Posted On 2014-09-28 In Dilexit ecclesiam

“Achalay, minha Vigem! Maria no folclore argentino”

ARGENTINA, Roberto Bosco – AICA/mda. Educa, o editorial da Pontifícia Universidade Católica Argentina Santa Maria de Buenos Aires (UCA) , acaba de imprimir e colocar em circulação o livro “Achalay, minha Virgem! Maria no folclore argentino”, escrito por Olga Fernández Latour de Botas, membro da Academia Argentina de Letras e da Academia Nacional da História.

A autora, com toda certeza, é hoje a mais alta autoridade na Argentina em matéria de folclore, história e filologia. Essa publicação reconhece sua matriz na tese de doutoramento da conhecida e prestigiada pesquisadora; e ela ajudou tornando possível a publicação, devido a um trabalho de adaptação realizada por Víctor Manuel Fernández, Arcebispo Reitor da Universidade Católica Argentina.

Nessa obra, a autora, herdeira do trabalho realizado por personalidades da estirpe de Juan Alfonso Carrizo, Augusto Raúl Cortázar, Bruno Jacovella e Julián Cáceres Freyre, passa uma pura revista às diferentes expressões culturais registradas para a Virgem Maria pela religiosidade do povo cristão no cenário argentino.

Após uma introdução às ciências do folclore, Fernández Latour localiza sua investigação no próprio local para, a seguir, referir-se à herança mariana espanhola. A evangelização da América foi uma epopeia com sinal claramente mariano, como confirma não apenas o nome primeira caravela que trouxe o descobridor, Santa Maria; também os nomes dados aos inúmeros acidentes geográficos, particularmente a cidades, inclusive as mais importantes cidades argentinas, que remetem à Nossa Senhora do Bom Ar (padroeira dos navegantes) ou o da Virgem do Rosário.

As invocações marianas encontram-se assim multiplicadas em solo nacional, começando por Nossa Senhora de Luján, Padroeira da Argentina.

A religiosidade popular, um verdadeiro tesouro protetor contra a filosofia materialista e uniformizadora do secularismo

Depois de superada uma certa atitude crítica que campeou na teologia local nos anos posteriores ao Concílio Vaticano II, a religiosidade popular é hoje valorizada em toda sua riqueza; e assim é em grande parte por causa da chamada Teologia do Povo, uma corrente nascida nos anos sessenta com caráter autônomo e representativo de uma visão original a respeito da evangelização. Esse vertente caracteriza-se por uma teologia encarnada na história que leva em conta as realidades culturais de cada povo como sujeito real e originário da vida cristã.

Os documentos do episcopado latino-americano, assim como o da Conferência de Aparecida (Brasil), no ano 2007, contribuíram para com a religiosidade popular, um verdadeiro tesouro protetor contra a filosofia materialista e uniformizadora do secularismo. O Papa Francisco, reiteradamente, tem se referido a essa viva realidade.

Fernández Latour reconhece uma enorme variedade de expressões culturais representativas da presença de Maria na cultura popular argentina, incluindo danças e balés nativos (a autora possui uma formação de base nessa disciplina) e termina estudando a tradição mariana em diversos gêneros poético-musicais, incluindo textos de María Elena Walsh e Félix Luna.

Muitos fiéis católicos ignoram que esse renomado historiador argentino é autor de letras de cânticos com sabor popular que eles mesmos cantam como parte da liturgia. O Papa Francisco estará presente na Santa Sé e na próxima Natividade na apresentação da Missa Crioula, uma das expressões mais reconhecidas da enculturação da fé na República Argentina, distinguível agora com caracteres próprios no grande cenário da Igreja universal.

A força da fé popular

Dilexit Ecclesiam: porque amamos a Igreja, nos interessamos por ela, nos envolvemos e nos deixamos inspirar e interpelar por ela”; assim o Pe. José María García, da redação de schoenstatt.org, introduz a nova categoria de notícias: Dilexit Ecclesiam, pela qual se publica esta nota recolhida de AICA. Lendo o livro, imediatamente vêm à mente as milhares de ermidas da Mãe presentes nos caminhos da Argentina, do norte ao sul, do oeste ao leste. Vêm à mente milhares de milhares de Peregrinas nas mãos de seus missionários que chegam a lugares que muitos têm medo de pisar. A força da fé popular, o calor da devoção mariano do povo argentino (e não apenas dele) se mostram na Campanha da Mãe Peregrina. Nem sempre foi benvinda em Schoenstatt. Simples demais, popular demais, fazendo barulho, no melhor sentido bergogliano da palavra, muitas vezes correu o risco de ser “domesticada” e transformada em parte de Schoenstatt organizado. Com certeza, foi um anseio antigo do Padre Kentenich, que já no ano 1934, fez o chamado para se formar um grande movimento popular de peregrinos em seu Schoenstatt. Um desejo que se viu plenamente realizado na Campanha do pobre peregrino João Pozzobon.

Em 1977, Pe. Alex Menningen assim resumiu o pensamento do Fundador: “O povo salvará Schoenstatt do elitismo e da mentalidade monopolizadora que sempre ameaçam a Igreja e a cada um de seus movimentos”. “Sem o Movimento Popular de Peregrinos, Schoenstatt corre o grande risco de cair, pelo pecado original e pessoal, em deformações”.

Obrigado, querida Campanha.

Original em espanhol – Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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