Posted On 2020-02-09 In leigos e família

Abrir a nossa casa para recebermos estes jovens e acompanhá-los, aproximou-nos como casal

Entrevista ao casal José Alejandro Martínez e Anelena Hueda, Costa Rica, activos na Pastoral de Noivos •

“Trabalhar com noivos tem sido uma alegria para nós. Sentimos que é uma bênção de Deus”, comentaram Anelena Hueda e José Alejandro Martínez, quando o discurso do Santo Padre à Rota Romana começou a circular nas redes de colaboradores do schoenstatt.org.  O papel de “casais em movimento” ao serviço de outros casais e noivos, o serviço na paróquia – este é o terreno próprio de Schoenstatt na Costa Rica. “Na Costa Rica temos uma grande colaboração nas paróquias… Para a próxima Jornada Nacional de Dirigentes, tiveram a engenhosa ideia de que cada schoenstatteano use um “crachá” ou identificador com o nome da paróquia a que pertence ou na qual colabora? É claro que não se pode perder uma entrevista com um casal da Costa Rica que, desde há vários anos, se destaca no trabalho com noivos, José Alejandro Martínez e Anelena Hueda.

Jornada de noivos

Mais uma vez o Papa Francisco (no seu discurso à Rota Romana) sublinha a importância do “trabalho pastoral do catecumenado pré e pós-matrimonial”. Além disso, exige que faz falta que casais se encarreguem desta Pastoral. Qual é a vossa experiência?

Trabalhar com noivos tem sido uma alegria para nós. Sentimo-lo como uma bênção de Deus, uma vez que nos permitiu passar, novamente, por muitos momentos do nosso próprio relacionamento de namoro . Tanto o namoro que tivemos antes do nosso casamento como o namoro que continuámos a ter quando já éramos casados. Não temos dúvidas que ao trabalhar com estes jovens que estão prestes a dar um passo tão fundamental, ao tentar desde a nossa pequenez guiá-los, partilhando com eles as nossas experiências, sucessos, limitações, etapas de felicidade e tristeza, uma vez que fomos nós,os que mais recebemos.

A responsabilidade dos casais já casados pela Pastoral de Noivos é algo habitual no vosso ambiente, ou uma coisa única ou exótica?

Na Costa Rica, a nível paroquial, tem existido o acompanhamento aos casais de noivos. No entanto, pensamos que a iniciativa da Pastoral de Noivos que Schoenstatt desenvolveu aqui durante os últimos 3 – 4 anos foi muito inovadora e fecunda. Não me parece que muitos Movimentos estejam a trabalhar nisso, e no nosso caso, além da novidade, acreditamos que tem sido a pedagogia do nosso Pai e Fundador que tem contribuído com um valor acrescentado único. A isto devemos acrescentar que o programa desenvolvido pelo Padre Horacio Rivas no Chile (que tem servido de base para o desenvolvimento do nosso trabalho pastoral), juntamente com as iniciativas promovidas pela nossa originalidade local, tanto o Assessor Nacional (Padre José Luis Correa), como o resto dos casais que compõem a equipa pastoral, são sem dúvida, as ferramentas que a Mater tem utilizado para consolidar este projecto que é dela.

 

 Jornada de Noivos

Quais são as reacções dos noivos ou dos jovens casais ao estarem com um casal ou casais na Pastoral pré-matrimonial?

As reacções têm sido extremamente positivas. A abordagem que sempre quisemos adoptar é que os noivos sintam que são acompanhados por casais que eles reconhecem como uma espécie de “irmãos mais velhos”. Por outras palavras, nem tão jovens que os vejam como seus pares, nem tão velhos que os vejam como seus pais. Isto permite-lhes sentirem-se suficientemente próximos para se abrirem, mas sem perderem essa relação de respeito. Além disso, os encontros são realizados na casa do casal que os acompanha, o que permite que os noivos que estão prestes a casar sintam aquela dinâmica familiar que em breve viverão na casa que estão prestes a começar a construir.

No seu discurso à Rota Romana, o Santo Padre, a partir do exemplo do casamento de Priscilla e Áquila, diz que “os casais, que o Espírito certamente continua a encorajar, devem estar prontos “a sair de si próprios e a abrir-se aos outros, a viverem a proximidade, o estilo de viver juntos, que transforma cada relação inter-pessoal numa experiência de fraternidade”. Como esta atitude é vivida no trabalho apostólico que vocês fazem como casais?

Abrir a nossa casa para receber estes jovens e acompanhá-los aproximou-nos como casal e uniu-nos, como uma família, com os nossos filhos. Claro que nos expomos nas nossas misérias, porque não há casamento sem problemas ou família perfeita, mas ver estes jovens a trabalharem nos temas e oficinas que o programa oferece, e depois vê-los a rezar juntos no nosso Santuário-Lar quando terminam uma reunião, representa para nós uma retribuição directa de Deus. Num mundo onde a família e o casamento são atacados com uma ferocidade nunca antes vista, a doação e a entrega através deste apostolado tem-nos enchido de esperança.

