ESPANHA, mda. Em 18 de setembro de 2014 começaram em Madrid as Jornadas Sociais Católicas Europeias. Assistirão às mesmas católicos comprometidos no apostolado social da Igreja vindos de todo o nosso continente, sendo uma oportunidade única para refletir sobre a missão da Igreja na sociedade contemporânea. Bispos, clero, religiosos e laicos de todas as idades, provenientes de toda a Europa, reunir-se-ão para abordar e debater os grandes temas que preocupam a Igreja, e refletir sobre a melhor maneira de se aproximarem das ”alegrias e as esperanças, os temores e as aspirações” dos homens e mulheres de boa vontade no mundo atual. AO VIVO
O Papa Francisco trouxe uma nova e desafiadora perspetiva sobre muitos dos temas que se encontram no coração da procura de identidade da Europa contemporânea e das questões que informam o debate político a todos os níveis. Isso afeta todo o continente europeu, os países da União Europeia e a União Europeia como tal… Uma grande oportunidade se apresenta à Igreja para contribuir na reflexão sobre os perfis da Europa no futuro.
“A crise económica está a ser muito difícil para os nossos governos e para os nossos cidadãos”. É preocupante a tentação do populismo. Para a Europa, seria terrível fechar-se em populismos e nacionalismos”. O Cardeal Reinhard Marx, um dos membros do G-9 designado por Francisco para reformar a Cúria, falou contra o esquecimento de Deus durante a conferência de imprensa de apresentação das II Jornadas Sociais Católicas Europeias, que com o lema “A Fé cristã e o futuro da Europa” se celebram em Madrid.
O cardeal Marx, presidente da COMECE, referiu que “a União Europeia é uma sociedade a caminho, mas há que ter em conta que a Europa é muito maior que a UE”. Para o cardeal alemão, é fundamental, neste momento de crise, “identificar os pontos de saída, e participar numa civilização do amor, animando os cristãos a serem ativos tanto na UE como na Europa em geral.”.
Depois de recordar o centenário da I Guerra Mundial, na qual morreram 18 milhões de pessoas, Marx reconheceu que, então, “a linguagem da Igreja, exceto a de Bento XV, era terrível”. Por isso, no mundo atual, “é importante analisar qual é a nossa responsabilidade na paz. Na Europa, na Ucrânia, estamos em guerra”. Por isso, “é importante rezar pela paz na Europa, e poder recuperar o espírito de reunificação da Europa e assim trabalhar pela paz e liberdade”.
Neste ponto, o cardeal sublinhou a dimensão social da Europa. Que pode perder-se em tentações como o “populismo e o nacionalismo”. “Devemos encarar com a força da fé, à luz do Evangelho, questões como a juventude, a imigração, a solidariedade, o futuro da família, a crise demográfica…”
O mundo está a arder, e, nós, os cristãos europeus, devemos ser portadores de esperança
A intervenção mais vibrante na conferência de imprensa foi a de Jorge Nuño. O responsável da Cáritas Europa denunciou que “o mundo está arder, e, nós, os cristãos europeus, devemos ser portadores de esperança”. “Mais de 800 milhões de habitantes da terra sofrem a fome, mas na Igreja não falamos de números, falamos de rostos” sublinhou, acrescentando que só na crise da Síria e do Iraque, “cerca de 5 milhões de refugiados e desalojados, toda a comunidade de Madrid, fugiram das suas casas. Todo um país como Espanha foge em todo o mundo das guerras”.
“A pobreza e a desigualdade crescem na UE. A pobreza infantil situa-se em mais de 28%. A justiça social piora” e, no entanto, são os pobres da Europa “que estão a acolher os pobres do mundo”.
“O projeto europeu é um projeto de valores cristãos” referiu Nuño, que indicou que o objetivo não deve ser outro a não ser “conseguir que as pessoas sejam o valor que guia o projeto europeu. Que sejamos uma sociedade inclusiva e aberta ao estrangeiro. Que a solidariedade seja um valor individual e da comunidade. Cada cristão está chamado a construir um projeto de esperança, ao serviço do mundo e das pessoas”.
Papa Francisco: Uma Igreja que presta maior atenção às necessidades materiais dos que sofrem, também aprenderá a oferecer um anúncio mais convincente
A jornada começou com a leitura da mensagem do Papa Francisco, transmitida pelo Secretário de estado, Cardeal Paolin, para estes dias. Bergoglio indicou que “um dos grandes desafios na Europa é encontrar a maneira mais adequada para que o Evangelho dê respostas para o continente”.
A mensagem, lida em inglês, acrescentava que esta Igreja “deve proclamar a verdade da salvação mais concreta da fome de vida eterna. É fundamental dar testemunho da fé que temos em nós… Neste contexto, o Santo Padre anima-os a aprofundar a própria busca da santidade através do firme compromisso de oração pessoal e conversão. Deste modo, oferecerão aos diversos âmbitos da sociedade um testemunho mais coerente e gozoso, que desperte as consciências de uma realidade em que os bens temporais e a ordem social devem estar ao serviço da pessoa e da sua plenitude em Deus. Ele reza especialmente para que este evento ponha em relevo as formas em que a fé nos impulsiona a transmitir o amor da Igreja para com os pobres, para com os que sofrem perseguição, para com os que se veem forçados a abandonar as suas casas e para com todos aqueles que vêm para a Europa em busca de refúgio. Uma Igreja que presta maior atenção às necessidades materiais dos que sofrem, também aprenderá a oferecer um anúncio mais convincente da verdade e da salvação dos que têm fome e sede de vida eterna e àqueles que pedem “razão da esperança que está em vós” (1 Pedro, 3:15).”
Ao vivo
Pessoas de 29 países, mais de 180 participantes no evento e, graças às novas tecnologias, milhões através da Internet. Como a capacidade para as Jornadas Sociais Católicas Europeias que Madrid acolhe desde 19 de setembro até domingo era tão limitada, os organizadores decidiram oferecer a possibilidade de seguir em direto todos os trabalhos.
http://www.catholicdays.eu/es/
As Jornadas Sociais têm como objetivo assistir e inspirar as pessoas envolvidas no ministério social, dentro e fora da Igreja, no intercâmbio das melhores práticas sociais e aprofundar assim a sua própria compreensão da política, da economia e das estruturas sociais, de modo que permita florescer a vida familiar, que seja possível a todos os membros da sociedade viver em paz e com dignidade e que a dimensão religiosa e espiritual da experiência humana seja protegida e melhorada.
Mais informações: http://www.catholicdays.eu/es
Original: espanhol – Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal