Posted On 2019-02-24 In JMJ Panama 19

Peregrinando à JMJ em família

JMJ2019 COSTA RICA E PANAMÁ, por José A. Martínez e Anelena Hueda •

Este ano de 2019 teve, sem dúvida, um começo muito cheio de bênçãos para a Família de Schoenstatt da Costa Rica, para esta comunidade do Movimento que se congrega à volta do Santuário Família de Esperança, sempre à procura de tornar vida o Lema que encerra o nome do nosso Santuário… E, foi precisamente isso que, a Divina Providência nos presenteou através do que se viveu durante os Encontros das Juventudes de Schoenstatt, com a celebração do HINENI e do IGNIS 2019, uma Família com a esperança renovada, reforçada. Tudo isto coroado com a visita do Papa ao Panamá para a JMJ que, encheu de graça estas terras da América Central e, quem peregrinou para se encontrar com ele junto do Canal.

Semana Prévia à JMJ na Costa Rica

A verdade é que, como casal, não tínhamos planeado deslocar-nos ao Panamá. Nunca o tínhamos encarado seriamente por diversas razões… outros compromissos pessoais, o trabalho, o que na Costa Rica chamamos a “cuesta de enero” (habitualmente um mês complicado financeiramente por causa dos gastos extraordinários de Dezembro), etc.

Centrámo-nos em colaborar naquilo que o Movimento, em geral, e a equipa de organizadores, pudesse precisar para que, os Encontros prévios das Juventudes, fossem um êxito e que, os mesmos servissem para que os jovens, Padres, Irmãs, Assessores, missionários e outros participantes pudessem preparar os seus corações no nosso Santuário e chegarem assim incendiados à Jornada. Enfim, eramos só mais uma pequena peça na engrenagem que a Família do Movimento da Costa Rica desenvolveu para organizar HINENI e IGNIS, mais um casal dos muitos que, se ofereciam, com alegria, e dentro do anonimato para fazer alguns, dos inúmeros e modestos mas, necessários, trabalhos requeridos para apoiar as actividades.

Mas, como costuma acontecer nas missões, em que o “missionário é o primeiro evangelizado”, pois, acabou sendo inevitável ser-se prisioneiro do contágio de toda essa alegria, esse entusiasmo e essas emoções que saíam desses Encontros de Juventudes que, presenciávamos como testemunhas e colaboradores mas, ao princípio, não como colaboradores directos. Como muitos outros casais, não pudemos resistir a dar esse passo que nos levou a sentirmo-nos coparticipantes de todo esse fogo que emanava dos jovens, das Missas, das Adorações, dos cânticos, do Santuário. E, foi assim que nos começámos a perguntar como seria o acontecimento na JMJ e, a ansiar seguir o caminho destes jovens que iam peregrinar do nosso Santuário ao Panamá.

Contudo, imediatamente começavam as dúvidas, “apanhou-nos já tarde para o planearmos”, “o trabalho”, “de certeza que não haverá lugar nem nos autocarros nem nos voos”, “os hotéis já devem estar cheios”, “ os custos devem ser muito elevados pela proximidade das datas”…Então, dissemos um ao outro “é melhor descartar a ideia”, mas por essas coisas inexplicáveis, do mesmo modo, decidimos pôr a intenção no nosso Santuário-Lar e pô-la na oração. No dia seguinte, encontrámo-nos com um Padre do Movimento, antes de uma palestra de jovens profissionais que, muito providencialmente, é o próprio Padre de Schoenstatt que o Papa Francisco confessou ter-lhe oferecido uma imagem da MTA que, ele tem na mesa-de-cabeceira. Vinha do Panamá (onde fazia a ligação entre o Vaticano e a organização da JMJ) e que, imediatamente, nos anima a darmos esse passo, a não perdermos a oportunidade de assistir ao Encontro com o Santo Padre, a arriscarmos ir à última da hora visto que, tem a certeza absoluta que, não nos arrependeremos. Diz-nos que se damos o nosso sim, que de certeza as portas se abrirão e encontrar-nos-emos lá. Que ia rezar por isso.

E, assim foi, como um dia antes da chegada de Francisco à JMJ acabámos por nos decidir e começámos à procura da maneira de podermos chegar ao Panamá. Para nosso assombro, tudo nos foi sendo oferecido para podermos peregrinar à JMJ em família (com a excepção da nossa filha mais velha que, já estava na Jornada com o seu grupo da Juventude de Schoenstatt). Sem dúvida, estava no querer de Deus, e pensar que quase não nos atrevemos a tentar por ideias pré-concebidas negativas, dissemos quase em uníssono.

