celo apostólico

Posted On 2023-01-15 In Francisco - Mensagem

A paixão pela evangelização ou, por outras palavras, o zelo apostólico

PAPA FRANCISCO, ciclo de catequese dedicado à «paixão pela evangelização» •

O Papa fala de Schoenstatt! Quantas vezes foi motivo de milhares de mensagens em redes sociais e de grande entusiasmo ouvir o Santo Padre dizer a palavra “Schoenstatt”, “Kentenich”, “Aliança” … Entretanto, o Papa Francisco também falou várias vezes a Schoenstatt, sendo o marco o que disse na Audiência Jubilar em 2014. E agora fê-lo novamente. Ele fala de Schoenstatt e falará durante várias semanas sobre Schoenstatt, ou seja, sobre a essência e a razão de ser deste Movimento fundado para o apostolado. Falará ele também a Schoenstatt com estas palavras? —

Celo apostólico

Na Audiência Geral de quarta-feira, 11 de Janeiro, o Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequese dedicado à “paixão pela evangelização”. Afirmou que o alegre anúncio do Evangelho até aos confins da terra é uma dimensão vital para a Igreja, partindo do próprio ambiente, sem proselitismo mas por atracção: “Nesta catequese começamos um novo argumento: a paixão pela evangelização ou, por outras palavras, o zelo apostólico.

Zelo apostólico. Um conceito da época da fundação de Schoenstatt. Schoenstatt não é um clube de auto-santificação, disse um Pe. Kentenich já alguns anos após a fundação – embora, evidentemente, a autenticação seja essencial em Schoenstatt, mas não é esse o objectivo. Também não é um clube de bons amigos onde se encontra abrigo e conforto e se partilha risos, refeições e valores – embora, claro, comunidade, solidariedade, seja indispensável, mas não é esse o objectivo. O que define Schoenstatt e schoenstatteanos é a paixão pela evangelização, o zelo apostólico.

“Um tema urgente e decisivo para a vida cristã”: e para a Igreja, que nasce missionária e está chamada a ser “testemunha contagiosa de Jesus”, que se estende para “irradiar a sua luz até aos extremos confins da terra”.

Parafraseando o Papa Francisco – o zelo apostólico é um tema urgente e decisivo para a vida de Schoenstatt e para Schoenstatt, que nasce missionário, que nasce apostólico, e chamado a ser uma “testemunha contagiosa de Jesus”, que se estende para “irradiar a sua luz até aos confins da terra”, sendo estes confins da terra muitas vezes mais próximos do que pensamos.

“Mas quando a vida cristã perde de vista o horizonte da evangelização, o horizonte do anúncio, adoece: fecha-se em si mesma, torna-se autorreferencial, atrofia-se. Sem zelo apostólico, a fé esmorece”.

misiones

Aqui está o texto integral, como dito para nós e como uma forma de nos renovar na nossa missão como schoenstatteanos.


Catequeses – A paixão pela evangelização: o zelo apostólico do crente. O chamado ao apostolado (Mt 9,9-13)

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje começamos um novo ciclo de catequeses, dedicado a um tema urgente e decisivo para a vida cristã: a paixão pela evangelização, ou seja, o zelo apostólico. Trata-se de uma dimensão vital para a Igreja: com efeito, a comunidade dos discípulos de Jesus nasce apostólica, nasce missionária, não proselitista e desde o início deveríamos distinguir isto: ser missionária, ser apostólica, evangelizar não é o mesmo que fazer proselitismo, nada tem a ver uma coisa com a outra. Trata-se de uma dimensão vital para a Igreja, a comunidade dos discípulos de Jesus nasce apostólica e missionária. O Espírito Santo plasma-a em saída – a Igreja em saída, que sai – para que não fique fechada em si mesma, mas seja extrovertida, testemunha contagiosa de Jesus – a fé também se contagia – destinada a irradiar a sua luz até aos extremos confins da terra. Contudo, pode acontecer que o ardor apostólico, o desejo de alcançar os outros com o bom anúncio do Evangelho, diminua, se torne tíbio. Às vezes parece eclipsar-se, são cristãos fechados, não pensam nos outros. Mas quando a vida cristã perde de vista o horizonte da evangelização, o horizonte do anúncio, adoece: fecha-se em si mesma, torna-se autorreferencial, atrofia-se. Sem zelo apostólico, a fé esmorece. Ao contrário, a missão é o oxigénio da vida cristã: tonifica-a e purifica-a. Então, empreendamos um caminho à redescoberta da paixão evangelizadora, começando pelas Escrituras e pelo ensinamento da Igreja, para haurir das fontes o zelo apostólico. Depois, abordaremos algumas nascentes vivas, algumas testemunhas que reacenderam na Igreja a paixão pelo Evangelho, a fim de que nos ajudem a reavivar o fogo que o Espírito Santo quer fazer arder sempre em nós.

