ESPANHA, Pilar de Beas •
O Natal estava chegando e já no Advento começamos a preparar as mochilas carregadas de comida e roupas de inverno para nossos amigos, os mais pobres, aqueles que não têm sequer um teto para se abrigar. —
Aproximava-se o grande dia da “entrega”, no qual nos sentimos como os “Três Reis Magos” do Oriente, levando para aqueles que nos esperam o único presente que eles receberão: as mochilas. E desta vez elas estão bem cheias de trabalho, oração e Capital de Graças, porque as pessoas com a pandemia e os confinamentos estão sendo mais solidárias.
Mochilas esgotadas em várias lojas
Com o dinheiro arrecadado conseguimos comprar mochilas (deixando várias lojas com seus estoques “esgotados”) e comida para enchê-las, assim como camisas térmicas, toucas, cachecóis, roupas íntimas e até mesmo suéteres, camisetas ou qualquer tipo de roupa quente que os ajudará a enfrentar o inverno rigoroso que já começou em nossa cidade, com as geadas noturnas que fazem nossa vida difícil para sair e entregar as mochilas, então nem consigo imaginar como deve ser para eles que vivem nas ruas.
A verdade é que este tempo de preparação nos aproxima do mistério do Natal… Jesus não nasceu em um portal humilde e durante um frio inverno? Ou pelo menos é assim que nós imaginamos. E assim, cada mochila que preparamos tem uma memória do Menino Jesus e uma motivação, porque em cada rosto que encontramos aparece aquele rosto do Menino Jesus nos dizendo: “Tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste de beber”…
Do santuário para os pobres da cidade
Este ano saímos do nosso Santuário de Serrano após a motivação e oração.
Havia muito mais pessoas do que nos anos anteriores, por isso novas rotas puderam ser incorporadas, como foi nosso caso.
Eu fui com algumas jovens e duas amigas, uma delas uma jornalista que queria entrevistar alguns dos nossos que moram nas ruas.
Después de ver a varios y repartir las mochilas la experiencia más impactante de la noche fue ver a un chico de unos 15-16 años que llevaba un abrigo enorme para taparse, aunque no muy abrigado y por dentro no parecía llevar nada, incluso sus pies estaban desnudos con el gran frío que hacía.
Depois de ver várias pessoas e distribuir as mochilas, a experiência mais impressionante da noite foi ver um menino de cerca de 15-16 anos de idade que estava usando um casaco enorme para se cobrir, embora não estivesse muito quente e por dentro parecia não vestir nada; estava descalço mesmo com o frio intenso que fazia.
Estava com medo
Nós nos aproximamos dele e ele fugiu. Um menino que estava com ele nos disse que vivia na rua com seus pais e que saiu correndo para que não chamássemos a polícia porque era menor de idade e estava com medo.
Ele estava com medo!!! Não apenas frio e fome, mas também “medo”. Ficamos todos bastante chocados e decidimos deixar todas as roupas que tínhamos com seu companheiro e fomos procurá-lo. Mas ele desapareceu no ar. Não conseguimos encontrá-lo. Nossa pergunta foi: “Talvez um sinal? Talvez um ‘presente’? Talvez um toque no nosso coração para nos lembrar que em cada cidade há pessoas que não têm nada, nem mesmo a coisa mais básica para se viver?”
Eles precisam de nós todos os dias
Cada um deve meditar em seu próprio coração para ouvir o Senhor feito criança e pobre e, assim, perceber o que Ele está nos pedindo.
É fácil que os sentimentos apareçam no Natal, parece que estamos mais solidários, mais abertos, temos mais consciência para presentear um pouco de nós mesmos. Para compartilhar…. Mas essas pessoas vivem o ano inteiro em nossas ruas e precisam de nós todos os dias.
Graças a Deus, cada dia há mais pessoas que se sentem chamadas a acompanhar e ajudar os mais necessitados e espero que todos aprendamos a ver em cada um deles o rosto do Senhor, sem desviar o olhar, sem julgar, tendo consciência de que somos todos Filhos do mesmo Deus e que talvez amanhã possamos ser um deles.
Original: Espanhol(26/12/2020). Tradução: Luciana Rosas, Curitiba, Brasil