Posted On 2014-09-21 In Dilexit ecclesiam

Jornadas Sociais Católicas Europeias: a Fé cristã e o futuro da Europa

ESPANHA, mda. Em 18 de setembro de 2014 começaram em Madrid as Jornadas Sociais Católicas Europeias. Assistirão às mesmas católicos comprometidos no apostolado social da Igreja vindos de todo o nosso continente, sendo uma oportunidade única para refletir sobre a missão da Igreja na sociedade contemporânea. Bispos, clero, religiosos e laicos de todas as idades, provenientes de toda a Europa, reunir-se-ão para abordar e debater os grandes temas que preocupam a Igreja, e refletir sobre a melhor maneira de se aproximarem das ”alegrias e as esperanças, os temores e as aspirações” dos homens e mulheres de boa vontade no mundo atual. AO VIVO

O Papa Francisco trouxe uma nova e desafiadora perspetiva sobre muitos dos temas que se encontram no coração da procura de identidade da Europa contemporânea e das questões que informam o debate político a todos os níveis. Isso afeta todo o continente europeu, os países da União Europeia e a União Europeia como tal… Uma grande oportunidade se apresenta à Igreja para contribuir na reflexão sobre os perfis da Europa no futuro.

“A crise económica está a ser muito difícil para os nossos governos e para os nossos cidadãos”. É preocupante a tentação do populismo. Para a Europa, seria terrível fechar-se em populismos e nacionalismos”. O Cardeal Reinhard Marx, um dos membros do G-9 designado por Francisco para reformar a Cúria, falou contra o esquecimento de Deus durante a conferência de imprensa de apresentação das II Jornadas Sociais Católicas Europeias, que com o lema “A Fé cristã e o futuro da Europa” se celebram em Madrid.

O cardeal Marx, presidente da COMECE, referiu que “a União Europeia é uma sociedade a caminho, mas há que ter em conta que a Europa é muito maior que a UE”. Para o cardeal alemão, é fundamental, neste momento de crise, “identificar os pontos de saída, e participar numa civilização do amor, animando os cristãos a serem ativos tanto na UE como na Europa em geral.”.

Depois de recordar o centenário da I Guerra Mundial, na qual morreram 18 milhões de pessoas, Marx reconheceu que, então, “a linguagem da Igreja, exceto a de Bento XV, era terrível”. Por isso, no mundo atual, “é importante analisar qual é a nossa responsabilidade na paz. Na Europa, na Ucrânia, estamos em guerra”. Por isso, “é importante rezar pela paz na Europa, e poder recuperar o espírito de reunificação da Europa e assim trabalhar pela paz e liberdade”.

Neste ponto, o cardeal sublinhou a dimensão social da Europa. Que pode perder-se em tentações como o “populismo e o nacionalismo”. “Devemos encarar com a força da fé, à luz do Evangelho, questões como a juventude, a imigração, a solidariedade, o futuro da família, a crise demográfica…”

O mundo está a arder, e, nós, os cristãos europeus, devemos ser portadores de esperança

A intervenção mais vibrante na conferência de imprensa foi a de Jorge Nuño. O responsável da Cáritas Europa denunciou que “o mundo está arder, e, nós, os cristãos europeus, devemos ser portadores de esperança”. “Mais de 800 milhões de habitantes da terra sofrem a fome, mas na Igreja não falamos de números, falamos de rostos” sublinhou, acrescentando que só na crise da Síria e do Iraque, “cerca de 5 milhões de refugiados e desalojados, toda a comunidade de Madrid, fugiram das suas casas. Todo um país como Espanha foge em todo o mundo das guerras”.

“A pobreza e a desigualdade crescem na UE. A pobreza infantil situa-se em mais de 28%. A justiça social piora” e, no entanto, são os pobres da Europa “que estão a acolher os pobres do mundo”.

“O projeto europeu é um projeto de valores cristãos” referiu Nuño, que indicou que o objetivo não deve ser outro a não ser “conseguir que as pessoas sejam o valor que guia o projeto europeu. Que sejamos uma sociedade inclusiva e aberta ao estrangeiro. Que a solidariedade seja um valor individual e da comunidade. Cada cristão está chamado a construir um projeto de esperança, ao serviço do mundo e das pessoas”.

Papa Francisco: Uma Igreja que presta maior atenção às necessidades materiais dos que sofrem, também aprenderá a oferecer um anúncio mais convincente

A jornada começou com a leitura da mensagem do Papa Francisco, transmitida pelo Secretário de estado, Cardeal Paolin, para estes dias. Bergoglio indicou que “um dos grandes desafios na Europa é encontrar a maneira mais adequada para que o Evangelho dê respostas para o continente”.

A mensagem, lida em inglês, acrescentava que esta Igreja “deve proclamar a verdade da salvação mais concreta da fome de vida eterna. É fundamental dar testemunho da fé que temos em nós… Neste contexto, o Santo Padre anima-os a aprofundar a própria busca da santidade através do firme compromisso de oração pessoal e conversão. Deste modo, oferecerão aos diversos âmbitos da sociedade um testemunho mais coerente e gozoso, que desperte as consciências de uma realidade em que os bens temporais e a ordem social devem estar ao serviço da pessoa e da sua plenitude em Deus. Ele reza especialmente para que este evento ponha em relevo as formas em que a fé nos impulsiona a transmitir o amor da Igreja para com os pobres, para com os que sofrem perseguição, para com os que se veem forçados a abandonar as suas casas e para com todos aqueles que vêm para a Europa em busca de refúgio. Uma Igreja que presta maior atenção às necessidades materiais dos que sofrem, também aprenderá a oferecer um anúncio mais convincente da verdade e da salvação dos que têm fome e sede de vida eterna e àqueles que pedem “razão da esperança que está em vós” (1 Pedro, 3:15).”

Ao vivo

Pessoas de 29 países, mais de 180 participantes no evento e, graças às novas tecnologias, milhões através da Internet. Como a capacidade para as Jornadas Sociais Católicas Europeias que Madrid acolhe desde 19 de setembro até domingo era tão limitada, os organizadores decidiram oferecer a possibilidade de seguir em direto todos os trabalhos.

http://www.catholicdays.eu/es/

As Jornadas Sociais têm como objetivo assistir e inspirar as pessoas envolvidas no ministério social, dentro e fora da Igreja, no intercâmbio das melhores práticas sociais e aprofundar assim a sua própria compreensão da política, da economia e das estruturas sociais, de modo que permita florescer a vida familiar, que seja possível a todos os membros da sociedade viver em paz e com dignidade e que a dimensão religiosa e espiritual da experiência humana seja protegida e melhorada.

Mais informações: http://www.catholicdays.eu/es

Original: espanhol – Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

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