Posted On 2016-01-30 In Francisco - Mensagem

O Santuário é a casa do perdão

FRANCISCO EM ROMA – ANO SANTO DA MISERICÓRDIA •

Não sabemos quantos Reitores e encarregados da Pastoral de Santuários de Schoenstatt estiveram presentes e ouviram o Papa Francisco falar da recepção ao peregrino: “É importante que o peregrino que chega ao Santuário, cansado e com fome, se sinta tratado como da família, deve sentir-se em casa, esperado, amado e observado com olhos de misericórdia”. É uma das mensagens que o Papa Francisco dirigiu a mais de 3.000 participantes do Jubileu de Santuários e Peregrinações, que foram, por ele, recebidos na Sala Paulo VI, na quinta-feira, dia 21 de Janeiro, no Ano da Misericórdia.

“Acho que nos deve interpelar a todos os schoenstatteanos e às Pastorais dos nossos 200 Santuários”, comenta Juan Zaforas da redacção de schoenstatt.org. “O Santuário é a casa do perdão. Com a riqueza que temos (200 Santuários espalhados por todo o mundo) temos que SAIR e oferecê-los a toda a gente. No Ano da Misericórdia, que melhor altura”.

Quanta alegria devem despertar as palavras de Francisco sobre a importância da “espiritualidade popular” na Campanha da Mãe Peregrina, essa piedade que, desde há séculos, moldou a fé com devoções singelas mas, muito significativas.

Um programa para todas as Pastorais dos Santuários, desde o Original, via Belmonte, aos Santuários de concorrência maciça como Tupãrenda, Atibaia ou Queretaro, até aos que apenas recebem dois ou três peregrinos por dia:” Acolher os peregrinos”. Com o acolhimento, por assim dizer, “arriscamos tudo”. Um acolhimento afectuoso, festivo, cordial e paciente. A paciência também é necessária!” Paciência quando, no final do dia não querem sair do Santuário; paciência no momento da chegada em grande número ou mais rapazes do que os previstos; paciência no momento de conversar, chorar, rezar, sem a preocupação do santo silêncio: paciência quando sujam a carpete ou quando roubam tempo ao apóstolo sempre apressado. “Às vezes, basta, simplesmente uma palavra, um sorriso, para fazer uma pessoa sentir-se acolhida e querida”

Quantas histórias podem contar os guardiões ou servidores do Santuário; (convidamo-los a fazê-lo)! Quantas vezes tudo fazem para que “o peregrino que cruza o umbral do Santuário se sinta tratado mais do que se fosse uma visita mas, como uma pessoa da família. Deve sentir-se em casa, esperado, amado e olhado com olhos de misericórdia. Seja quem for, jovem ou idoso, rico ou pobre, doente ou turista curioso, podem encontrar o acolhimento requerido, porque, em cada um, está um coração que procura Deus, por vezes, sem se dar, plenamente, conta”.

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Texto integral do discurso do Santo Padre.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Acolho-vos, cordialmente a todos, operadores das Peregrinações aos Santuários. Peregrinar aos Santuários é uma das mais eloquentes expressões da fé do povo de Deus e, expressa a piedade de gerações de pessoas que, com simplicidade acreditaram e se encomendaram à intercessão de Nossa Senhora e dos Santos. Esta religiosidade popular é uma forma genuína de evangelização que, necessita ser, sempre, promovida e valorizada, sem minimizar a sua importância.

É curioso: o Beato Paulo VI na Evangelii nuntiandi, fala da religiosidade popular, mas diz que, é preferível chamá-la “piedade popular”. E, depois, o episcopado Latino-americano no Documento de Aparecida dá mais um passo e fala de “espiritualidade popular”. Os três conceitos são válidos, mas em conjunto.

Nos Santuários, de facto, a nossa gente vive a sua profunda espiritualidade, essa piedade que, desde há séculos, moldou a fé com devoções singelas mas, muito significativas. Pensemos na intensidade, em alguns destes lugares, da oração a Cristo Crucificado, ou a do Terço, ou a da Via Crucis…

Seria um erro pensar que, quem peregrina vive uma espiritualidade, não pessoal mas, “de massas”. Na realidade, a peregrinação leva consigo a própria história, a própria fé, luzes e sombras da vida mesma. Cada um, leva no coração um desejo especial e uma oração particular. Quem entra no Santuário sente-se, em seguida, em casa, acolhido, compreendido e apoiado. Gosto muito da figura bíblica de Ana, a mãe do Profeta Samuel. Ela, no Templo de Silo, com o coração cheio de tristeza rezava ao Senhor para ter um filho. O sacerdote Eli pensava que estava embriagada e quis expulsá-la (cfr. 1 Sam1, 12-14). Ana representa bem muitas coisas que se podem encontrar nos nossos Santuários. Os olhos fixos no Crucifixo ou na Imagem de Nossa Senhora, uma oração feita com as lágrimas nos olhos, cheia de confiança. O Santuário é, realmente, um espaço privilegiado para se encontrar o Senhor e, tocar com a mão a Sua Misericórdia. Confessar num Santuário é fazer experimentar, tocar com a mão, a Misericórdia de Deus.

Por isso, a palavra-chave que, desejo sublinhar, hoje, convosco é acolhimento: acolher os peregrinos. Com o acolhimento, por assim dizer, “arriscamos tudo”. Um acolhimento afectuoso, festivo, cordial e paciente. A paciência também é necessária! Os Evangelhos apresentam-nos Jesus sempre acolhedor com todos os que se aproximam d’Ele, especialmente, os doentes, os pecadores, os marginalizados. E, lembramos a sua expressão:” Quem vos acolher a vós, acolhe-me a mim e, quem me acolhe, acolhe Aquele que me enviou” (Mt 10,40). Jesus falou do acolhimento mas, sobretudo, praticou-o. Quando nos é dito que os pecadores – por exemplo, Mateus e Zaqueu – acolhiam Jesus na sua casa e à sua mesa, é porque, sobretudo, eles se tinham sentido acolhidos por Jesus e, isto transformara a sua vida. É interessante que o Livro dos Actos dos Apóstolos termine com a cena de S. Paulo que, aqui, em Roma, “acolhia todos os que vinham ter com ele” (Act 28,30). A sua casa, onde morava como prisioneiro, era o lugar onde anunciava o Evangelho. O acolhimento é, realmente, determinante, para a Evangelização. Por vezes, basta, simplesmente, uma palavra, um sorriso, para fazer uma pessoa sentir-se acolhida e querida.

O peregrino que chega ao Santuário, frequentemente, está cansado, com fome, com sede… E, muitas vezes, esta condição física afecta também a condição interior. Por isso, esta pessoa necessita ser bem acolhida, tanto no plano material como no espiritual. É importante que, o peregrino que cruza o umbral do Santuário se sinta tratado mais do que se fosse uma visita mas, como uma pessoa da família. Deve sentir-se em sua casa, esperado, amado e olhado com olhos de misericórdia. Seja quem for, jovem ou idoso, rico ou pobre, doente ou turista curioso, podem encontrar o acolhimento requerido, porque, em cada um, está um coração que procura Deus, por vezes, sem se dar, plenamente, conta”. Façamos com que, cada peregrino tenha a alegria de se sentir, finalmente, compreendido e amado. Deste modo, ao regressar a casa sentirá saudades do que experimentou e terá o desejo de voltar mas, sobretudo, quererá continuar o caminho de fé na sua vida ordinária.

Um acolhimento completamente especial é o que oferecem os ministros do perdão de Deus. O Santuário é a casa do perdão, onde cada um se encontra com a ternura do Pai que tem misericórdia de todos, sem excluir ninguém. Quem se aproxima do confessionário, fá-lo, porque está arrependido, está arrependido do seu pecado. Sente a necessidade de se aproximar dali. Percebe, claramente que, Deus não o condena mas que, o acolhe e o abraça, como o pai do filho pródigo para lhe devolver a dignidade filial (cfr. Lc 15, 20-24). Os sacerdotes que desempenham um ministério nos Santuários devem ter o coração impregnado de misericórdia, a sua atitude deve ser a dum pai.

Queridos irmãos e irmãs, vivamos com fé e com alegria este Jubileu: vivamo-lo como uma única e grande peregrinação. Vocês, de modo especial, vivem o vosso serviço como uma obra de misericórdia corporal e espiritual. Por isso, podeis contar com a minha oração, por intercessão de Maria, nossa Mãe. E, vós, por favor, acompanhai-me, também a mim, na minha peregrinação. Obrigado.

Original: espanhol. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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