E hoje, gostaria de iniciar com um episódio evangélico de certo modo emblemático, que acabámos de ouvir: a chamada do apóstolo Mateus, e ele mesmo narra-a no seu Evangelho, no excerto que ouvimos (cf. 9, 9-13).

Tudo começa com Jesus, que “vê” – diz o texto – «um homem». Poucos viam Mateus como era: conheciam-no como aquele que estava «sentado no banco dos impostos» (v. 9). Com efeito, era cobrador de impostos: ou seja, alguém que cobrava os tributos em nome do império romano, que ocupava a Palestina. Em síntese, era um colaboracionista, um traidor do povo. Podemos imaginar o desprezo que o povo sentia por ele: era um “publicano”, assim se chamava. Mas, aos olhos de Jesus, Mateus é um homem, com as suas misérias e a sua grandeza. Estai atentos a isto: Jesus não se detém nos adjetivos, Jesus procura sempre o substantivo. “Este é um pecador, este é um tal pelo qual…” são adjetivos: Jesus vai à pessoa, ao coração, esta é uma pessoa, este é um homem, esta é uma mulher, Jesus vai à substância, ao substantivo, nunca ao adjetivo, põe de lado os adjetivos. E enquanto entre Mateus e o seu povo há distância – pois eles viam o adjetivo “publicano” – Jesus aproxima-se dele, porque cada homem é amado por Deus; “Até este desventurado?”. Sim, inclusive este desventurado, aliás Ele veio para este desventurado, diz o Evangelho: “Vim para os pecadores, não para os justos”. Este olhar de Jesus que é belíssimo, que vê o outro, quem quer que seja, como destinatário de amor, é o início da paixão evangelizadora. Tudo começa a partir deste olhar, que aprendemos com Jesus.

Podemos perguntar-nos: como vemos os outros? Quantas vezes vemos os seus defeitos e não as suas necessidades; quantas vezes etiquetamos as pessoas pelo que fazem ou por aquilo que pensam! Até como cristãos, dizemos: é ou não é dos nossos? Este não é o olhar de Jesus: Ele olha sempre para cada um com misericórdia, aliás, com predileção. E os cristãos são chamados a fazer como Cristo, olhando como Ele, especialmente para os chamados “distantes”. Efetivamente, a narração da chamada de Mateus conclui-se com Jesus que diz: «Não vim chamar os justos, mas os pecadores!» (v. 13). E se algum de nós se sente justo, Jesus permanece distante, Ele aproxima-se dos nossos limites e das nossas misérias, para nos curar.

Portanto, tudo começa pelo olhar de Jesus “Viu um homem”, Mateus. A isto segue-se – segunda passagem – um movimento. Antes do olhar, Jesus viu, depois a segunda passagem, o movimento. Mateus estava sentado no banco dos impostos; Jesus disse-lhe: «Segue-me!». E ele «levantou-se e seguiu-o» (v. 9). Observemos que o texto realça: “levantou-se”. Por que é tão importante este detalhe? Porque naquela época quem estava sentado tinha autoridade sobre os outros, que permaneciam em pé diante dele para o ouvir ou, como nesse caso, para pagar os impostos. Em síntese, quem estava sentado tinha poder. A primeira coisa que Jesus faz é separar Mateus do poder: do estar sentado para receber os outros, põe-no em movimento rumo aos outros, não recebe, não: vai até aos outros; fá-lo deixar uma posição de supremacia para o colocar no mesmo nível dos irmãos e para lhe abrir os horizontes do serviço. É isto que faz, e isto é fundamental para os cristãos: nós, discípulos de Jesus, nós, Igreja, permanecemos sentados à espera que as pessoas venham, ou sabemos levantar-nos, pôr-nos a caminho com os outros, procurar os outros? É uma posição não cristã dizer: “Mas, que venham, estou aqui, que venham”. Não, vai tu procura-los, dá tu o primeiro passo.

