Posted On 2017-10-06 In José Kentenich

Eu, uma filha do Padre Kentenich

PORTUGAL, Lena Castro Valente •

Tive o privilégio de ser eu a traduzir para português a Homilia que, o Pe. Juan Pablo Cattogio iria pronunciar no dia seguinte – 15 de Setembro de 2017 – na Abertura do Ano Internacional do Padre Kentenich. Logo, nessa altura, me dei conta da profundidade que, na sua singeleza, as suas palavras atingiam. Uma tão grande profundidade, intimidade e sobrenaturalidade que, tocaram as mais profundas fibras do meu coração schoenstatteano. Voltei a lê-la e a relê-la e continuo a descobrir um manancial de vida, de ensinamentos e de força apostólica para melhor viver e difundir o carisma, a mensagem com a sua peculiar pedagogia e o fogo evangelizador “Ide e incendiai o mundo (Pe. Kentenich)” que animava o nosso Fundador. E, é isso que, gostaria, em breves palavras, de partilhar.

Um carisma partilhado

Eu, sua filha, participo do carisma que o Fogo do Espírito suscitou no Padre Kentenich. Esse carisma dado, gratuitamente, ao nosso Fundador para o cumprimento da sua missão- que é a missão de Schoenstatt – também anima o meu coração e fortalece a minha alma. Este carisma é, além disso, uma “vocação” – fui chamada – não porque mereça ou seja melhor que outros mas, por um dom especial do Alto. Há muitos anos atrás, uma Senhora do Instituto de Nossa Senhora de Schoenstatt, Lucília Catarino, que muito privou com o Padre Kentenich durante os anos que ele viveu em Schoenstatt após o exílio, disse-me que lhe tinha ouvido esta afirmação: “Ninguém chega a Schoenstatt sem que a Mater e eu próprio, nos tenhamos posto de acordo”. Um carisma é um dom e uma tarefa…por isso, quando me decidi por Schoenstatt, assumi a missão do Padre Kentenich como uma “obrigação voluntária” na minha vida. Quando, por graça de Deus, selei uma Aliança com o Padre Kentenich e, anos mais tarde me incluí no Jardim de Maria, pela Inscriptio, reforcei essa minha “obrigação voluntária” e, tenho, em vista disso, recebido ajuda e graças do Alto para me manter fiel – o que, nem sempre é o caso. Mas, este carisma partilhado com o Fundador é também, por desígnio de Deus, partilhado com todos os meus irmãos na Aliança de Amor – os que estiveram, estão e hão-de vir – como sempre o afirmou o nosso Pai nos momentos mais importantes da nossa Família. Só, todos unidos, de mãos dadas uns com os outros, levaremos o Padre Kentenich à Igreja e ao mundo. É o mistério das Alianças Fraternas. Quando selei Aliança com a Mater, selei também, no plano horizontal, com todos os que selaram, selam e selarão no futuro a sua Aliança de Amor. É a realidade do Corpo Místico de Cristo.

“Deus pensou-nos juntos desde toda a eternidade”

O Fundador sempre afirmou que não fazia nada sózinho. E, em 20 de Agosto de 1947, expressou-o de uma forma muito clara: “Estava previsto nos desígnios de Deus que, vocês e eu, nos pertencêssemos com uma profundidade singular. Nos planos de Deus nunca devo ter existido sem vós, nem vocês sem mim. Desde a eternidade Deus pensou-nos numa Aliança de Amor…” Então, não é por acaso que o meu caminho se cruzou, nesta terra, com o do Padre Kentenich, porque nos planos de Deus sempre fomos um. Daqui, também decorre a “vocação por Schoenstatt” que é necessária para o cumprimento da missão. Sem o Fundador não há Schoenstatt, nem cada um de nós e, todos juntos, seremos capazes de difundir o carisma e a mensagem.“Deus pensou-o assim, nunca me viu sem vós, nem a vocês sem mim, Ele não quer que eu cumpra a minha missão sem vós – tal como, tão pouco, viu Maria separada de Jesus – Ele pensou-vos, desde toda a eternidade, como meus colaboradores permanentes no cumprimento da minha missão…” Uma grande alegria e uma tremenda responsabilidade.

Então, eu pertenço ao Pai e, ele me pertence. Ele é, verdadeiramente, meu pai no sentido teológico e, eu sou sua filha. Ele cuida de mim e, inculca em mim, um pouco do seu fogo e do seu carisma. O Movimento de Schoenstatt é Patrocêntrico, vê-lo e vivê-lo, apenas, como um Movimento Mariano não é correcto e, é redutor. A minha relação com o Padre Kentenich prefigura a relação que devo ter com Deus Pai. É este o plano de Deus.

O Ano do Padre Kentenich, não o Ano do Pai

Por muito que eu ame o Fundador este vínculo não pode ser, simplesmente, afectivo, sentimental. O vínculo é vital e torna-me partícipe do espírito de Fundador do Padre Kentenich. Este Ano é o Ano do Padre Kentenich, não é o Ano do Pai – esse, já o vivemos na preparação para o Jubileu dos 50 anos do 31 de Maio. Tenho ouvido e, até, lido em alguns lugares, que é o Ano do Pai que o devemos colocar no centro. Não é verdade. A finalidade deste Ano Internacional é a de “abrirmos as portas de Schoenstatt” ou seja, as do nosso coração, para o deixarmos “sair” a evangelizar o mundo. Não é um Ano, somente, para o conhecermos melhor e para o amarmos mais – o que é de extrema importância – é um Ano para, não o “prendermos” só para nós e nos consolarmos com a maravilha de o termos como Pai mas, para lhe permitir que, através dos nossos seres e das nossas obras, a Igreja o conheça, assim como, o mundo. Para que, ele possa, através da vida dos seus filhos, dar resposta às dúvidas, às inquietações e aos males do nosso tempo. Não devemos olhar “para dentro” da Família de Schoenstatt mas, para “fora”. Padre Kentenich em saída, ao encontro das pessoas, da realidade, da vida.

Padre Kentenich, o que farias tu no meu lugar?

A constatação destas realidades, faz-me ver, ainda com mais acuidade, a minha infidelidade, a minha debilidade, a minha preguiça, o lugar que, muitas vezes ocupo, no sofá da minha vida… Por isso, antes de ter a ideia de partilhar esta reflexão, com dor no coração, perguntei-lhe: “Padre Kentenich, o que farias tu no meu lugar? O que devo fazer para que este teu Ano seja fecundo para mim, não como objectivo final, mas como doação de ti, através de mim, aos meus irmãos. Diz-me o que queres que eu faça”.

Que, em cada dia, deste Ano, eu me lembre de lhe fazer estas perguntas e, tenha a paciência e a humildade de ouvir as suas respostas e a coragem de as pôr em prática. Um fecundo Ano do Padre Kentenich para todos e cada um de nós, para a Igreja e para o mundo!

 

Abertura do Ano do Pe. Kentenich

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1 Responses

  1. Isabel castro fernandes says:

    Muito bom
    Como tornar este tipo de informação acessível para quem não vê bem vai ao Facebook?? ??
    Para mim é simples e compreensível ler e estudar só o que quero.
    Como tornar acessível o q aparece em Schoenstatt.org a um clique ….
    Ainda fica a questão de cuidar q se de a conhecer quem se conhece. Tem q haver está dualidade.
    Obrigada por este trabalho!!!
    IsabeI

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