Posted On 2018-10-12 In Casa Mãe de Tuparendá, obras de misericórdia, Schoenstatt em saída

Senhora, me dê um emprego. Eu não quero roubar mais …

PARAGUAI, Ana Maria Mendoza de Acha, Presidente da Fundaprova •

“Senhora, me dê um emprego. Eu não quero mais roubar … ” Esta frase era ouvida freqüentemente no início da Casa Mãe de Tuparenda. Eles chegam sujos, com rostos tristes, quase depressivos. É difícil perceber que a sociedade e o Estado os empurraram para essa situação. Menos de um mês, vê-los limpos, arrumados, higienizados até os dentes, mostra que este é o caminho e a missão.

Ana Maria Acha com os três últimos graduados

Um grande grupo de jovens que não têm acesso a um emprego decente, obviamente devido à falta de educação – seu maior pecado – deve fazer algo para sobreviver nesse estado de total marginalidade.

Os nascidos nessas “casas” são condenados – com sorte, no tempo e forma – pela Justiça, mas seguramente, primeiro e por toda vida, pela sociedade.

Eu digo com sorte no tempo e na forma , porque nossas prisões são povoadas por jovens e adultos, que durante anos estão abandonados a sua sorte, a grande maioria das pessoas pobres e, portanto, sem defensores.

Mas desde o início, eles são condenados pela sociedade.

Nós não queremos vê-los

Sim, nós não queremos vê-los. São pobres, esfarrapados, cheiram mal, incomodam; mas é difícil perceber que a sociedade e o Estado os empurraram para essa situação. Para sobreviver emocionalmente a tantas deficiências, eles se anestesiam com drogas de todos os tipos. Obviamente, apenas anestesiados podem suportar a pobreza, a promiscuidade, o tratamento violento que eles dão desde seus próprios pais ao policial do quarteirão. Portanto, na adolescência, ou às vezes na própria infância, eles se familiarizam com o crime e isso faz parte de sua própria subsistência.

Assim chegam à Casa Mãe de Tupãrenda, sujos, de rostos tristes, alguns quase depressivos. Eles recebem algo desconhecido para eles: o acolhimento, que se traduz em transformação. E então, em menos de um mês, depois de haver chegado, podemos vê-los limpos, ordenados, higienizados até os dentes e seus rostos parecem diferentes. É que a aparência não é uma questão menor, aumenta a auto-estima, é o reflexo do aspecto interior.

Jóvenes en la cárcel de menores

É a primeira inserção para a sociedade

Para vários deles, o processo não constitui uma reinserção, mas uma primeira inserção na sociedade.

Eles simplesmente nunca tiveram uma casa para ir acomer, uma mesa limpa com comida quente e uma atmosfera de camaradagem onde é divertido estar.

Eles vão  passando por diferentes etapas, diferenciadas por diferentes cores de braceletes que indicam a antiguidade e as habilidades adquiridas.

Em este caminhar, eles aprendem vários ofícios, tais como padaria, horta, confecção têxtil, e este treinamento abrangente são contidos por uma excelente equipe, com o Padre Pedro Kühlcke na cabeça, que conhece a todos desde o Centro Educacional Itauguá (Prisão de Menores), e por quem, de fato, eles se aproximam da Casa. A diretora Ana Souberlich soube instalar o efetivo sistema de firmeza e ternura, até hoje com ótimos resultados. A equipe é completada com a psicóloga, com quem eles compartilham uma vez por semana; a assistente social, que se envolve com as famílias; o advogado dos jovens, com o carisma de conselheiro, e os instrutores de padaria, horta e manufatura têxtil.

Além das habilidades que vão adquirindo,como a luta pelo controle dos vícios é crucial. Em esse aspecto, estamos muito agradecidos ao Dr. Manuel Fresco, Diretor do Centro de Dependências Químicas, por toda a colaboração que ele dá desinteressadamente.

A falta de educação como um momento crucial

Embora a Constituição e as leis prevêem a prisão como uma forma de punir o indivíduo que transgrediu uma regra, o seu objetivo principal é para corrigir os seus erros para devolver ou reinserir-lo na sociedade. Nunca pode ser uma vingança.

Se analisarmos cuidadosamente o problema penitenciário, poderemos concluir mais uma vez que tem como origem a falta de educação. O ignorante não tem condições de conseguir um bom emprego, conseqüentemente, ele é pobre. Se ele tem urgências, muitas vezes ele não tem outra saída que não seja  roubar, e em uma dessas armadilhas ele pode matar … e o fim todos nós conhecemos.

Os momentos da formatura

Por isso, esses momentos de formatura são tão emocionantes para todos . Jovens com uma decisão crucial: tomar outro caminho do que eles conheciam até agora e isso lhes custa muito. Por isso, eles merecem todo o nosso apoio, apreço e respeito.

Eles estão preparados para o mundo do trabalho. No entanto, acompanhamos tanto o contratante quanto o contratado por vários meses. Hoje eles não mais pedem emprego, porque sabem que, no final do ciclo de treinamento, uma oportunidade de trabalho os espera; mas eles devem fazer bem o dever de casa para consegui-lo. Não roubar significa sair do inferno das prisões.

De qualquer forma, eles sabem que a Casa Mãe de Tupãrenda é a casa deles, é como a casa da mãe … eles podem visitá-la sempre.


Página institucional: www.fundaprovapy.org

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Original: Espanhol. 07 de outubro  2018. Tradução: Glaucia Ramirez, Ciudad del Este, Paraguai

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