Posted On 2018-04-15 In José Kentenich

Ser ousado como o Padre Kentenich

PARAGUAI, José Argüello •

Na quinta-feira, 15 de Março, o Mons. Claudio Giménez contou-nos episódios inéditos dos dias incipientes do nascimento do Movimento de Schoenstatt no Paraguai e sobre a participação do Padre José Kentenich nesta etapa. Também, nos contou como decorreram alguns encontros pessoais e íntimos com o Fundador e até os pormenores mais íntimos do dia do seu falecimento.—

“… No contexto do Ano do Padre Kentenich ninguém se pode escusar de rezar, ainda que seja uma Ave-maria, pela sua canonização””, lembrando de seguida quando, numa Audiência com o Papa João Paulo II (100º aniversário do nascimento do Padre Kentenich N.T.), um grupo de sacerdotes schoenstatteanos gritava “Santo já! Santo já!”, o Santo Padre retorquiu: “Canonizem vocês o vosso Fundador”. “Esta frase temos que a ter gravada na nossa testa”, assinalou o conferencista, apontando para essa parte da sua cara.

Entre os primeiros episódios mencionados, salientou que, num pequeno grupo fundador do Movimento de Schoenstatt no Paraguai, surgiu a ideia de enviar uma carta ao Padre José Kentenich, manifestando-lhe o desejo de terem uma “hora de vinculação espiritual” com ele e que, a hora escolhida por eles seria as 9 da noite. O compromisso consistia em encomendar-se ao Fundador onde quer que estivessem…na Universidade, na escola…onde quer que fosse…à espera de receber a sua bênção. Enviaram a carta mas, nunca receberam nenhuma resposta, visto que, o Padre Kentenich estava proibido de escrever cartas durante a sua estadia em Milwaukee.

 “Eu sou a cabeçorra que se vê aí…”

A seguir, conta o primeiro encontro que teve com o Pai-Fundador. Mostra uma fotografia onde se vê o Padre Kentenich, uma pessoa ao seu lado e a cabeça de outra pessoa que tapa mais de metade da fotografia: “Eu sou a cabeçorra que se vê aí…” menciona com alegria e orgulho o Mons. Claudio. Depois, conta como a fotografia chegou às suas mãos, por acaso, e diz que lhe foi enviada pelo Pai-Fundador. O Pai devolve-lhe a fotografia, com uma dedicatória datada de 29 de Março de 1966, onde se lê: “Seja a vossa Pátria, terra santa, mariana, schoenstatteana”… este é o desejo do Padre Kentenich ao dirigir-se a um sacerdote paraguaio. “Esta frase é para todos nós”. Mencionou também, como numa ocasião lhe calhou, numa manhã, acompanhar o Padre Kentenich na celebração de uma Missa. A seguir a essa Missa, pôde descrever o Pai como “um ser naturalmente sobrenatural”.

Depois da Missa, O Padre Kentenich convidou o Mons. Claudio – por aquela altura, seminarista – para tomar o pequeno-almoço com ele. Apesar das limitações da língua, o Pai-Fundador dá-lhe o ensinamento seguinte: “Seja fiel à Aliança de Amor com Nossa Senhora, a Mãe de Jesus e tudo lhe correrá sempre bem”.

 

Ajoelhar-se em sinal de Inscriptio

Contou que ao fim de uns anos, o Mons. Claudio e o Pe. Antonio Cosp – ambos em processo de formação – começaram a preocupar-se com o futuro do Movimento no Paraguai, visto que, com ambos fora do país, o crescimento do Movimento estava, naturalmente, comprometido. Foi então que, decidiram fazer a Consagração da Inscriptio[1] pela mão do Fundador e quando lhe expuseram o seu desejo de rezar com ele, ele pergunta-lhes: “Que oração, querem rezar?”… A Inscriptio, responderam. Ao que o Padre Kentenich, acto contínuo, se ajoelhou, e perante o olhar atónito dos jovens seminaristas, que também se tinham ajoelhado, começaram a rezar juntos. Depois desta oração tão especial, cada um deles lhe estendeu o seu livro de orações Rumo ao Céu, onde, em cada um, ele escreveu uma mensagem: ao Padre Antonio escreveu “vão e incendeiem o mundo” e ao Mons. Claudio “tecum sum in aeternum. Mphc [2]”. Estarei eternamente contigo. A Mater cuidará perfeitamente de tudo”.

 “Eu, Pai vou tomar sempre a meu cargo a tua Família”

Em 15 de Setembro de 1068 Mons. Claudio estava em Schoenstatt quando recebe a notícia da parte de um sacerdote alemão que lhe diz: “O Pai acaba de falecer”. Imediatamente, acompanha este sacerdote à Igreja da Adoração onde repousava o corpo sem vida do Fundador. Estavam presentes alguns sacerdotes, a rezar, sentados numa cadeira próxima e também várias Irmãs de Maria com os olhos cheios de lágrimas, como querendo dizer “Façam alguma coisa, por favor”. Monsenhor Claudio conta que, quando se aproxima do corpo do Padre Kentenich, se ajoelha ao seu lado e lhe pega nas mãos, as une e põe por baixo delas o livro de orações Rumo ao Céu, nesse momento e depois de rezar faz a seguinte promessa ao Pai: “ Eu, Pai vou tomar sempre a meu cargo a tua Família”.

Monsenhor Claudio termina o seu maravilhoso testemunho convidando-nos, a todos, a vivermos, plenamente, este Ano do Padre José Kentenich e a convertermos a nossa vida no que ele espera de nós.

O que te diz o Padre Kentenich ao leres este testemunho? Como faço para me assemelhar ao Pe. Kentenich no meio em que me movo? Estou a viver, plenamente, o Ano do Padre Kentenich?

No plano pessoal o Padre Kentenich inspirou-me a transcrever este testemunho do Monsenhor Claudio. È uma coisa tão valiosa que não pode estar limitada às quase 200 pessoas que o ouvimos. O Pai-Fundador diz-me que, está sempre pendente da sua Família e que sempre estará disponível para nós…para interceder com a sua oração. Mas, também me diz que devemos esforçarmo-nos mais para o termos presente, não só na perspectiva piedosa, venerando e admirando-o… mas também sendo ousados como ele. Sinto que ele queria uma Família Ousada. Espero, este ano, poder aprofundá-lo em conhecimento mas, sobretudo, assemelhar-me a ele na sua ousadia.

[1] “Pai, faça-se em cada instante o que para nós tens previsto”. Esta expressão tem a sua origem numa designação do amor como “Inscriptio cordis in cor”, isto é, uma mútua inscrição de corações. Palavra que vem, provavelmente, de Santo Agostinho e que o Padre Kentenich usa pela primeira vez em 1941, para indicar um crescimento na Aliança de Amor, segundo o qual não só se aceita a cruz que, por amor se pede, desde que esteja contemplada no plano de Deus.

[2] Mater perfectam habebit curam: A Mãe cuidará perfeitamente.

 

Original: espanhol (23/3/2018). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

 

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