Posted On 2017-04-04 In José Kentenich

Um vínculo pessoal com o fundador que leve a encontrar-se com a sua paternidade e também com a sua professia

Entrevista ao P. Ángel Strada, que fora até janeiro de 2017 o Postulador da Causa de Beatificação do Padre José Kentenich •

Houve repercussão imediata, que foi publicada na mesma página. Outros ecos chegaram-me de forma pessoal. Muitos afirmaram que recordar as facetas humanas do Padre Fundador os ajudava a valorizar ainda mais a sua figura, evitando o perigo de fazer do fundador uma figura mítica. Que uma insistência unilateral nas virtudes heroicas e numa vida impecável, às vezes se tornava num obstáculo para com ele se identificar. Por isso mesmo agradeciam que na minha qualidade de postulador recordasse as facetas humanas. Algumas pessoas tiveram a impressão de que eu acentuava demasiado esse aspeto e chegaram a dizer-me que desejariam que eu salientasse mais as virtudes e os méritos do Padre Kentenich.

  • O Padre Kentenich fala de um ideal de santidade diferente ao da pessoa perfeita sem manchas nem erros. Fala de santidade diária, fala da rejeição do homem de hoje de um santo “já santo desde o berço” e de seu desejo de ver num santo, a uma pessoa que lutou, que fracassou, mas seguiu adiante no amor de Deus, de acordo com uma “Igreja acidentada” que proclama Francisco. ¿Como se ajusta um Padre Kentenich a este ideal de Santidade?

Já em novembro de 1912, nas suas conferências para os congregados, o Padre Kentenich mostrou um ideal de santidade muito realista. Disse que os santos, figuras insignes da humanidade, tiveram que vencer os mesmos obstáculos e dispuseram dos mesmos meios que todos nós para alcançar tão alto ideal. Eles sentiram o peso do pecado, tiveram que superar defeitos e erros, mas com a ajuda dos sacramentos e de uma intensa vida de oração santificaram as suas vidas. Tinha sido esta a sua própria experiência pessoal. Os duros anos de luta, durante todo o tempo de seu noviciado e de seminário, ensinaram-lhe que o seguimento incondicional de Cristo implica sempre uma entrega confiada da limitação pessoal, fracassos, busca. Além disso o sabia pelas vidas de São Paulo, Santo Agostinho, São Francisco de Assis, Santo Inácio, que chegaram à santidade despois de terem superado etapas “acidentadas” em suas vidas. Não tenho dúvidas de que o Papa Francisco aspira à santidade e impressiona-me a forma pública e reiterada como ele se confessa pecador.

  • Celebrámos com muitas pessoas em Schoenstatt e em Roma o jubileu de 100 anos da Aliança de Amor. ¿Como é que o senhor vê o Schoenstatt pós-jubilar no concreto? ¿Vislumbra alguma corrente de vida segundo as categorias del Padre Fundador?

Creio que a celebração do jubileu despertou em muitos o anelo de um Schoenstatt missionário, com presença viva na Igreja e na sociedade. Surgiram novas correntes de vida, outras se fortaleceram. Penso na Campanha da Virgem Peregrina, em iniciativas como a Academia da Família, as obras sociais em distintos países, os colégios que se orientam pela pedagogia do Pai, etc. Todos são modos muito valiosos de concretização da sua mensagem. Os projetos apostólicos evitam que Schoenstatt fique reduzido a um movimento de espiritualidade. E de alguma maneira, concretizam a visão profética do fundador: “À sombra do santuário se ajudará a decidir os destinos da Igreja”.

  • Às vezes parece que reduzimos o Padre Kentenich a umas frases do chamado “Telefone do Pai”, a homem com a barba branca que nos desde o céu nos sorri, e à oração por um milagre para que seja canonizado. ¿Como evitar que o Padre Kentenich fique reduzido a “um santo mais”?

É claro que a riqueza da vida e do carisma do Padre Kentenich oferece múltiplas formas de encontro com ele. Os milhares de testemunhos da sua fama de santidade vão desde o de uma avó alemã que implorou a sua ajuda para encontrar as chaves do automóvel até ao de uma funcionária do governo alemão que numa visita “casual” ao túmulo do Pai decidiu buscar ajuda para solucionar as sus dúvidas de fé e voltar à prática religiosa. O importante é que cada schoenstattiano cultive um vínculo pessoal com o fundador, que o leve a encontrar-se com sua paternidade e também com sua profecia. O Padre Kentenich não só viveu heroicamente as virtudes cristãs mas também foi portador de uma mensagem de renovação e essa mensagem ele a confiou a nós.

