Posted On 2014-09-14 In Dilexit ecclesiam

“A realidade percebe-se melhor olhando para as pessoas que estão à margem da sociedade”

ALEMANHA, dbk. O Presidente da Conferência Episcopal Alemã, Cardeal Reinhard Marx, no passado dia 9 de Setembro exortou a sociedade – durante a recepção anual a propósito da Festa de S. Miguel, em Berlim – a confiar, cada vez mais, na mensagem libertadora do cristianismo. A mensagem revolucionária do Evangelho mostra que os homens são uma família:”Deus é o Deus de todos os homens. Deu a cada pessoa uma dignidade individual. Temos que nos lembrar disso quando nos perguntamos qual é a força do Evangelho no mundo de hoje”, disse o Cardeal Marx. A recepção anual de S. Miguel é um convite da Secretaria Católica aos políticos de Berlim. Entre os mais de setecentos convidados, encontravam-se: Norbert Lammert, Presidente do Parlamento Federal Alemão, a Chanceler Angela Merkel e muitos membros do Governo Federal e da Conferência Episcopal Alemã.

Com o Lema “A realidade é mais importante que as ideias” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium) – em relação à missão da Igreja no mundo – o Cardeal Marx sublinhou a responsabilidade de todos os grupos sociais ao serviço da vida. No mundo, onde a vida se encontra ameaçada de várias maneiras, trata-se, sobretudo, de mudar esta realidade, ao tornarmo-nos responsáveis por este assunto. A visão cristã distingue-se pela sua harmonia entre o poder da acção e a contemplação:”devemos perguntar-nos o que é que estamos a fazer no mundo, porque há coisas que se devem manter e outras que precisam de ser mudadas. Este é, também, um convite aos responsáveis politicos”, disse o Cardeal Marx.

Libertação de um falso idealismo “que está nas núvens”

Com as suas palavras “a realidade é mais importante que a ideia”, o Papa Francisco manifesta o que significa a irmandade entre todos os homens e, o voltar-se para eles:”o Papa quer que façamos a nós próprios esta pergunta de forma muito concreta e que estableçamos um precedente de que pode tornar-se real uma verdadeira fraternidade. Isto significa também que não nos limitemos a correr atrás de qualquer inquérito e acreditemos que a tendência da massa é a realidade.

O critério para o conhecimento da verdade, são os pobres, os incapacitados, os feridos, os fracos, os perseguidos, os decapitados”. O Cardeal Marx acrescentou:”Estas pessoas são a chave para captar a realidade, e não sómente, o resultado dos inquéritos e de coisas que podemos medir no mero sentido dos conhecimentos científicos. Este novo tipo de percepção liberta do falso idealismo, também dentro da Igreja, que não tem o seu trono nas núvens, num fabuloso isolamento mas, numa Igreja que vive com o Evangelho, na realidade dos pobres e fracos e que olha para o todo, para agir a partir daí, no e para o mundo”. A esta realidade junta-se o facto de que a Igreja não pode permitir-se ser um anacronismo, “ que caminha paralelamente ao tempo actual; também não é uma copiadora das correntes do tempo, mas é uma força que convoca toda a sociedade e que olha para os fracos e para os que vivem na periferia.

Os pobres: norma do nosso agir e chave para a percepção da realidade

Por este motivo a Igreja Católica continuará a preocupar-se com os refugiados, expressou o Cardeal Marx:”Vamos dar a nossa contribuição. A situação das pessoas no Iraque e na Síria também move a Igreja. Isto tem , também, a ver com o assunto da utilização das armas. “É , por isso, que sempre nos orientaremos pela situação dos pobres. Isto é para a Igreja a norma do seu agir e a chave para perceber a realidade:”A Igreja não pode anunciar realidades abstractas mas, tem que procurar sempre uma ponte para a realidade dos homens”. O Presidente da Conferência Episcopal Alemã destacou, face aos debates políticos sobre a Eutanásia, na Alemanha, que também neste assunto a “Igreja estará sempre do lado dos fracos. Trata-se de tornar possível uma morte humanamente digna e não de oferecer várias maneiras de “matar humanamente”, assim o disse o Cardeal Marx.Fez uma homenagem ao trabalho dos hospícios e aos cuidados paliativos, essenciais para assumir a realidade social.


Original: alemão. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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