Kentenich Milwaukee

Posted On 2022-07-15 In José Kentenich

Nada de novo de Milwaukee? E, contudo…

ASSUNTO KENTENICH, Maria Fischer •

“Peço desculpa por não lhe ter respondido até hoje. Entretanto, publicámos também o relatório do advogado americano, resumido, aqui online“, disse a porta-voz da imprensa da Diocese de Téveris na sua resposta ao pedido de Schoenstatt – levantado, entre outros, pela equipa editorial de schoenstatt.org. – para publicar o relatório que o Bispo Ackermann tinha encomendado à firma de advogados Biskupic & Jacobs de Milwaukee sobre as alegações de um cidadão americano contra o Padre Kentenich. —

Alguns dias após a publicação do decreto sobre a suspensão do processo de beatificação do Pe. José Kentenich, a Diocese de Trier autorizou a publicação de um resumo do relatório de Milwaukee. Está mesmo disponível como link no comunicado de imprensa de 3 de Maio, embora seja necessária uma pequena pesquisa. É um resumo de quatro páginas escrito pelo próprio perito (19 de Janeiro de 2022, ao Dr. Holkenbrinck), que a Diocese de Trier está a publicar em alemão, inglês e espanhol. O relatório completo consiste em 47 páginas com vários apêndices; este material foi entregue aos membros da Presidência Geral pela Diocese de Trier. Uma publicação completa da Diocese não está aparentemente prevista. O resumo, contudo, fornece um olhar claro e objectivo sobre as alegações de “John Doe”, a investigação da Arquidiocese de Milwaukee de 1994-95, a investigação do advogado Steven Biskupic e de um antigo agente experiente do FBI em nome do Bispo Ackermann, e as conclusões.

O resultado fica em aberto

Citamos aqui apenas as conclusões apresentadas no resumo:

<strong>Resumo' do relatório Biskupic – última parte</strong>
  1. JD continua a insistir veementemente até hoje que foi abusado sexualmente pelo Pe. Kentenich há mais de 60 anos.
  2. Não existem hoje provas directas dessa época que apoiem ou contradigam conclusivamente as alegações feitas por JD. Nenhuma testemunha observou directamente qualquer má conduta entre os dois, e o Pe. Kentenich já não está vivo para dar a sua versão do que aconteceu.
  3. As provas adicionais disponíveis, examinadas no âmbito do Relatório, apoiam e contradizem certos aspectos das alegações, de modo que o Relatório, em relação às três tarefas encomendadas pelo Bispo, chega à seguinte conclusão.

a) Suficiência da investigação de 1994/95. O Relatório afirma o seguinte: A investigação de 1994/95 deu mais passos do que se poderia ter considerado legalmente necessário na altura. Nos anos 1994/95, o Pe. Kentenich já tinha falecido, pelo que a questão de saber se a sua conduta poderia ser sujeita a responsabilidade legal de acordo com as normas legais em vigor em 1994 não se colocou. Assim, é admirável que a Arquidiocese de Milwaukee tenha levado as alegações a sério, e tenha conduzido uma investigação detalhada, incluindo um depoimento de JD, e depois mantendo correspondência com JD. No entanto, é evidente que o foco das investigações de 1994/95 foi a JD e não a conduta do Pe. Kentenich de forma mais ampla. Isto talvez seja compreensível tendo em conta que só muitos anos mais tarde é que foram feitas alegações contra o Pe. Kentenich noutros contextos. No entanto, em 1994/95, não foram feitos quaisquer esforços para questionar pessoas que viviam e trabalhavam com o Pe. Kentenich em Milwaukee, a fim de verificar as suas observações directas da conduta do Pe. Kentenich. Por conseguinte, a investigação de 1994/95 não pode ser considerada suficiente pelos padrões actuais para a revisão de tais alegações, especialmente tendo em conta que entretanto foram tornadas públicas alegações adicionais contra o Pe. Kentenich relativamente ao seu tempo na América do Sul.

b) Revisão actual das alegações. O Relatório de 47 páginas detalha a informação disponível que pôde ser verificada até ao presente, observando que, devido à morte de muitas pessoas com conhecimento em primeira mão, não há maneira de realizar uma investigação completa como seria o caso se as alegações tivessem vindo do presente momento. O Relatório procurou além disso oferecer um contexto mais amplo da vida quotidiana do Pe. Kentenich durante a sua estadia no Wisconsin, citando material de origem adicional que não foi examinado como parte da investigação de 1994/95.

c) Pode ser feita uma avaliação conclusiva das alegações? O Relatório afirma que, infelizmente para todos os interessados, devido à passagem do tempo e à morte de testemunhas-chave, não foi possível chegar a um resultado conclusivo, e que este foi difícil de alcançar devido às muitas outras circunstâncias mencionadas no Relatório. O Sr. Biskupic sugeriu que, em vez de se procurar um resultado conclusivo neste caso, as alegações deveriam ser consideradas como um factor num estudo mais amplo da vida do Pe. Kentenich.

Uma observação de ética jornalística

Se algo emerge do estilo e desenho da investigação do relatório de Milwaukee, agora disponível em síntese, é que o “ataque ao Kentenich” observado nos últimos dois anos, por um lado, bem como o igualmente veemente “continuar como se nada houvesse”, por outro, não estão à altura do nível de disputas – tanto a nível jurídico ou canónico, bem como a nível biográfico ou carismático do fundador – para não mencionar, que também aqui podemos estar perante a intervenção divina, perante a voz de Deus para o nosso Schoenstatt. E para ouvir essa voz, a suspensão do processo exige – talvez – tempo e silêncio.

Nenhum resultado novo” – é o título que schoenstatt.de em alemão e, igualmente, schoenstatt.com do comunicado da publicação do resumo do relatório. E isso desperta um sentimento desconfortável na minha alma jornalística, por isso deixo o modo de informação limpa e imparcial e mudo para o modo de comentário.

  • O simples facto de este relatório existir e ter sido (parcialmente) publicado é um novo resultado.
  • Nenhum resultado diferente? Nenhum veredicto definitivo, nenhum veredicto decisivo, na verdade. O ónus da prova não é cumprido, nem de um lado nem do outro. E isso não deve ser tomado de ânimo leve. O não cumprimento do ónus da prova significa que não existem provas suficientes para fazer pender a balança, o que não deixa outra escolha senão deixar a balança “pendurada”: falta credibilidade ao queixoso. O acusado não pode ser provado culpado nem inocente. Um relatório que não pode provar nem a culpa nem a inocência. Este é um novo resultado.
  • E o facto de o processo ter sido suspenso em 2022, em vez de 1994/95, é outro novo resultado.

E neste novo, diferente, pendente, resultado aberto… podemos tomar uma posição. Os meus agradecimentos à Diocese de Trier pela publicação (resumida) do relatório de Milwaukee.

 


Resumo do relatório Biskupic–  publicado pelo Bispado de Trier (inglês, alemão, espanhol):

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Original: alemão (10/7/2022). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

 

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