Posted On 2015-10-15 In Santuário Original

Maria, a Mulher em saída: o arcebispo emérito R. Zollitsch com o Coro da Catedral de Friburgo em Schoenstatt

SANTUÁRIO ORIGINAL/ALEMANHA por María Fischer •

“Schoenstatt, Vallendar no Reno, que celebrou seu centenário o ano passado, é o centro de um movimento espiritual internacional. O núcleo central é uma pequena capelinha (Santuário Original) no vale, onde Maria é honrada como “Mãe Três Vezes Admirável”. A imagem de graças, que chegou a Schoenstatt desde Friburgo há cem anos, é muito conhecida em todo o mundo; como comprovaram os membros do coro da catedral o ano passado quando visitaram América do Sul”. Estas foram as palavras do convite dirigido aos membros do coro de crianças e jovens da catedral de Friburgo e seus amigos anunciando uma peregrinação. Durante a viagem anteriormente mencionada o coro da catedral cantou, dentre outros lugares, nas celebrações do centenário do Movimento de Schoenstatt em Buenos Aires no Teatro Colón, o teatro mais famoso da cidade – uma experiência que os comoveu e os encheu de entusiasmo. Espiritualmente acompanhados pelo arcebispo emérito Robert Zollitsch DD, o coro fez uma peregrinação no fim de semana passado a Schoenstatt e Kevelaer.

O comunicado de imprensa do departamento de música da catedral de Friburgo – Escola da Catedral, Friburgo, em 1 de outubro de 2015, declarou: “A hospitalidade na casa Marienau e as boas-vindas do Reitor, P. Egon M. Zillekens criaram uma cálida chegada ao centro de Schoenstatt. O toque genial: todas as coisas importantes aqui começam com K… determinou o posterior transcurso da noite. A cozinha ofereceu um agradável jantar, participamos nas orações da noite na capela (Kapelle), não sem uma pequena contribuição musical; e confortavelmente instalados (Klause) a noite chegou ao fim, mas não muito rápido. O P. Zillekens se aproximou aonde tão cômodos nos encontrávamos para ver se tudo estava em ordem; depois de algumas vacilações se juntou a nós. Ele compartilhou conosco de uma maneira bem amena e admirável testemunhos de sua vida como pastor”.

O arcebispo emérito R. Zollitsch, em sua homilia dada na Igreja dos Peregrinos em Schoenstatt, descreve Maria como a “Mulher que está em saída”, uma mulher que sai no espírito da Evangelii Gaudium. “Como mãe não é uma observadora distante e um ícone de glória alheio ao mundo. Como mãe se dedica e concentra em cada um de seus filhos com amor terno e ardente”. Como em Caná, Ela é a amiga, como o Papa Francisco escreveu, “que sempre se preocupa de que não falte o vinho em nossas vidas. Ela é a mulher cujo coração foi atravessado por uma espada e que entende toda nossa dor”. (EG 286) Ela estende sua mão para nós e nos convida a tomar a sua, para que guiados por Ela e sob sua proteção possamos peregrinar no caminho de nossa fé, e também alcançar o ideal que Deus nos prometeu, e onde Ela nos espera para nos tomar em seus braços”.

Isto, segundo Zollitsch, tem sido a experiência dos peregrinos que têm vindo a Schoenstatt por mais de cem anos. “Essa é uma característica especial deste lugar de peregrinação em Schoenstatt. Maria não apenas é nosso grande exemplo e a mãe compreensiva e protetora. Ela é como o Papa Francisco nunca deixa de insistir, a missionária, a mulher ativa, que também sai e atua – para a Igreja e para cada pessoa em particular”.


Texto completo da Prédica do Arcebispo emérito Dr. Robert Zollitsch na peregrinação do coro da Catedral de Friburgo a Schoenstatt, em 26 de setembro de 2015

María, a mulher que sai em caminho

O primeiro que faz Maria, depois de saber que será a mãe do Filho de Deus – assim o acabamos de escutar no Evangelho – é sair em caminho. Dirige-se através das montanhas para visitar sua parente Isabel, e levar o Redentor aos homens, mesmo antes de tê-lo dado a luz.

I.

