Posted On 2012-04-13 In Schoenstatt em saída

A corrente Missionária é a vida real: Missões familiares em Espanha

ESPANHA, Pe. Carlos Padilla. San Rafael é uma localidade segoviana que está situada em plena Serra da Guadarrama, a 1212 metros de altitude. A sua população ascende a 3000 habitantes aumentando para 9000 durante o período de verão. Situa-se na calçada real que unia Madrid ao Palácio Real da localidade vizinha da quinta de San Ildefonso. Por ser um ponto estratégico converteu-se num lugar de repouso para os que iam à Serra de Guadamarra.

 

Devido à sua proximidade, das cidades de Madrid e Segóvia e os seus frondosos bosques perto da montanha, foram construídas inúmeras casas de férias por turistas, onde se encontram muitas casas senhoriais com esplêndidos jardins de abetos e sécuoias centenários. A população de San Rafael tem assim um pequeno núcleo de habitantes que se dedica à pecuária, hotelaria e comércio, e muitos turistas em residências e urbanizações onde passam férias muitos habitantes de Madrid e Segóvia.

No meio desses lindos jardins ergue-se uma Igreja serrana, cujo pároco, requereu a presença das Missões Familiares de Schoenstatt durante a passada Semana Santa. E assim, 95 missionários, crianças, jovens e adultos, ligas, institutos e federações, profissionais, cruzados, apóstolos, estudantes, universitários e peregrinos lá foram com as suas mochilas, no Sábado anterior ao Domingo de Ramos, para acompanhar a Semana Santa dos moradores, até ao Domingo da Glória.

Um sinal forte do Missionário em Schoenstatt

O objetivo da Missões familiares de Schoenstatt em Espanha, não é mais do que dar testemunho de que a fé vivida em família e em comunidade, é possível, e não só é possível como é imprescindível para o crescimento são e orgânico de qualquer sociedade. Tal como as Missões familiares realizadas noutros países da América Latina, em Espanha, as Missões familiares surgem com o anseio de mostrar à sociedade que são famílias unidas, alegres, criativas e profundamente ancoradas na fé. Por isso e para isso, as ruas, os lugares que visitamos e a Paróquia enchem-se do alvoroço das nossas crianças, das canções e risos dos nossos jovens e da mensagem de esperança que a família oferece em todo o seu esplendor.

De mão dada com a Virgem Peregrina, com a cruz ao redor do pescoço

De mão dada com a Virgem Peregrina, com a cruz ao redor do pescoço, os missionários dividem-se por famílias ou em pares de missão para bater às portas das casas, permitindo assim que Maria entre nelas e derrame as suas graças. Convertem-se em pequenos instrumentos, convidando os moradores a participar das atividades da tarde, preparadas sempre com muito carinho. Este ano, Valivan deliciou o povo com os seus fantoches e ateliers infantis e o fórum de cinema com o filme recém estreado, Maktub, permitiu um debate enriquecedor para todos. As orações familiares ao longo do dia, em diferentes momentos, dão descanso à alma, não só dos missionários mas especialmente dos que partilham com eles as suas necessidades, os seus sofrimentos, a solidão da alma, ou as pequenas e grandes dores que purificam o coração de quem as tem.

Os três pilares das Missões familiares

Assim, encontram-se os três pilares das Missões familiares: a missão externa, a missão interna e a missão interior.

A missão externa, que se encarrega de levar a mensagem a todos os lugares de que Cristo vive no meio de nós. O Santuário do coração abre-se então de par em par para acolher o visitado e e oferecer-lhe o melhor que temos. Nem sempre as portas se abrem… ou às vezes as portas abrem-se para serem fechadas logo a seguir. Por trás da porta fechada, reza-se uma Avé-Maria… e Ela abençoa! Mas todos os missionários partem com a experiência de terem sido convidados a entrar pelo menos numa das casas, de ouvirem a história de outras famílias, por vezes desoladora, de terem escutado as desilusões provocadas por nós próprios da Igreja, de terem mostrado outra realidade dessa mesma Igreja, a realidade da Igreja Peregrina que connosco caminha sempre até ao mais necessitado. Partem com a experiência de lhes terem levado um pouco de esperança e de terem rezado uma simples oração, às vezes sentados no chão. Uma oração que comove corações, porque é sincera, porque nasce da alma, porque não conhece protocolos.

A missão interna, que é a que se vive dentro de casa, permite que todos os missionários dêem o melhor de si mesmos. É impressionante ver como se desenvolvem a generosidade e a entrega. Não importam o cansaço e o desconforto da casa. Não importa o frio, a chuva ou a neve que este ano foram abundantes. Todos dão o que têm. O desenvolvimento dos talentos é inúmero e cada um encontra o seu lugar, porque o têm. A oração, especialmente a oração da noite, em frente ao Santíssimo, renova profundamente os corações e enquanto as crianças dormem tranquilas em casa, na capela o fogo é ateado para que inflamem corações. E ardem corações! Durante o dia e nos tempos livres, é impressionante ver como as crianças da missão se sentem seguras, brincam e fazem cabanas de acordo com o que observam. Com dois ramos de uma velha árvore fazem a cruz da sua própria capela que decoram com flores…

E finalmente a missão interior … É o modo como a missão externa e interna renova o nosso ser como pessoas, matrimónios e famílias. É o trabalho que se vai fazendo dentro de cada um. Confirma que não fazem falta grandes coisas para ser feliz. Confirma a missão de ser e não de ter. Com tão pouco se chega a ser tanto e tão feliz! Das cinzas de uma sociedade exigente ao máximo, sem horizontes, onde os valores se confundem, onde a alma do homem se afoga na solidão do materialismo e egoísmo, renasce a esperança daquele que tem fé. O tíbio torna-se fogo. Esse fogo do amor que transforma. Confirma-se e afirma-se a missão familiar, onde é permitido ao ser humano crescer são, seguro, desenvolver-se em harmonia, porque se sente amado.

A família, o melhor que temos

A família deveria ser essa terra fértil, porque é lavrada e plantada pelas mãos de Deus, onde os filhos criam raízes e abrem asas para ser o que Deus quer para eles. Onde os pais são unidos e se amam, onde os irmãos estreitam laços, dando o melhor ao outro. Dissipam-se assim tantos medos! Esta é a família, o melhor que temos, a resposta às grandes inquietações da alma humana. Estas são as Missões familiares, esta é “… aquela terra tão cálida e familiar, onde corações nobres pulsam na intimidade…” de que falava o Padre Kentenich. Isto é Schoenstatt.

Tudo isto é o que temos tido o privilégio de viver na passada semana Santa, o que oferecemos à população de San Rafael. Temos visto a Igreja cheia de gente durante as celebrações, temos partilhado o chocolate quente, com os habitantes locais, depois da Vigilia Pascal e os fogos de artifício que nos fizeram rir e chorar. Para além disto, vimos e sentimos a alegria e a gratidão de um pároco habituado a viver em solidão, com pessoas rudes, em condições meteorológicas extremas. Ainda nos faltam mais dois anos de missão em San Rafael, enquanto isso vamos deixando que a semente cresça!

Família de Maria, sê fiel à tua missão!

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Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

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