  • Muitos preguntam pelos escritos do Pai, que ainda não estão ao alcance de todos, como a Carta do 31 de maio. Por outro lado, nota-se que aquilo que já há, como por exemplo o Kentenich Reader, muitas vezes não se conhece ou não se lê. ¿Como podemos estudar bem o Padre Kentenich para nos enchermos do seu espírito e não dependermos do “nos dizem que o P. Kentenich disse…”?

Creio que quem adere ao carisma do Pai Fundador está perante a tarefa de o conhecer para o poder viver e anunciar a outros. Mais todavia, recordando que o mesmo fundador sustentou que esse carisma não era propriedade privada sua, mas um património de toda la Família. Uma boa experiência consiste em escolher um tema que motiva e buscar nos diferentes escritos o pensamento do Pai a esse respeito. Seria de desejar que se formem círculos de estudo para aprofundar esse pensamento e fazê-lo entrar em diálogo com outros autores ou para publicá-lo. Muitos sentimos que devemos encontrar novos caminhos e desenvolver novas iniciativas para superar o escasso conhecimento e a pouca presença do pensamento e obra do Pai Fundador nos círculos eclesiais.

  • ¿Como explica o senhor a grande cercania entre a imagem da Igreja preconizada pelo Papa Francisco e a do Padre Kentenich? ¿Podemos ainda falar do Padre Kentenich como profeta e de Schoenstatt como movimento de renovação, quando a Igreja, na era Francisco, parece correr para a meta posta pelo Padre Kentenich, pero em parte mais rapidamente que nós os schoenstattianos?

Penso que a pessoa e o magistério do Papa Francisco são una clara confirmação do carisma profético do Pai Fundador. É certo que ele parece correr para a meta mais rapidamente que nós. Mas ele tem o seu campo de responsabilidade e nós temos o nosso. Ambos ao serviço do povo de Deus. É preciso não esquecer que o magistério do Papa não alcança todos os seus frutos se não encontra pessoas e comunidades que o encarnem na vida concreta da Igreja. O mesmo Papa nos pediu que não nos deixemos estar, que não guardemos algo que recebemos para entregá-lo. Disse-nos que o carisma não é um objeto de museu para conservá-lo numa vitrina. Já antes São João Paulo II, em 1985, nos recordou que “fostes chamados a ser participantes da graça que recebeu vosso fundador e a pô-la à disposição de toda a Igreja. Porque o carisma dos fundadores se revela como uma experiência do Espírito, que é transmitida aos próprios discípulos para que eles a vivam, guardem, aprofundem e desenvolvam constantemente em comunhão e para o bem de toda a Igreja, a qual vive e cresce em virtude da sempre renovada fidelidade a seu Divino Fundador”. Não pode nem deve faltar nenhuma das quatro tarefas que menciona o Santo Padre: viver, guardar, aprofundar e desenvolver o carisma.

 

  • ¿Qual foi a tarefa mais difícil que lhe tocou realizar durante o seu trabalho no Processo de Beatificação do P. Kentenich?

Uma tarefa que exigiu bastante tempo e dedicação a mim e a muitas pessoas que colaboraram generosamente foi a classificação e avaliação da grande quantidade de escritos do fundador: milhares de cartas e de conferências, exercícios espirituais, homilias, estudos sobre diversos temas. A que se juntam os escritos relativos à sua pessoa e à sua fundação. O Padre Kentenich teve uma vida longa e possuía uma enorme capacidade de trabalho. Além disso desde muito cedo se quis recolher seu ensinamento. Elaborámos um índice de mais de 30.000 escritos que se encontram nos distintos arquivos, dos quais a comissão de história escolheu 8.000 escritos que se incorporaram à documentação do processo de canonização e no seu idioma original serão apresentados à congregação para as causas dos santos.

  • Para encerrar vem o típico de cada entrevista a um “famoso” – os gloriosos sete pontos – mas postos tendo em conta o seu vínculo com el Padre Kentenich:
  • Um livro: A proposta evangelizadora de Schoenstatt (P. Hernán Alessandri)
  • Uma frase: “A mão no pulso do tempo e o ouvido no coração de Deus” (PK)
  • Uma data: 18 de outubro de 1914
  • Uma foto: o Pai com o Papa Paulo VI, em 22 de dezembro de 1965
  • Um gesto: a visita do Pai a Mons. Stein depois do tempo de exílio em Milwaukee
  • Uma pregunta a ele: ¿Como fez para se reconciliar interiormente com seu pai?
  • Um sonho: sua canonização

 

 

As perguntas foram expressadas por colaboradores de schoenstatt.org de Argentina, Espanha, Estados Unidos e Alemanha.

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Original: espanhol. Trad.: P. Manuel Alves, Portugal

Temos de renunciar a uma imagem do nosso Fundador, onde tudo é perfeito

 

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