Posted On 2017-11-05 In Schoenstatt em saída

A família na Cidade do Cabo retoma vigílias todas as noites para orar pelo mundo

ÁFRICA do SUL, Sarah-Leah Pimentel •

Já olhou o mundo à sua volta e sente-se completamente sem esperança?

Eu trabalho na mídia, e há dias que eu simplesmente não consigo mais assistir a programas de notícias ou de ler o jornal. Há tanta miséria, desespero e jogos de poder à custa das pessoas mais vulneráveis do mundo. Os problemas são tão complexos e não tenho poder para fazer a menor diferença para aliviar os problemas do mundo. Mas ainda assim, estou comovida com o sofrimento de inúmeros milhões.

A necessidade de fazer algo, qualquer coisa, é o que moveu a Liga das Mulheres na Cidade do Cabo para retomar uma antiga tradição.

A oração pode mudar o mundo

Durante os anos de apartheid na África do Sul, a Liga das Mulheres costumava realizar todos os meses vigílias de toda a noite, para rezar pelo país. Protestar publicamente contra o regime naqueles dias podia levar à prisão, ou pior. Não havia nada que as pessoas sentissem que pudessem fazer para enfrentar o poder. Então a Família de Schoenstatt orava.

O apartheid terminou e a África do Sul passou para a democracia de uma maneira tão pacífica que foi verdadeiramente milagrosa, o resultado da oração de milhares de pessoas de todas as crenças.

O sonho nasceu e superou todas as expectativas!

A África do Sul e o mundo ainda estão com necessidade desesperada de oração. As mudanças políticas e económicas, o desemprego, terrorismo, a pobreza, o consumo de drogas, a corrupção, as alterações climáticas, a ameaça de novas guerras.

É por isso que a Liga das Mulheres decidiu retomar a antiga tradição. O sonho nasceu, primeiro entre as duas ou três que descobriram as vigílias noturnas nas crónicas da Liga das mulheres. Então, o fogo tomou conta dos outros membros do grupo e também para além da família Schoenstatt.

A vigília de toda a noite ocorreu no dia 20 de outubro, das 19h às 7h da manhã seguinte, terminando com a missa matinal com as Irmãs de Schoenstatt. O número de pessoas que oravam no santuário cresceu lentamente e, às 10 horas, havia 40 pessoas orando pela África do Sul e pelo mundo. A juventude compareceu, assim como a Liga das Famílias (e alguns dos homens asseguraram a segurança), as Irmãs de Schoenstatt, os ramos das Mães, uma convertida ao catolicismo de uma paróquia vizinha, um peregrino brasileiro que se perdeu do seu grupo da Mãe Peregrina ao regressar a casa . As pessoas vieram para rezar pelas necessidades do mundo, unindo-se ao Papa Francisco que insistentemente nos pede para orarmos pelo mundo.

À medida que a noite avançava, algumas pessoas tiveram que regressar para as suas famílias, mas 15 pessoas vigiaram durante toda a noite diante do Santíssimo Sacramento. Elas oraram as orações da Igreja, receberam a bênção do Pe. Kentenich às 21 horas, passaram algum tempo em adoração silenciosa, rezou-se pela cura física e emocional de pessoas que foram feridas pela vida e cantaram-se hinos de louvor.

Alguns dormitaram, mas uma cafeteira de café e alguns doces mantinham todos acordados pela noite dentro. Eis alguns dos seus comentários:

Evadne disse: “O privilégio, a oração, a perseverança de Cristo e a unidade com os meus irmãos e irmãs sob a proteção de Maria, nossa Mãe, revigoraram a minha alma para além do meu próprio entendimento”.

Para Andrea, a vigília era “tão reverente” que sentia “como se estivesse num retiro espiritual. Passei toda a noite rezando e pedindo a Nossa Senhora pelas circunstâncias e por tantos desafios que estão fora do meu alcance”.

Maxine falou sobre o poder de rezar como comunidade, dizendo: “Não só passámos 12 horas com Jesus, mas também conseguimos vivê-las uns com os outros … aprofundando não só o nosso amor por Cristo, mas também pelos outros, juntando como família, pessoas de diferentes estados de vida, reunidas para celebrar o nosso único amor comum: a Nossa Senhora e ao seu Filho”.

E agora?

Quando nos estávamos a despedir – com alguns a irem para a cama, outros para o trabalho ou para as aulas – estava bem claro: este é apenas o recomeço. As vigílias de oração de toda a noite devem continuar.

Mas o sonho é ainda maior. Que mais podemos fazer? Existe alguma coisa mais que possamos fazer, como uma pequena família com recursos tão limitados, para dar esperança e um futuro melhor às pessoas da nossa cidade e do nosso país? É nosso desejo que, a partir destas noites de oração, nasça a missão de chegar à comunidade.

Mãe, vamos contigo.

Fotos: Andrea Plaatjes

Original: Inglês, 29. Outubro 2017.  Tradução: José Carlos A. Cravo, Lisboa, Portugal

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