Um olhar – Jesus viu – , um movimento – levanta-se – e terceiro, uma meta. Depois de se levantar e seguir Jesus, para onde irá Mateus? Poderíamos imaginar que, tendo mudado a vida daquele homem, o Mestre o conduziu para novos encontros, novas experiências espirituais. Não, ou pelo menos não imediatamente. Em primeiro lugar, Jesus vai a sua casa; ali, Mateus prepara-lhe «um grande banquete», no qual «participa uma grande multidão de publicanos» (Lc 5, 29) isto é, pessoa como ele. Mateus regressa ao seu ambiente, mas volta mudado e com Jesus. O seu zelo apostólico não começa num lugar novo, puro, num lugar ideal, distante, mas lá, começa onde vive, com as pessoas que conhece. Eis a mensagem para nós: não devemos esperar ser perfeitos e ter percorrido um longo caminho atrás de Jesus para dar testemunho d’Ele; o nosso anúncio começa hoje, lá onde vivemos. E não começa procurando convencer os outros, convencer não: mas testemunhando todos os dias a beleza do Amor que olhou para nós e nos fez levantar e será esta beleza, comunicar esta beleza que convencerá as pessoas, não comunicar a nós, mas o Senhor. Somos aqueles que anunciam o Senhor, não anunciamos a nós mesmos, nem anunciamos um partido político, uma ideologia, não: anunciamos Jesus. É preciso pôr Jesus em contato com as pessoas, sem as convencer, mas deixar que o Senhor convença. Com efeito, como nos ensinou o Papa Bento XVI, «a Igreja não faz proselitismo. Ao contrário, ela desenvolve-se por atração» (Homilia na Missa de Inauguração da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, Aparecida, 13 de maio de 2007). Não esqueçais isto: quando virdes cristãos que fazem proselitismo, que fazem uma lista de gente que venha… estes nãos são cristãos, são pagãos disfarçados de cristãos mas o coração é pagão. A Igreja não cresce por proselitismo, cresce por atração. Recordo que certa vez num hospital de Buenos Aires foram embora as religiosas que ali trabalhavam porque eram poucas e não podiam levar em frente o hospital e veio uma comunidade de irmãs da Coreia e chegaram, pensemos por exemplo numa segunda-feira, não me lembro o dia. Tomaram posse da casa das religiosas do hospital e na terça-feira desceram para visitar os doentes, mas não falavam uma palavra em espanhol, falavam apenas o coreano e os doentes estavam felizes, pois comentavam: “Ótimas estas religiosas, boas, excelentes” – Mas o que te disse a irmã? “Nada, mas com o olhar falou-me, comunicou-me Jesus”. Não comuniquemos a nós mesmos, mas com o olhar, com os gestos, comuniquemos Jesus. Esta é a atração, o contrário do proselitismo.

Este testemunho atraente, este testemunho jubiloso é a meta para a qual Jesus nos conduz com o seu olhar de amor e com o movimento em saída que o seu Espírito suscita no coração. E podemos pensar se o nosso olhar se assemelha ao de Jesus para atrair as pessoas, para aproximar à Igreja. Pensemos nisto.

 

Fonte: vatican.va

https://www.youtube.com/watch?v=0zZeJ7Dda6k&embeds_euri=https%3A%2F%2Fwww.vatican.va%2F&feature=emb_imp_woyt&ab_channel=VaticanNews-Portugu%C3%AAs

Coordenação da tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

 

Tags : , , , , , ,

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *