Posted On 2020-03-14 In leigos e família

Quem melhor que um casal para servir outros casais

Entrevista a Sonia e José Zaracho, Hohenau, Paraguay •

 Com alegria e um certo orgulho apresentamos a entrevista #7 com casais da Obra Familiar de Schoenstatt sobre um discurso do Papa Francisco no dia 25 de Janeiro. Os temas deste discurso fizeram-nos lembrar o que o próprio Francisco disse, pediu e exigiu para o segundo século de Schoenstatt: “Acompanhar noivos e casais, especialmente nas paróquias e como um serviço à Igreja e aos próprios casais“. Sonia e José Zaracho, de Hohenau, que pertencem ao Movimento Apostólico de Schoenstatt da Diocese de Encarnación, Paraguai, fazem isso há 30 anos. —

 

A entrevista com eles foi feita por Maria Fischer, que foi convidada para a casa deste casal há cinco anos, e que sempre estiveram dispostos a recebê-la nas suas visitas a Encarnación e a mostrar-lhe toda a beleza da região e da sua gente.

Mais uma vez o Papa Francisco (no seu discurso à Rota Romana) sublinha a importância do “trabalho pastoral do catecumenado pré e pós-matrimonial”. Além disso, ele exige que os casais se encarreguem deste trabalho pastoral. Qual é a vossa experiência nesta matéria? A responsabilidade dos casais pelo cuidado pastoral dos noivos é algo habitual no vosso ambiente, ou mesmo algo único ou exótico?

Trabalhamos há 30 anos na paróquia, na catequese pré-matrimonial e, como diz o Papa Francisco, precisamos que muitos casais sintam este chamamento para se envolverem nesta bela tarefa.Muitas vezes temos o problema de que os párocos não dão aos casais o espaço para desenvolverem esta tarefa e, por isso, muitos casais mostram-se relutantes em colaborar nas paróquias.

Somos também parte integrante da Pastoral Familiar Diocesana, e temos um programa de trabalho para toda a Diocese com catequese pré-matrimonial para os noivos que vão celebrar o seu casamento, e também a catequese dos casais que já estão a viver em comum, mas sem o sacramento, que aqui no Paraguai chamamos de “casais em concubinato” ou “casais em união de facto”.

Dentro do nosso projecto diocesano, temos previsto formar a Pastoral de Noivos neste ano de 2020.

Quais são as reacções dos noivos ou dos jovens casais a estar com um casal ou casais na Pastoral pré-matrimonial?

Os jovens que participam nas palestras de formação pré-matrimonial ficam realmente surpreendidos com os temas abordados, com o facto de haver casais que prestam este serviço aos noivos que se vão casar e, sobretudo, com a actualidade dos temas. Na nossa paróquia, Espíritu Santo, em Hohenau-Itapúa, fazemos um registo dos casais que participam durante o ano e, no final do ano, no dia em que se celebra a Sagrada Família, são convidados a assistir à Missa para renovarem os seus votos.

Na sua alocução à Rota Romana, o Santo Padre, a partir do exemplo do casamento de Priscilla e Áquila, diz que “os casais, que o Espírito certamente continua a encorajar, devem estar prontos “a sair de si mesmos e a abrir-se aos outros, a viver a proximidade, o estilo de viver juntos, que transforma cada relação inter-pessoal numa experiência de fraternidade”. Como  é vivida essa atitude no trabalho apostólico que vocês fazem como casais?

Realmente, deveria ser dado mais espaço aos casais que têm o carisma para servir os casais, que têm esse testemunho de vida familiar… Cada dia a nossa Igreja precisa mais dos leigos empenhados em dar tudo de si para fortalecerem a fé e as famílias. É o tempo dos leigos, é o tempo de se ser uma família em saída!

O apostolado que realizamos dentro da Pastoral Familiar e da catequese pré-matrimonial é muito enriquecedor. Cada casal com quem trabalhamos fortalece-nos e recorda-nos de quando estávamos no seu lugar. Enche as nossas almas de graça e dá-nos a força para continuarmos a trabalhar para eles e para construirmos esta nova comunidade fraterna de Homens Novos, para formarmos famílias santas para o bem da nossa Igreja e do próprio mundo.

 “A Igreja é enviada a levar o Evangelho para as ruas e para alcançar as periferias humanas e existenciais. Faz-nos lembrar o casamento de Aquila e Priscilla”, diz Francisco aos Bispos e pastores. Pela vossa experiência, porque é que os casais podem levar o Evangelho para as ruas melhor do que os outros e como o fazem? Porque é que chegam melhor às periferias humanas?

Os casais podem fazer melhor este trabalho porque o fazem a partir da sua própria experiência de vida, das suas dificuldades e alegrias, da sua própria fé, das suas lutas. Eles transmitem as suas experiências e como lutam para superar as dificuldades.

É muito mais fácil ensinar com o exemplo, evangelizar com o testemunho de vida, com muita coerência. Isso atinge as pessoas muito profundamente e assim a evangelização nas periferias e nas ruas é muito mais convincente.

Casais em movimento “é o que nossas paróquias precisariam, especialmente em áreas urbanas, onde o pároco e os seus colaboradores clericais nunca terão tempo ou força para chegar aos fiéis que, embora se declarem cristãos, não frequentam os sacramentos e estão privados, ou quase privados, do conhecimento de Cristo”, diz Francisco. Quais são as experiências que vocês têm nesta área?

É difícil para os párocos chegarem aos noivos ou aos casais. Eles têm muito trabalho e devem dedicar-se plenamente aos Sacramentos e a outras obras da Igreja.

São os leigos que devem estar ao serviço do seu pároco e da sua paróquia para trabalhar com os casais, com a  catequese em si, com os jovens.Os fiéis prestam muita atenção ao testemunho de vida dos casais que trabalham na Pastoral Familiar ou na catequese pré-matrimonial. Temos uma equipa de quatro casais que estão a trabalhar. Também ajudamos os casais em crise e partilhamos com eles a nossa própria vida e ficamos fortalecidos quando conseguimos tirá-los das suas dificuldades.

Que outro aspecto do discurso vos faz pensar no vosso trabalho, em modo de confirmação ou exigência?

O apelo feito pelo Papa Francisco no seu discurso para que vivamos o nosso casamento como Áquila e Priscilla, para sermos coerentes, para sermos testemunhas, ou seja, para darmos testemunho do casamento cristão que celebrámos em Cristo Jesus, que Ele é o nosso companheiro de caminhada na nossa vida conjugal.

 

Sonia Zaracho, Maria Fischer, José Zaracho, 2018 en Encarnación

Sonia Zaracho, Maria Fischer, José Zaracho, 2018 em Encarnación

Original: espanhol (7/3/2020). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

Texto integral do discurso do Papa Francisco:

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