Posted On 2016-05-24 In Francisco - Mensagem

Maria é memória vivente do Filho e viva invocação do Espírito Santo

FRANCISCO EM ROMA – ANO SANTO DA MISERICÓRDIA •

O Papa Francisco presidiu no Domingo, 15 de Maio, na Basílica de S. Pedro, a Missa da Solenidade de Pentecostes. Na sua Homilia lembrou que a missão de Jesus, culminada com o Dom do Espírito Santo, tinha por finalidade essencial “reatar a nossa relação com o Pai, arruinada pelo pecado”; “ tirar-nos da condição de órfãos e restituir-nos à condição de filhos”. O Espírito é dado pelo Pai e leva-nos ao Pai.

As palavras de Jesus na Solenidade de Pentecostes – assinalou Francisco – “Não vos deixarei órfãos» (Jo 14, 18), fazem pensar também na presença maternal de Maria no Cenáculo. “A Mãe de Jesus está no meio da comunidade dos discípulos reunida em oração: é memória vivente do Filho e viva invocação do Espírito Santo”. É a Mãe da Igreja, lembrou.

Homilia do Papa Francisco no Pentecostes

«Não vos deixarei órfãos» (Jo 14, 18). A missão de Jesus, que culmina no dom do Espírito Santo, tinha este objetivo essencial: reatar a nossa relação com o Pai, arruinada pelo pecado; tirar-nos da condição de órfãos e restituir-nos à condição de filhos.

Ao escrever aos cristãos de Roma, o apóstolo Paulo afirma: «Todos os que se deixam guiar pelo Espírito, esses é que são filhos de Deus. Vós não recebestes um Espírito de escravidão que vos escravize e volte a encher-vos de medo; mas recebestes um Espírito que faz de vós filhos adotivos. É por Ele que clamamos: Abbá, ó Pai!» (Rm 8, 14-15). Aqui temos restabelecida a relação: a paternidade de Deus reativa-se em nós graças à obra redentora de Cristo e ao dom do Espírito Santo.

O Espírito é dado pelo Pai e leva-nos ao Pai. Toda a obra da salvação é uma obra de regeneração, na qual a paternidade de Deus, por meio do dom do Filho e do Espírito, nos liberta da orfandade em que caíramos. No nosso tempo, também se constatam vários sinais desta nossa condição de órfãos: a solidão interior que sentimos mesmo no meio da multidão e que, às vezes, pode tornar-se tristeza existencial; a nossa suposta autonomia de Deus, que aparece acompanhada por uma certa nostalgia da sua proximidade; o analfabetismo espiritual generalizado que nos deixa incapazes de rezar; a dificuldade em sentir como verdadeira e real a vida eterna, como plenitude de comunhão que germina aqui e desabrocha para além da morte; a dificuldade de reconhecer o outro como irmão, porque filho do mesmo Pai; e outros sinais semelhantes.

A tudo isto se contrapõe a condição de filhos, que é a nossa vocação primordial, é aquilo para que fomos feitos, o nosso «DNA» mais profundo mas que se arruinou e, para ser restaurado, exigiu o sacrifício do Filho Unigênito. Do imenso dom de amor que é a morte de Jesus na cruz, brotou para toda a humanidade, como uma cascata enorme de graça, a efusão do Espírito Santo. Quem mergulha com fé neste mistério de regeneração, renasce para a plenitude da vida filial.

«Não vos deixarei órfãos». Neste dia, festa de Pentecostes, tais palavras de Jesus fazem-nos pensar também na presença maternal de Maria no Cenáculo. A Mãe de Jesus está no meio da comunidade dos discípulos reunida em oração: é memória vivente do Filho e viva invocação do Espírito Santo. É a Mãe da Igreja. À sua intercessão, confiamos de maneira especial todos os cristãos, as famílias e as comunidades que, neste momento, têm mais necessidade da força do Espírito Paráclito, Defensor e Consolador, Espírito de verdade, liberdade e paz.

O Espírito – como afirma igualmente São Paulo – faz com que pertençamos a Cristo: «Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse não Lhe pertence» (Rm 8, 9). E, consolidando a nossa relação de pertença ao Senhor Jesus, o Espírito faz-nos entrar numa nova dinâmica de fraternidade. Através do Irmão universal que é Jesus, podemos relacionar-nos de maneira nova com os outros: já não como órfãos, mas como filhos do mesmo Pai bom e misericordioso. E isto muda tudo! Podemos olhar-nos como irmãos, e as nossas diferenças fazem apenas com que se multipliquem a alegria e a maravilha de pertencermos a esta única paternidade e fraternidade.

Tradução das palavras do Santo Padre: vatican.va

Coordenação da Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

 

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