China

Posted On 2018-09-29 In Francisco - iniciativos e gestos, Francisco - Mensagem

Um momento histórico para a Igreja: de novo pontes em vez de muros

PONTOS EM VEZ DE MUROS, PAPA FRANCISCO, redacção •

É um momento histórico para a Igreja universal. Põe-se fim às duas Igrejas católicas na China que conviviam até à data. A oficial e a clandestina. Em troca, Pequim reconhece o Papa como chefe único. Pontes em vez de muros: A fé muda a história. —

O Secretário de Estado, Pietro Parolin, artífice e defensor do acordo, explicou, numa mensagem em vídeo, a substância: “Pela primeira vez, hoje, todos os Bispos na China estão em comunhão com o Santo Padre, com o Papa, com o Sucessor de Pedro. (…) É necessário unidade, é necessário confiança, como também é necessário ter bons Bispos que sejam reconhecidos pelo Papa, pelo Sucessor de Pedro e, pelas legítimas Autoridades civis do seu país”.

O Papa Francisco na Audiência Geral de hoje, 26 de Setembro, disse: “Queridos irmãos e irmãs, no sábado passado, 22 de Setembro, foi assinado em Pequim um Acordo Provisório entre a Santa Sé e a República Popular da China sobre a nomeação dos Bispos na China. O Acordo é o resultado de um longo e ponderado caminho de diálogo, destinado a fomentar uma colaboração mais positiva entre a Santa Sé e as Autoridades chinesas para o bem da comunidade católica na China e para a harmonia da sociedade. Neste espírito decidi dirigir aos católicos chineses e a toda a Igreja universal uma Mensagem fraternal de ânimo que, será publicada hoje.

Com isto, espero que se possa abrir uma nova fase na China que ajude a curar as feridas do passado, a restabelecer e a manter a plena comunhão de todos os católicos chineses e a assumir, com compromisso renovado, o anúncio do Evangelho. Queridos irmãos e irmãs, temos uma tarefa importante! Estamos chamados a acompanhar com fervorosa oração e amizade fraternal os nossos irmãos e irmãs na China. Eles sabem que não estão sozinhos. Toda a Igreja reza com eles e por eles. Pedimos a Nossa Senhora, Mãe da Esperança e Auxílio dos Cristãos que abençoe e guarde todos os católicos na China, enquanto, para todo o povo chinês invocamos de Deus o dom da paz”.

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO AOS CATÓLICOS CHINESES E À IGREJA UNIVERSAL

A oração do Papa pela China

Em nome de toda a Igreja imploro do Senhor o dom da paz, ao mesmo tempo que convido a todos a invocar comigo a proteção materna da Virgem Maria:

Mãe do Céu, escutai a voz dos vossos filhos, que humildemente invocam o vosso nome.

Virgem da esperança, confiamos-Vos o caminho dos crentes na nobre terra da China. Pedimo-Vos que apresenteis ao Senhor da história as tribulações e as canseiras, as súplicas e os anseios dos fiéis que a Vós se dirigem, ó Rainha do Céu!

Mãe da Igreja, consagramos-Vos o presente e o futuro das famílias e das nossas comunidades. Guardai-as e sustentai-as na reconciliação entre irmãos e no serviço a favor dos pobres que bendizem o vosso nome, ó Rainha do Céu!

Consoladora dos aflitos, voltamo-nos para Vós, porque sois refúgio de quantos choram na provação. Velai pelos vossos filhos que louvam o vosso nome, fazei que levem, unidos, o anúncio do Evangelho. Acompanhai os seus passos em prol dum mundo mais fraterno, fazei que levem a todos a alegria do perdão, ó Rainha do Céu!

Maria, Auxílio dos Cristãos, pedimos-Vos para a China dias de bênção e paz. Ámen!

A evangelização passa por um profundo amor pela cultura de um Povo

A Companhia de Jesus na China tem uma longa história que começou há vários séculos – há 500 anos – com o Pe. Matteo Ricci. No contexto do acordo histórico, o director da conhecida revista jesuíta “Civiltá Cattolica”, o Pe. Antonio Spadaro, diz:

“Para nós, Jesuítas, este Acordo significa muito, porque dizemos que a China está presente no coração de cada Jesuíta. Matteo Ricci é um homem que se formou na cultura renascentista e, absorvendo a cultura europeia, decidiu ir para a China. Precisamente esta sua formação permitiu-lhe dialogar com a cultura deste grande país: ele se apaixonou por ela e a absorveu. Depois dele, os Jesuítas absorveram esta cultura, mesmo o Confucionismo, e a transmitiram à Europa. Então, em que modo influenciaram a Europa? É impressionante como a evangelização, para esses primeiros Jesuítas, passa pelo profundo amor à cultura de um povo. Logo, não há nenhum desejo de evangelização fundamentalista, quase como missão cultural, mas o desejo de encontrar um povo com suas ideias e costumes. Fiquei muito impressionado pelo fato de que o “Global Times”, um jornal oficial chinês, no dia do Acordo assinado entre a China e a Santa Sé, tenha definido o Papa Francisco como “o primeiro Papa jesuíta”; fazendo um confronto direto com Matteo Ricci, disse que “este homem, como seu Predecessor, tinha e tem uma relação muito flexível e dinâmica quanto à evangelização, capaz de amar o seu povo”. Isto me impressionou muito, porque este é exatamente o significado do Acordo: construir a confiança, amar um povo!»

A missão da internacionalidade

Schoenstatt e uma Família internacional. Expandiu-se germinal ou generosamente, em muitos países, continentes e espaços culturais. Schoenstatt é também internacional porque promove uma inter-relação entre os povos e facilita um enriquecimento entre os mesmos.

Por “internacionalidade” entendemos a capacidade de aceitar tensões mundiais como um desafio à unidade na diversidade. Toda a pluralidade cria tensões, podem ser criadoras ou destruidoras de vida. Serão criadoras na medida em que os povos, estimulando-se mutuamente, se complementam no seu ser e função próprios. Serão negativas quando tratem de se anular, não reconhecendo a realidade de serem parte ou desprezando e eliminando as outras. A internacionalidade suplanta as competências infrutíferas e destruidoras na convivência mundial e transforma-as em geradoras de paz e crescimento humanitário e social.

A atitude de profundo respeito por cada povo, raça e cultura pertence ao estilo próprio do Padre Kentenich. Uma das suas recomendações é:

“Aqueles que trabalharem no estrangeiro, tratem com cuidado o sentimento nacional dos povos que se estão ainda a forjar, porque é facilmente vulnerável. Adaptem-se aos seus modos, costumes e língua e, igualmente, ao povo com todo o coração”. (1949)

 

Entrevista do Pe. Antonio Spadaro: vatican.news

Original: espanhol (26/9/2018). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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