  1. Ela experimentou a irrupção de Deus em sua vida, em sua tranquila vida burguesa em Nazaré. Através do anúncio do anjo e através do encargo de servir muito particularmente a Deus como sua serva, subitamente sua vida se transforma radicalmente. E ela não vacila, mas responde claramente: sim, “eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra”. Deus atua; Maria pronuncia seu sim. E não espera para ver o que acontece. Não fica no idílico Nazaré. Não, ela toma a iniciativa. Escutou que sua parente Isabel, de avançada idade, será mãe e que já se encontra em seu sexto mês. Então sai em caminho e se apressa a ir pelas montanhas onde está Isabel. Porta em si o grande mistério de Deus, uma mensagem, que deve chegar a todas as pessoas.
    Maria é portadora daquilo novo, daquilo grandioso que começou em seu ventre, para aqueles que estão à espera. E experimenta que Isabel e João reconhecem esse novo: João salta de alegria no ventre de sua madre e Isabel a louva chamando-a bem-aventurada.
  2. Quando Deus irrompe em nosso mundo, em nossa vida, isto tem consequências. Assim, a vida de Maria mudou subitamente. E ela se adapta a nova situação, se adapta completamente ao novo, sem saber tudo o que isto significará para ela e para sua vida. Daqui em diante, só seu Filho e seu caminhar com Ele determinarão sua vida. Ele é a meta e o conteúdo de seu caminhar, Ele determina todas as etapas e todos os passos.
  3. Sim, o caminho de Maria se converte em um caminho com seu Filho e para seu Filho. Assim temos aquele caminho desde Nazaré a Belém, com avançada gestação, para alistar-se, e o nascimento de seu Filho em um pobre estábulo. E aquele longo caminho rumo ao Egito, para fugir de Herodes. Com seu Filho compartilha o rechaço, o andar como fugitivo, o desarraigo, o ser estrangeiro. Experimenta o entusiasmo das pessoas por seu Filho, devido a sua poderosa aparência e aos prodígios que fazia. E também experimenta o rechaço e o ódio que lhe golpeia. Junto a seus parentes teme por sua vida e se dispõe a levá-lo a casa. Caminha com seu Filho, mesmo quando não o compreende e quando tudo está escuro. Está junto a Ele debaixo da cruz. Seu caminho é um caminho com seu Filho, para seu Filho e para nós: Sai em caminho numa dimensão totalmente nova, na qual é Deus quem conduz. Ele e somente Ele.

II.

  1. Que motivo, que garantia tem Maria para percorrer este caminho? Pois bem, está a palavra do anjo, a experiência de Nascimento, a vida com seu Filho – em todo caso, na modéstia e na saída de Nazaré. E também está o incompreensível assunto do rechaço e a fuga, a ansiosa busca do filho perdido, do menino de doze anos e a resposta pouco amável a seus pais. Está a imensa escuridão do Gólgota, que aflige imensamente. Maria é desafiada na sua fé, na sua fé na promessa de Deus. É a primeira pessoa que escuta a mensagem sobre Jesus Cristo Redentor, a primeira, cuja fé é desafiada. Ela é a primeira que sai em caminho com Ele, é a primeira que o segue. É a primeira crente da Nova Aliança, a primeira discípula de seu Filho. Pioneira do novo que se inicia, pioneira do “novo caminho”, do caminho da redenção. Pioneira de nossa salvação, uma mulher que permanentemente se coloca em caminho.
  2. Para isto Deus chamou e escolheu esta jovem mulher, a pequena serva de Nazaré. Para isto a preparou. Levando em consideração esta tarefa quase inconcebível, Deus a preservou, assim o afirma nossa fé católica, de todo pecado e a manteve fora de toda relação com o pecado da humanidade. Assim também, em corpo e alma a recebeu em sua glória, a ela, a primeira redimida e a primeira crente; como a primeira plenamente redimida. Tão excelsamente atua Deus na mãe de seu Filho. Tão excelsamente pensa Deus sobre o gênero humano.
  3. Sim, assim atua Deus em sua pequena serva, por amor a seu Filho, mas também por amor a nós. Pois Jesus nos deu sua mãe como nossa mãe. “Na cruz” escreve o Papa Francisco em sua Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, “nesse crucial instante, antes de dar por consumada a obra que o Pai lhe havia encomendado, Jesus disse a María: ‘Mulher, eis aí teu filho’. Logo disse ao amigo amado: ‘eis aí tua mãe’ (Jn 19,26. 27)… Jesus nos deixava sua mãe como nossa mãe. Só depois de fazer isto Jesus pôde sentir que ‘tudo está consumado’ (Jn 19,28). Ao pé da cruz, na hora suprema da nova criação, Cristo nos leva a Maria. Ele nos leva a ela, porque não quer que caminhemos sem uma mãe… Maria, que o gerou com tanta fé, também acompanha o resto de seus filhos, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus’ (Ap 12,17)” (EG 285).

III.

