Pe. Alberto Eronti. Por ocasião do meu Jubileu de Ouro como sacerdote •
Quando, por ocasião do 100º aniversário do nascimento do Padre José Kentenich, um jornalista perguntou ao Padre Alex Menningen, membro do grupo co-fundador de Schoenstatt em 1914: “O que sentiu ao passar uma vida inteira à sombra de um grande homem? A resposta foi: “Não passei a minha vida na sombra, mas na luz de um grande homem”. Faço minhas estas palavras. —
Os meus primeiros conhecimentos sobre o Padre Kentenich vieram do que as pessoas me contaram dele e dos escritos que, nos chegavam do Chile. Tudo despertou em mim uma profunda admiração. Durante os meus anos de noviciado no Chile e durante os meus estudos de filosofia e literatura no Brasil, ouvi muitas críticas e, até ataques viciosos contra o Pai Fundador. Nada alterou a minha grata comunhão com ele e, por tudo o que ele estava enriquecendo a minha vida.
Quando o conheci pessoalmente em 9 de Maio de 1966, o que me impressionou nele? A primeira coisa foi uma proximidade profunda, calorosa, serena e alegre. Toda a sua pessoa possuía a graça do acolhimento. Para ele, cada filho e cada filha era importante. Ele pode ter sido muito exigente, mas nunca deixou de rezar e cuidar de cada filho e filha, por mais difíceis que fossem. Não é fácil o que ele soube utilizar com particular segurança: “firmeza e ternura, as duas mãos do mesmo amor”.
Hoje não se pode ser um sacerdote se não se tem uma paixão por Deus, pelo Homem e pelo mundo
Depois, quando o conheci e ouvi mais sobre ele, a minha admiração aumentou. Aqui estão algumas das características que me impressionaram e me guiaram: Filho perante Deus, pai para os Homens; o calor e a profundidade do seu amor íntimo por Maria, que em criança acolheu como sua Mãe, Refúgio, Educadora, Rainha; a sua enorme consciência de missão, que o fez ousar ao extremo; a sua profecia, capaz da mais lúcida análise das realidades dos tempos, que levou décadas para serem vistas ou aceites, mesmo por outros grandes homens; a sua afirmação de que “hoje não se pode ser sacerdote se não se tem paixão por Deus, pelo Homem e pelo mundo“; a sua capacidade de ouvir e de ler almas. O Pai possuía por excelência as três graças do Santuário: sabia abrigar, sabia encorajar mudanças interiores e sabia enviar para se viver e dar o que se tinha recebido.
Talvez de entre as muitas frases que o retratam, possa citar o último lema que deu à Família Alemã para o “Katholikentag” (um encontro de católicos marcados pelo protagonismo laico): “Alegres na esperança e seguros da vitória, com Maria para os tempos mais novos“. Porquê “com Maria”? Porque Maria é a “bússola” que aponta para o horizonte: Cristo, o Filho amado do Pai.
Em suma: o sacerdócio que me foi conferido, sem a influência próxima e o exemplo do Padre Kentenich, não teria sido o que é. Com ele aprendi a amar a Trindade como uma realidade suprema e próxima, para selar a Aliança com cada Pessoa. Com ele aprendi a amar Maria e, através da Aliança, a levá-la como Mãe, companheira e colaboradora sacerdotal. Através dele aprendi a amar a verdadeira Igreja, aquela que é, e a amá-la com as suas luzes e sombras, como se ama a própria mãe. Através dele, a Família de Schoenstatt tornou-se o meu grande amor sacerdotal e servi-la a minha maior realização. Com todo o respeito, posso dizer dele o que São Paulo disse de Cristo: “Ele amou-me e entregou-se por mim“.
Pe. Alberto E. Eronti
A Missa do Jubileu de Ouro do Pe. Alberto Eronti será transmitida através do canal de YouTube del Santuario de Villa Warcalde
Original: espanhol (22/8/2021). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal