Posted On 2013-01-22 In José Kentenich

“Agora compreendo que aqueles que não quiseram ser vítimas de Deus e que pelo contrário desfrutam com alegria da vida que Ele lhes deu, estão em Schoenstatt”

CHILE, Carmen M. Rogers. Há tempos preparei com uma amiga e colega de escola um anuário com as recordações e biografias de cada uma das licenciadas em 1962. Foi uma bela oportunidade de conhecer e gostar mais de cada uma com todas as suas qualidades e debilidades. Chamou a atenção da minha amiga – uma conhecida jornalista e escritora – o facto de muitas delas pertencerem ao Movimento de Schoenstatt, completamente desconhecido para a maioria das pessoas nos anos 60. Então ofereci-lhe o livro “O Rebelde de Deus” de Christian Feldmann, com a esperança de que um dia o lesse…

Esta é a sua carta, um testemunho sobre o nosso Fundador e um tributo à sua paternidade que poucos schoenstatteanos escreveriam com tanta clareza e admiração.

“Hoje li na praia entre as 12 e as 20h o livro que me ofereceste. Obrigada, agora sei mais sobre ti, a Melena, o Patito, os seus pais, os seus irmãos, a sua viúva, os meus netos, etc.

Sublinho as frases, “estava tão focado nas ideias e tarefas que não podia permitir que o meu coração pertencesse a alguém…”, parece pureza virginal mas não é, é amor impessoal, culto às ideias alheio à vida…

Chamou-me a atenção que já no princípio de século XX se deu conta de que, tal como ele o sofreu, era o século dos filhos sem pai.

Repara que refere que se deve falar na primeira pessoa: “eu quero” e não “quer-se”, e fá-lo 50 anos antes de Fernando Flores descobrir a teoria da linguagem; porque é muito diferente dizer “eu penso” de “penso” ou “pensa-se”. Até o “se” retira posse e responsabilidade.

Como não existem casualidades, mas as coincidências que te ajudam a perceber se estás no bom caminho, na página 88 é transcrita uma carta que escreve a um moribundo, onde lhe fala da morte. Ontem, quando te escrevi o e-maill sobre a página que me enviaste, tinha ido ver o Gonçalo, com um derrame cerebral há seis meses de olhos abertos que parecem não ver, paraplégico, com traqueotomia, sonda para se alimentar. Não se sabe se ouve; é só a segunda vez que vou vê-lo. Fiquei um pouco mais tempo, peguei-lhe na mão e conversei entre aspas. Senti que às vezes me apertava a mão mas depois a sua prima disse-me que ele apertava e soltava a mão mas não se sabe se ouve alguma coisa.

Bem, fica-se sempre na dúvida se o que se fez foi para o bem ou não, e hoje o teu profeta ensinou-me que é assim que deve ser.

Vou guardar para mim as palavras da Bíblia: “No princípio era o Verbo”; de Goethe “no princípio existia a ação”; e de Kentenich “no princípio existia o coração”.

Em vez de descobrir em que pequei, descobrir o que consegui. Ou dizendo de outra forma: em que é não fui feliz podendo sê-lo.

Obrigada, querida, agora compreendo que aqueles que não quiseram ser vítimas de Deus e que pelo contrário desfrutam da vida que Ele lhes deu, estão em Schoenstatt.

Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

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