Posted On 2017-07-02 In Santuário Original

Experiência sacerdotal da Aliança de Amor

BRASIL/ROMA, Pe. Rodrigo Rios, da Arquidiocese de Maceió, Brasil •

Quando criança, minha mãe levou-me uma vez à Igreja e dando-me um escapulário de presente, afirmou que Nossa Senhora do Carmo era minha madrinha e cuidaria de mim. Aquela imagem permanece na minha mente como a entrega de uma mãe a outra Mãe. Assim, fui sempre acompanhado por esse olhar singelo e belo. Na minha juventude, engajado em grupo de jovens, recordo-me que fazíamos a consagração à Virgem dos Prazeres, padroeira da minha Arquidiocese, no sábado do novenário. Era um entregar os futuros e projetos àquela que nos poderia tanto ajudar. Ao entrar na caminhada vocacional, como diácono, fiz a consagração através do método de São Maximiliano Kolbe, a partir de um amigo padre que pertencia a um Instituto com um carisma dedicado a este santo.

Este padre mostrou-me uma nova face do Movimento

Ao chegar a Roma para fazer um Mestrado em Comunicação Institucional, tive a grata satisfação de perceber que os padres da minha turma eram bastante marianos, em especial o caro amigo Pe. Rolando Montes de Oca, um cubano de grande coração. Eu já conhecia a espiritualidade de SchönstATT a partir do Movimento Mãe Rainha (Campanha da Mãe Peregrina), muito forte no Brasil, meu país de origem, mas este padre mostrou-me uma nova face do Movimento, voltada à fraternidade dos padres diocesanos. Isso me deixou encantado!

Em uma manhã de espiritualidade mariana, no Santuário Cor Ecclesiae em Roma, Pe. Rolando falou-me sobre a Aliança de Amor e o capital de graças. Ali conheci as propostas deste projeto e algo me tocou profundamente: a experiência com a Virgem Maria era feita como uma Aliança, em que eu ofertava algo como em um contrato, solicitando a sua proteção e dádivas especiais. Qual seria o dom que eu poderia entregar? Quais seriam meus esforços, meus sacrifícios para isto? Esta novidade ali apresentada encheu de paz meu coração, pois via naquele processo uma forma de autoeducação e isto seria um modo de ser mais próximo à Nossa Senhora, pois a seu exemplo, teria as suas atitudes.

Meu amigo cubano fez-me o convite para fazer a Aliança de Amor

Então, meu amigo cubano fez-me o convite para fazer a Aliança de Amor. Para mim, aquela ação teria um significado especial. Celebramos o Jubileu de 300 anos de Nossa Aparecida no Brasil e o Centenário das aparições em Fátima, Portugal, devoções à qual sou particularmente ligado. Ciente de ser este um ano mariano, propus-me a fazer um percurso mais intenso com a Virgem Maria, através de visitas a santuários a ela dedicados, oração das mil ave-marias, ofício da Imaculada Conceição, retiros pessoais e diversas outras iniciativas. A Aliança seria então uma dar-se à Virgem Maria oferecendo algo que para mim seria de grande esforço pessoal, para que graças abundantemente fossem derramadas. Mas, qual seria esta oferta?

Fazendo uma leitura espiritual da minha história, discerni então o que seria. Assim, escrevi e rezei no momento da Aliança:

“Minha Mãe querida, o que me encantou na proposta de Schoenstatt foi realizar uma Aliança de Amor convosco com algo que posso oferecer e assim me comprometer com a consagração. Digo-vos que o sinal da minha oferta será meu sim em obediência à Santa Igreja. O que esta me pedir, por mais difícil que seja, proponho dar meu assentimento, de forma livre e abnegada. Em cada sim, renovarei a minha consagração a ti, pois a farei lembrando que sozinho não estarei, cônscio que tua presença me acompanhará em cada missão a mim destinada”.

“A catedral do Sim”

Sempre tive dificuldades com a obediência, pois tornei-me independente muito cedo e na estrutura hierárquica eclesial que vivo dizer sim a determinadas missões para mim é muito custoso. Vi nisso o que mais deveria ser educado e confiando na presença materna da Virgem Maria, poderia ser mais abnegado e lançar-me aos projetos a mim confiados. Seria um sinal de empenho sincero.

Sem saber daquilo que eu havia escrito e preparado, na celebração da Santa Missa, Pe. Rolando falou sobre as experiências de sofrimento de Pe. Josef Kentenich e disse: “estamos no santuário original, no lugar do Fiat, onde poderíamos assim dizer, a catedral do Sim”! Ali, contextualizou o sentido da entrega do Pe. Kentenich e o quanto sua obediência rendeu frutos à Igreja. Eu vi neste momento a ação do Espírito que é capaz de conhecer a profundidade do nosso coração. Entendi que minha oferta era agradável e seria um sinal.

Tudo isto aconteceu no dia 27 de junho…

Tudo isto aconteceu no dia 27 de junho deste ano, há poucos dias. Descobri posteriormente que esta é a data de morte do Diácono João Luiz Pozzobon, brasileiro iniciador da Campanha Mãe Peregrina! Vi a mão de Deus para a eleição deste momento.

Concluo afirmando o quanto estou feliz com esse novo tempo. Observo o quanto a presença de Nossa Senhora me dá segurança neste caminho sacerdotal. Nossa permanência aqui é breve e a realidade do céu já posso sentir, neste olhar mariano que me acompanha e tanto me ama.

Abaixo, uma poesia que fiz no dia anterior:

Olhar materno

 

Quando olho para ti, ó Maria,

O que vejo?

Vejo tua simplicidade no serviço aos outros

Admiro teu silêncio que guardava tudo no coração

Comovo-me com sua maternidade que tudo fez para o Filho.

Quantos nestas gerações te proclamaram bem-aventurada!

Hoje a profecia também se cumpre em mim

Ao olhar para ti proclamo-te cheia de ventura

E me uno a tantos que te honram com sua vida.

Desejo aproximar-me mais e mais de ti

Envolvendo-me no teu manto que cobre minhas dores

Deixando-me ser amado imensamente

E assim acolhido retribuir no contato com outrem

Sinto-me guardado pelo teu olhar.

E o que vês, ó doce Maria?

Um filho sedento em amar-te e louvar-te

Um filho que descobriu a força de ser educado por mãe tão terna.

 

 

Header foto: O direito é Rodrigo, que de testemunho.

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