para a família”, esclareceu.

O papel da fé

Sem dúvida, enfrentar um desafio onde a vida de um ente querido está em jogo, neste caso uma pessoa indefesa e frágil devido ao seu estado de saúde, significa agarrar-se à fé. “Acreditamos firmemente que Deus nos acompanha permanentemente e, sobretudo, nos sustenta nos momentos difíceis da vida, fortalece-nos e cuida de nós. Somos chamados a ser instrumentos de Deus e da Sua Mãe, desta forma levamos o Seu abrigo e a Sua proximidade”, disse Debora. “Temos um grande respeito pela santa vontade de Deus, é por isso que o missionário tem muito cuidado em não avançar com previsões, só Deus no Seu infinito amor as conhece. Por vezes, certas bênçãos de Deus, vêm estilhaçando todos os vitrais”, diz uma frase de Paulo Coelho”, citou.

“A família missionária, superada pela dor profunda de uma criança em risco de morte, não consegue ver os ‘pequenos milagres’ que estão a acontecer à sua volta. Médicos, enfermeiros, profissionais de saúde, amigos e familiares, ocupados e preocupados com esta vida, formam uma comunidade de corações unidos numa solidariedade de destinos. Um com o outro, um para o outro e um no outro”, sublinhou.

Experiência pessoal

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Debora teve de enfrentar um momento difícil quando a sua filha Martina se debateu entre a vida e a morte. “Nós, como família, fomos abrigados e cuidados pela Mater. A nossa filha mais nova, Martina, nasceu a 20 de Maio de 2003 com uma doença cardíaca congénita (a parede que separa os ventrículos não se tinha formado). Isto levou-a à beira da morte e com muito poucas hipóteses de vida. Quando ela descompensou, tinha 15 dias e desde esse momento a Mater nos deu sinais de estar ao nosso lado”, começou a contar a sua história.

“Quando estávamos a caminho da clínica, cruzámo-nos com a Mãe Peregrina Auxiliar de Nossa Senhora de Schoenstatt, e enquanto estávamos nos Cuidados Intensivos, o seu berço estava em frente da imagem da Mãe de Deus que tinha sido entronizada há uma semana atrás. Nesse mesmo dia, às três horas da tarde, enquanto a angústia e o desespero da possibilidade de a perder nos atormentava, Ela (Mãe Peregrina Auxiliar) chegou à clínica para rezar o Terço.

“Sentimos que Ela nos acompanhava, não sabíamos o que Deus tinha reservado para nós, mas sentimos a Sua presença. Foi assim que ficámos a conhecer a Campanha para bebés e crianças com a vida em risco. O trabalho dos missionários para bebés é tão grande que queremos partilhá-lo convosco. A Sra. Marta Liotti era a nossa missionária, não só nos levou a Mãe Peregrina no seu berço, mas também nos acompanhou; muitas pessoas rezaram pela Martina e, através delas, compreendemos que Deus usa pessoas de boa vontade para alcançar os necessitados. Martina tem agora dois anos e, após duas cirurgias e muito sofrimento, é uma menina cheia de vida”, disse ela com emoção. “Conhecíamos a Mater, mas depois destes acontecimentos, toda a família se aproximou de Maria e de Jesus e abençoámos o nosso Santuário-Lar. Portanto, acreditamos firmemente que o verdadeiro milagre não foi apenas salvar a Martina, mas toda a família”, disse ela.

Oração dos missionários da Campanhazinha
Querida Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt: hoje queres sair para visitar os teus filhos, como fizeste com a tua prima Isabel. Queres ir a todos os lugares onde há bebés e crianças com a vida em risco, usando-me como Teu instrumento, para os consagrar ao Teu Imaculado Coração, colocando nele confiantemente as suas vidas.

Quero levar-Te do Santuário para os pais que tanto precisam do Teu abrigo; quero dar-lhes contenção e apoio, acompanhando-os calorosamente nos momentos de incerteza que Deus lhes permitiu; quero comprometer-me genuína e filialmente abandonando-me com confiança a Ti e ao Teu divino Filho Jesus, pedindo saúde para os pequenos e paz e força para os pais, mesmo que Deus tenha previsto outro caminho para eles.

Com a tua imagem, Maria, a tua Aliança, o teu Terço e a fé colocada no poder redentor da Cruz e da Eucaristia, ajudarei com a minha oração e a minha vida, na tua missão de transformar as famílias e as pessoas que me confias hoje. Ámen

Sete missionários para bebés em perigo de vida

Existem actualmente sete pessoas, “e nós somos ajudadas por muitas mulheres do Ramo das Mães na maternidade do hospital Vidal, onde recuperaram a capela que se encontra na maternidade. Preparam enxovais para os bebés, todas conseguiram um padre para celebrar a Missa às quartas-feiras e estão atentas às necessidades das mães que têm os seus bebés no hospital”, disse Débora.