 

“A Igreja é enviada para levar o Evangelho para as ruas e a alcançar as periferias humanas e existenciais. Faz-nos lembrar o casamento de Áquila e Priscilla”, diz Francisco aos bispos e pastores. Da vossa experiência: Porquê e como podem os casais levar o Evangelho para as ruas melhor do que os outros?

Não diriamos necessariamente que os casais podem levar o Evangelho melhor do que os outros para as ruas. O que podemos dizer é que é muito importante que os casais participem da obra de evangelização. Para poder levar o Evangelho a outras pessoas, primeiro é necessário vivê-lo. Não esqueçamos que não podemos dar o que não temos. Portanto, se a nossa vocação é para o casamento, então viver o Evangelho no casamento deve ser um dos nossos principais objectivos como esposos. E então, a partir daí, podemos, como casal, colaborar nessa sagrada missão evangelizadora, tanto através do nosso testemunho como através da originalidade dos nossos ideais matrimoniais.

Porquê e como chegam melhor às periferias humanas?

Num mundo tão secularizado como este em que vivemos, onde Deus é cada vez mais esquecido, torna-se necessário trazê-lo de volta aos nossos vizinhos, às famílias, às casas, às escolas e universidades, aos locais de trabalho, às redes sociais ou outros espaços virtuais, em suma, a todas as esferas da nossa vida. Na realidade de hoje, este é um desafio que nós, católicos de hoje, casados ou solteiros, homens ou mulheres, leigos ou consagrados, temos de enfrentar com grande coragem e vigor. Não devemos ter medo de ser portadores da mensagem de Redenção de Cristo, e assim tornarmos-nos agentes activos da Santa Igreja a partir das nossas diferentes modalidades e vocações. Os casais católicos têm um papel importante a desempenhar nesta tarefa, e devemos sempre inspirar-nos na Sagrada Família para levar Cristo onde quer que vamos.

Casais em movimento “é o que as nossas paróquias precisariam, especialmente nas zonas urbanas, onde o pároco e os seus colaboradores clericais nunca terão tempo ou força para chegar aos fiéis que, embora se declarem cristãos, não frequentam os sacramentos e estão privados, ou quase privados, do conhecimento de Cristo”, diz Francisco. Quais são as experiências que têm nesta área?

Neste trabalho de acompanhamento de noivos, acredito que como casais temos a oportunidade de guiar e aconselhar estes jovens a partir das nossas experiências e vivências. Para tentar transmitir-lhes a esperança e a confiança de que a decisão pelo casamento e pela família, de mãos dadas com Cristo e Maria, nos levará à plenitude. Que é possível lutar e esforçarmos-nos por alcançar a santidade a partir da nossa vocação matrimonial e que, podemos, sempre, contribuir para o caminho de santidade do nosso cônjuge. Que é possível educar os nossos filhos na fé, e que podemos transmitir-lhes o dom de uma fé forte e bem enraizada. Esta missão de fazer Igreja doméstica é sem dúvida um ideal elevado que, se o conseguirmos, poderemos reflectir através do testemunho, tanto dentro dos nossos lares (com os nossos filhos) como fora, no nosso meio. Isto de “a palavra convence, mas o exemplo arrasta”, temos sido capazes de verificar que é praticamente uma verdade absoluta.

Que outro aspecto do discurso vos faz pensar no vosso trabalho, em modo de confirmação ou de exigência?

Sem dúvida, ao lermos o discurso, ressoou em nós, com força, o apelo concreto do Papa para que sejam os casais casados a realizar a Pastoral do catecumenado pré e pós matrimonial. Isto porque o sentimos como uma confirmação quase directa que, Deus nos deu através de Francisco, sobre esta obra que Deus nos pediu para levarmos a cabo. Além disso, a frase sobre as “duas pérolas” a que se refere (que são proximidade e gratuitidade) também ecoou nos nossos corações. Isto porque, depois de acompanharmos noivos, estes dois pontos específicos têm sido um denominador comum pelo qual nos têm agradecido constantemente. Valorizam muito a proximidade do acompanhamento, onde através do programa que implementámos na Costa Rica lhes permitiu abrirem-se um ao outro, bem como a nós, no nosso papel de casal que os orienta. E apreciaram, de maneira especial, que este dom do casal que os acompanha nesta caminhada tenha sido um dom (que é aquele factor de gratuitidade que o Papa menciona). Portanto, pareceu-nos muito providencial ouvir estes dois pontos particulares neste discurso.

 

Jornada de novios

 

Foto de abertura: Os entrevistados com os noivos que têm acompanhado e que, em breve, se vão casar, e lhes pediram para serem seus padrinhos

 

Original: espanhol (3/2/2020). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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