 

JMJ no Panamá

Chegámos à cidade do Canal cheios de alegria mas, um bocado ansiosos visto que, não tínhamos a certeza do que se iria passar com o alojamento, se conseguiríamos poder assistir às actividades com o Papa por causa dos bilhetes de entrada, enfim, com a incerteza de fazer uma viagem à última da hora e com pouquíssimo planeamento (praticamente nenhum). Nem sequer a nossa filha mais velha sabia que iríamos, pois tudo se concretizou estando ela já no acampamento da Juventude na JMJ. Mas, não podíamos transmitir aos nossos filhos essa sensação de ansiedade, eles que transbordavam emoção por todos os poros pois que, nunca tinham imaginado estar ali, nem sequer um dia antes.

Mas, a Mãe cuidou perfeitamente de nós e, nessa mesma noite pudemos estar com todos os peregrinos do Movimento, no Festival Mariano, que tinham preparado na Paróquia de S. Francisco de la Caleta. Esse espírito schoenstatteano de sermos, sempre, acolhidos como irmãos, sentimo-lo logo. Fomos recebidos de braços abertos por muitas caras conhecidas que ficavam espantadas de nos ver ali. Reencontrámo-nos com queridos companheiros de Schoenstatt (tanto Ticos como estrangeiros) e, fomos fazendo novos amigos. A nossa filha mais velha não sabia se era um fantasma ou se era a sua irmã mais nova quando, de repente, a viu ao seu lado. E o Padre que nos animou a não deixarmos passar a oportunidade de peregrinar, entre gargalhadas e abraços dizia-nos em espanhol mas, com sotaque português, “que alegria, a família enlouquecida animou-se a vir”.

O Festival Mariano, espetacularmente musicado pelo Padre Santi Cacavelos, pelo Padre Pepo Celis e outros, culminou com o Hino de Franz Reinisch cantado a plenos pulmões pelos jovens presentes (e por alguns que não eram tão jovens mas que se sentiam como se o fossem). Foi a mensagem de envio final que nos foi oferecida pelo nosso querido Cruz Negra através do tempo e por meio das vozes da juventude para irmos encontrar-nos com o Santo Padre no dia seguinte na Via Sacra.

 

Essa noite foi apenas o começo de uma aventura única, de um percurso de vários dias em que aquela alegria vivida nos, HINENI e IGNIS, continuaria a crescer dentro de todos, graças à fé que partilhamos e às mensagens de Francisco que, tanto interpelam mas que, também, com uma linguagem simples e de acordo com os nossos tempos, acertam no alvo – foi maravilhoso ver tantos jovens captarem, com toda a naturalidade, este conceito de Maria como influencer de Deus. Onde pudemos respirar ares de regozijo divino e experimentar esse amor que só se sente quando se abre o coração a Cristo, essa alegria que irradia e se percebe quando se caminha junto do outro, quando se dá o encontro entre irmãos

Finalmente, confessamos que, de facto, tivemos alguns incómodos e, um ou outro contratempo. Mas nada que fizesse a mais leve sombra ao que recebemos como família, ao ouvirmos os alaridos de emoção da nossa filha de sete anos por ter o Papa a passar a poucos metros de distância de si, enquanto a levávamos aos ombros, ver o nosso filho de 11 anos a caminhar com o seu camarada, o Pe. José Luís, enquanto percorriam juntos as ruas da Cidade do Panamá, com esse sentimento de encanto partilhado, por saberem que, em breve estariam com o Santo Padre, por sermos testemunhas da felicidade que resplandecia na cara da nossa filha adolescente e das suas amigas do grupo das Aliadas, por fazerem parte dos milhares de jovens que acorriam ao encontro do seu amigo Francisco, pela oportunidade que nos deu Deus Pai de vermos o nosso querido amigo Luís Fe ser convidado a partilhar o palco com o Vigário de Cristo para transmitir uma mensagem aos peregrinos presentes, pelo privilégio de podermos ouvir, em primeira mão, a mensagem do Pontífice exortando-nos a ser “o agora de Deus” e a “rezarmos por ele”, pelas graças que lá se palpavam, em cada dia, pela convivência e o caminhar de toda uma Igreja jovem e disponível da qual agora nos sentimos mais parte que nunca, enfim, pelos momentos partilhados que, ficarão tatuados na alma para o resto das nossas vidas.

 

Regresso a casa

E, assim, regressámos a casa uns dias depois, sendo os mesmos de sempre mas, também, mudados (ainda que soe estranho). Com esperanças renovadas num mundo onde as notícias negativas e os ataques aos nossos valores católicos fazem parte do menú especial de todos os dias. Com a nossa confiança na Providência Divina fortalecida visto que, sem dúvida, partimos para o Panamá no último minuto, correndo alguns riscos com isso. E, com o desafio de aprendermos um pouco de português nos próximos três anos, albergando o anseio de reencontrarmos o Padre que nos deu o impulso e de o poder cumprimentar, em Lisboa, desta vez na sua língua.

 

 

Original: espanhol (17/2/2019). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

 

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