“Eu tive a imagem 84 dias em minha casa”

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Luján com a sua filha

Luján Sena tem 33 anos, é natural de Corrientes Capital e trabalha como jornalista. O maior tesouro da sua vida “veio cedo” e a sua pequena Ainhoa nasceu com 25 semanas de gestação. “No sector neonatal, o Padre Esteban Gamarra, pároco da Capela do Divino Niño, deu à minha filha a ‘agua del socorro’ (NR: o sacramento do Baptismo em caso de risco de vida) e disse-me que a Pequena Virgem de Schoenstatt, que estava no oratório do lugar, é a Padroeira dos bebés prematuros e que eu devia confiar-me a Ela. Fui ao oratório e rezei à Mãe Santíssima pela minha filha. Depois fui apresentada à imagem da modalidade de La Campañita, que acompanha as famílias nestes momentos difíceis do ponto de vista espiritual nas nossas casas. Uma senhora chamada Rita levou a Pequena Campanha para o hospital Vidal e depois trouxemo-la para minha casa.

A jovem salientou que “desde o momento em que a Mãe de Schoenstatt pôs os pés na minha casa, é como se diz, tudo é um sentimento e uma contínua doação de si mesmo. Rezava todas as noites depois de vir do hospital e, claro, de ver a melhoria da minha filha na Unidade de Cuidados Intensivos. Foi algo incrível, que só aqueles de nós que têm fé e que realmente se confiam a Deus e à Mãe Maria sabem o que isso significa. “Tive a imagem em minha casa durante 84 dias, rezei-lhe todos os dias, todas as noites, mesmo que chegasse cansada, porque ia ao hospital das 6 da manhã às 22 horas”, disse ela.

“O impacto que teve em nós foi crescer na fé, rezar com todas as nossas forças e ir ao hospital no dia seguinte, ver e sentir, acima de tudo, que tudo estava a correr bem. Não se pode descrever por palavras o que se viu e sentiu”, disse Luján sobre a sua experiência.

“O processo de dar à luz um bebé prematuro foi difícil. Eu já sabia que ia ter uma gravidez pré-termo porque os médicos me avisaram. Tive um período de gravidez em repouso para que a minha bebé não nascesse prematura e para evitar isto de todas as formas possíveis, mas Ainhoa queria nascer com 25 semanas de gestação, com 750 gramas. Comecei com as contracções, ela nasceu por parto natural a 29 de Outubro e foi aí que começou a grande luta”, recordou ela. “Depois do seu nascimento tudo foi estranho, foi como um zumbido, tudo aconteceu muito rapidamente e fica-se em estado de choque. Como todas as mães, faz-se planos e esta experiência de dar à luz cedo muda tudo e ajuda-nos a aprender”, disse ela.

“Vivi dias de grande angústia quando a vi tão pequena e com tantos dispositivos”

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Abigail

Perla Acosta tem 31 anos, é de Corrientes Capital, “Conheci La Campañita quando a minha bebé, Abigail, foi hospitalizada no NEO. A informação chegou até mim através de uma mãe que teve o seu bebé hospitalizado no mesmo local”, disse ela à Época. “O processo de dar à luz um bebé prematuro foi muito difícil, algo totalmente novo e algo em que eu já tinha pensado desde que tive uma pré-eclâmpsia grave aos três meses de gravidez e estive hospitalizada durante muito tempo”, explicou ela.

“O meu maior receio era saber se ela ia ficar bem quando decidiram tirá-la aos seis meses. Ela nasceu com 850g e a partir desse dia percorremos um longo caminho. Graças a Deus, com a força da família e amigos que sempre rezaram pela saúde da minha bebé, ela conseguiu vingar. Não tenho palavras para agradecer a toda a equipa neonatal do Hospital Eloísa Torrent de Vidal, aos médicos e enfermeiros que estiveram sempre presentes no mais pequeno pormenor”, salientou.

Maria, 34 anos, também se deparou com a imagem de Nossa Senhora quando teve a sua bebé na ala neonatal, “disseram-nos que ela era a Virgem dos bebés prematuros”, disse ela. “Através de outra mãe, a imagem de Nossa Senhora veio até mim. Falaram-me do Santuário aqui na cidade de Corrientes, mas ainda não tive o prazer de o visitar. Houve também oradores que foram ao hospital e que nos falaram desta missão de fé”.

“Vivi dias de grande angústia ao vê-la tão pequena e com muitos dispositivos ligados. Havia uma mistura de emoções vivendo o dia a dia com a bebé com poucas hipóteses de vida. Houve dias em que ela estava a avançar e outros em que ela estava a recuar. Passava o dia inteiro no hospital e era difícil voltar para casa porque a minha bebé ficava. O medo era de regressar e encontrar más notícias, mas ao mesmo tempo a esperança de poder voltar para casa a qualquer momento. Foram três meses de luta, e a família sempre nos apoiou, o que é fundamental nesta situação, mas graças a Deus estamos agora em casa a desfrutar das travessuras da nossa bebé”, partilhou Maria sobre a sua filha Luz Maria.


Fonte: Jornal Época, Corrientes, Argentina, 20/11/2022. Com autorização da autora.

Original: castelhano (2/12/2022). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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