Padre

Posted On 2021-01-12 In Ano de S. José

São José pai da coragem criativa

HOMENS SÃO JOSÉ | Roberto Henestrosa, Bolívia

The Joseph Challenge 2021 by schoenstatt.org, only for men  (O Desafio José 2021 de schoenstatt.org, apenas para homens): Homens de diferentes opções vocacionais na Aliança de Amor, de diferentes países e gerações, deixam-se desafiar pela carta sobre José do Papa Francisco Patris Corde, “esta figura extraordinária, tão próxima da nossa condição humana” e partilham o que mais os influencia e motiva na figura de São José e na carta do Santo Padre sobre ele. Roberto Henestrosa, de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, escolheu o ponto 5 – Pai de coragem criativa – para o seu testemunho.

De uma leitura superficial destas narrativas tem-se sempre a impressão de que o mundo está à mercê dos fortes e poderosos, mas a “boa nova” do Evangelho consiste em mostrar como, apesar da arrogância e violência dos governantes terrenos, Deus encontra sempre uma forma de cumprir o seu plano de salvação.

Até a nossa vida, por vezes, parece estar nas mãos de forças superiores, mas o Evangelho diz-nos que Deus consegue sempre salvar o que é importante, na condição de termos a mesma coragem criativa que o carpinteiro de Nazaré, que soube transformar um problema numa oportunidade, colocando, sempre em primeiro lugar, a confiança na Providência. Se, às vezes parece que Deus não nos ajuda, isso não significa que, Ele nos tenha abandonado, mas que Ele confia em nós, no que podemos planear, inventar e encontrar. É a mesma coragem criativa demonstrada pelos amigos do paralítico que, a fim de o apresentarem a Jesus, o fizeram descer pelo telhado (cf. Lc 5,17-26).

A dificuldade não impediu a audácia e a obstinação desses amigos. Estavam convencidos de que Jesus podia curar os doentes e “como não o podiam trazer por causa da multidão, subiram ao alto da casa e fizeram-no descer na maca através das telhas e colocaram-no no meio das pessoas em frente de Jesus. Quando Jesus viu a fé deles, disse ao paralítico: “Homem, os teus pecados estão perdoados”! (Lc 5, 19-20).

Jesus reconheceu a fé criativa com que estes homens tentaram trazer até ele o seu amigo doente. O Evangelho não dá qualquer informação sobre o tempo em que Maria, José e o Menino permaneceram no Egipto. O que é certo, porém, é que eles devem ter precisado de comer, encontrar uma casa, um emprego. Não é preciso muita imaginação para preencher o silêncio do Evangelho a este respeito. A Sagrada Família teve de enfrentar problemas concretos como todas as outras famílias, como muitos dos nossos irmãos e irmãs migrantes que ainda hoje arriscam as suas vidas face à adversidade e à fome. A este respeito, acredito que São José é verdadeiramente um santo padroeiro especial para todos aqueles que, têm de abandonar as suas terras por causa da guerra, ódio, perseguição e miséria.

Coração de Pai. Muito se diz que Maria foi escolhida como a cheia de graça, mas São José também foi escolhido por Deus, um anjo também se lhe apresentou, aquele que lhe confiou o nome de Jesus. Um humilde carpinteiro, um homem justo, um homem corajoso que saiu de Nazaré para Belém para ver o seu filho nascer.

Construiu uma manjedoura como um bom carpinteiro, criando um lugar acolhedor.

No passado, também nós estivemos na nossa Nazaré, tivemos aquele momento em que aprendemos que, devemos deixar para trás muitas coisas para, ver nascer outras em Belém. O filho que Deus me confiou é Andrés, o primeiro que vi nascer no meu Belém.

Uma conversa com Andrés

Ontem tivemos uma dessas conversas que só podem começar brevemente com um pré-adolescente a caminho da sua academia de futebol.

  • Pai: Viste que tu podes fazer muitas coisas? (Deixando a oficina, ao mostrar-lhe uma bancada já meio construída para um laboratório)
  • Filho: Sim, mas falta ser polida e pintada.
  • Pai: (Eu mostrei-lhe uma fotografia acabada) É assim que vai ser!
  • Filho: Boa!
  • Pai: Quando pões paixão nas coisas que queres, podes fazer tudo. O que gostarias que te fizesse?
  • Filho: Uma máquina do tempo!
  • Pai: Do tipo em que entras e apareces no futuro?
  • Filho: Sim!
  • Pai: Entrar e parecer adormecido e ver os teus sonhos, os teus anseios, os teus medos e acordar com o tempo a correr para o futuro, sem te aperceberes disso.
  • Filho: Isso, mas não vais conseguir fazê-la. Estava apenas a testar-te.
  • Pai: Dessas já fiz cinco !
  • Filho: (Rosto de incredulidade)
  • Pai: Fiz uma em carvalho, bem presa ao chão. Outra de dois compartimentos, em pinho mais jovem. E a última que fizemos numa encosta, com três compartimentos para manter a magia com que se volta ao passado, se vive o presente e se projecta no futuro. Também criei um espaço com portas de correr onde podes esconder-te e passar muito tempo em jogos.
  • Filho: Mostra-me as fotografias.
  • Pai: Filho, eu desenhei as camas no nosso quarto onde eu e a mãe dormimos, sonhamos, nos amamos, brincamos contigo e acordamos todos os dias entre as 7 e as 8 horas sem quase darmos por isso. Também concebemos a do teu quarto e do Federico, onde agora passas a maior parte do teu tempo, onde tens a cumplicidade do teu companheiro de vida, o teu irmão. As camas das tuas irmãs Emma e Catalina, onde guardam os seus brinquedos fofinhos, bonecas, utensílios de cozinha e de cabeleireiro, onde fazem voar os seus sonhos. Onde se escondem e brincam nesse lugar que é apenas delas. Tudo feito em madeira.

A criatividade e a coragem de São José

A criatividade não é apenas criar algo novo, é muito mais, é montar um burro toda a vida, esperando e projectando-te no teu filho, é deixares-te levar pelos planos de Deus para ti. É descobrir o amor em torno desses planos, é a receber, de forma positiva, os ensinamentos do que, por vezes, achamos difícil de aceitar.

A criatividade de São José, Padroeiro da Igreja, foi corajosa, como nos cabe a nós sermos corajosos nestes tempos em que Deus nos dá novamente um espaço para estarmos confinados em família, conhecendo-nos, apoiando-nos, colaborando uns com os outros, amando-nos, sonhando juntos que o futuro será melhor, porque seremos melhores.

Que a coragem de São José nos ensine que a morte, sendo ele o seu padroeiro, é mais um passo em direcção à vida, onde com criatividade podemos aceitar os planos de Deus na sua Divina Providência.

Hoje, é a nossa vez de sermos mais corajosos e criativos, é a nossa vez de acompanharmos, solidariamente, as famílias mais vulneráveis da nossa sociedade. Cabe-nos a nós entrar nas nossas máquinas do tempo e sonhar como São José, para que possamos planear, inventar e encontrar, com coragem, tempos melhores.

Devemos acompanhar os mais necessitados com uma cultura de Aliança mais viva do que nunca. Hoje é o tempo dos sonhadores!

Creatividad

Original: Espanhol (9/1/2021). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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