  1. Como mãe, Maria não nos observa à distância nem é um ícone da glória, desentendido do mundo. Como mãe, ela se envolve e se dedica a cada um de seus filhos com um amor terno e vigoroso. Tal como em Caná, ela é a amiga, diz o Papa Francisco, “sempre atenta para que não falte o vinho em nossas vidas. Ela é a do coração aberto pela espada, que compreende todas as penas”. (EG 286) Ela nos estende sua mão e nos convida a percorrer, de mãos dadas e sob sua proteção, o caminho de peregrinação de nossa fé, para chegar a meta que Deus nos prometeu, e onde ela nos espera para nos abraçar, seus filhos.
  2. Assim é a mãe que Deus nos deu. Está ali para nós, nos compreende e está sempre disposta a nos ajudar. Esta é sem dúvida a experiência de inumeráveis peregrinos, que há cem anos chegam até aqui, para encontrar-se com a Santíssima Virgem Maria. Assim como os discípulos, depois da Ascensão de Jesus, se congregaram em torno a Maria no Cenáculo, assim também estamos hoje junto dela e colocamos nossa confiança nela, a Mãe da Igreja. Sentimo-nos animados e sustentados pelas múltiplas experiências que tiveram outros peregrinos que chegaram até aqui antes que nós, e nos dirigimos a ela com algumas das invocações das ladainhas lauretanas: “Consolo dos afligidos” e “Auxílio dos cristãos”. Ela estende seu braço para nós, como a “Virgem poderosa para ajudar” e está diante de nós como “Torre forte”, na qual encontramos proteção. Também está diante de nós como “Porta do céu”, que constantemente nos convida a ir rumo a Deus e nos conduz para Ele.
  3. Na sua muito importante Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, o Papa Francisco vai um passo além. Deseja uma Igreja que se coloque em caminho seguindo o exemplo de Maria e sob sua condução. Deseja um novo dinamismo, um “dinamismo de saída” (EG 20), quer dizer, “a uma nova etapa evangelizadora marcada pela alegria, e indicar caminhos para o rumo da Igreja nos próximos anos”. (EG 1) Deseja uma “nova saída missionária” (EG 20), uma Igreja mais e mais missionária… Ela é a Mãe da Igreja evangelizadora” diz o Papa. “E sem ela não terminamos de compreender o espírito da nova evangelização”. (EG 284) “Com o Espírito Santo, em meio do povo sempre está Maria. (At 1,14), e assim tornou possível a explosão missionária que se produziu em Pentecostes”. (EG 284)

“Há um estilo mariano na atividade evangelizadora da Igreja”, diz o Papa Francisco, “porque cada vez que miramos Maria voltamos a crer no revolucionário da ternura e do carinho. Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos débeis, mas dos fortes”. (EG 288)

Um caminho mariano para a evangelização significa estar com as pessoas, saber o que os motiva. Acolhê-los em suas situações vitais e com suas preocupações, percorrer com eles e em seus sapatos o caminho de sua fé e de suas lutas. Um caminho mariano para a evangelização significa ser uma Igreja atrativa. Ali onde está e onde atua Maria surge comunidade, surge Igreja, uma Igreja maternal que abriga e oferece lar. Uma Igreja fraterna, sustentada pelo amor e solidariedade. Uma Igreja mariana que se orienta dia a dia segundo Deus, para levar as pessoas até Cristo, e assim possam experimentar o atrativo de seu amor e sua misericórdia que perdoa.

E ao especial do lugar de peregrinação de Schoenstatt pertence o fato que Maria, não apenas está diante de nós como um grande modelo, e como uma mãe compreensiva e consoladora. Tal como o Papa Francisco não se cansa de destacar, ela é a mulher ativa que também hoje sai em caminho e atua, para a Igreja e em cada um. Desta forma nos estende sua mão para nos formar como discípulos de Cristo e para nos acompanhar ativamente em nosso peregrinar. Ela deseja nos ajudar a encher de vida a aliança que Deus fez com cada uma e com cada um de nós no batismo. E para nos ajudar, nos convida a entregar-lhe nossa confiança, a segurar a mão que ela nos estende e a entrar em uma aliança com ela, mediante a Aliança de Amor; porque como mãe que nos ama, só deseja unir mais profundamente seus filhos com Deus e conduzir-los para Ele.

Mas a ela não apenas interessa nosso próprio caminhar para Deus e nosso caminhar com ela. Como Mulher missionária, Maria nos guia para dar testemunho do Evangelho, para fazer participar a outros de nossa fé e assim transmitir uma mensagem de vida. Os membros e amigos do coro de nossa Catedral de Friburgo puderam experimentar algo disso em sua viagem de concertos por América do Sul, em Argentina, Uruguai e Chile. É curioso o fato, e nos faz pensar, que uma imagem de Maria, que um Professor Huggle adquiriu há cem anos num negócio de artigos religiosos da Herrenstrasse em Friburgo, por 23 marcos e depois trouxera até aqui, a Schoenstatt, tenha se convertido numa imagem de graças. E hoje, segundo Google, está entre as sete imagens de Maria mais conhecidas no mundo. E mais ainda, que Maria, nesta imagem, se tenha colocado em caminho para percorrer nosso mundo.

O diácono João Luiz Pozzobon do Brasil teve a idéia de levar esta imagem de Maria a muitas pessoas. Durante 35 anos a levou em peregrinação sobre seus ombros, de lugar em lugar. Com isso gerou uma surpreendente e inesperada reação em cadeia. Hoje Maria, como Virgem Peregrina, se encontra em caminho rumo as pessoas em umas 200.000 imagens, em quase cem países de todos os continentes.

Ela também nos estende sua mão e nos convida a ir com ela. Encoraja-nos a nos colocar em caminho como ela, a viver nossa vida de mãos dadas com ela, confiando nela e levando em nosso coração a petição do Papa Francisco: “Virgem e Mãe Maria,… dá-me a santa audácia de buscar novos caminhos”. (EG 288) Podemos confiar que Ela nos precede. Amém

Original: alemão. Tradução d o espanhol: Lena Ortiz, Ciudad del Este, Paraguay

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