Posted On 2014-09-28 In Dilexit ecclesiam

A força da fé popular: impressões da Festa do Senhor e da Virgem do Milagre, de Salta

ARGENTINA, Osvaldo Martín. Por ocasião das celebrações da Festa do Senhor e da Virgem do Milagre, que acontecem ano após ano com grande devoção na cidade de Salta, na República Argentina, vários integrantes do Movimento de Schoenstatt se fizeram presentes para honrar a Mãe na figura da Virgem do Milagre.

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Todos os anos, essa celebração reúne milhares de peregrinos que chegam de vários lugares do país e de países limítrofes, para pedir e agradecer ao Senhor e à Mãe todas as graças recebidas.

Cerca de 85.000 peregrinos presentes

Desde vários dias antes de 15 de setembro, data em que se são festejadas essas devoções, uma multidão de peregrinos chegaram a Salta/Capital, para honrar o Senhor Jesus e a nossa querida Mãe Maria.

Estimou-se em 85.000 pessoas as que acompanharam as celebrações; vários milhões que acompanharam a procissão pelas ruas da cidade, dando um exemplo imponente de religiosidade e fé.

Por mais de dois quilômetros, as imagens de Jesus (o Senhor do Milagre) e de Maria do Milagre percorreram as diversas ruas até o parque 20 de Fevereiro, saudadas com devoção por pessoas aglomeradas em prédios, locais públicos, jardins e parques.

A procissão saiu da Igreja Catedral de Salta e foi presidida pelo Arcebispo de Salta, D. Mario Cargnello; acompanharam bispos de diversas províncias: D. Colombo, bispo da província La Rioja; D. Daniel Fernández, Bispo da província de Jujuy, entre outros, centenas de sacerdotes, religiosas, seminaristas, e o vice-governador da província e altas autoridades civis e militares.

Devemos reclamar por mais fontes de trabalho que dignifique o mais pobre

Ao chegar com as imagens peregrinas ao parque 20 de Fevereiro, e diante de uma multidão imponente, o Arcebispo D. Cargnello dirigiu-se aos peregrinos e autoridades presentes, destacando com ênfase que “devemos reclamar por mais fontes de trabalho que dignifique o mais pobre; o respeito pelas leis, o direito de uma educação de qualidade, de defesa à educação religiosa, do bem comum e da fraternidade”.

Destacou também aqueles que estão entregues à drogas; que, “em nome do Senhor e de sua Mãe, lutem para sair desse flagelo”.

Por outro lado, o Arcebispo garantiu que “a partir do compromisso cristão, não podemos utilizar os mais pobres a serviço de interesses pessoais ou políticos”. “Que a sociedade reconheça e premie aquele que trabalha e não aquele que especula, engana ou rouba”.

Admirado pelo espírito de profunda religiosidade

Depois da explanação, D. Cargnello, as imagens do Senhor e da Virgem do Milagre, acompanhados pela multidão, retornaram em procissão para a Igreja Catedral, acompanhados dos fiéis que, em saudação, agitavam seus lenços.

Alguns integrantes do Movimento de Schoenstatt que participaram das celebrações e da procissão foram entrevistados; por exemplo, Pe. Guillermo Mario Cassone, que se exprimiu admirado pelo espírito de profunda religiosidade que se podia sentir em todas as pessoas.

Pe. Marcelo Gallardo também foi entrevistado; mostrou-se surpreendido e feliz de ver com que fé as pessoas participavam das celebrações; para ele, foi a primeira vez que participou de um acontecimento de profunda devoção.

Uma manifestação de profunda fé

Por outro lado, também participaram com alegria desses festejos e da procissão a Ir. Marie, Ir. Madelaine, junto com alguns casais do Movimento: os Greppi, os Zabala e outros mais.

O casal Zabala, de Mendonza, tinha chegado para participar de uma reunião e ficou para a festa da fé popular; eles compartilham:

“Chegamos em Salta no final da tarde de 11 de setembro. Não tínhamos ido para participar da Festa do Milagre; fomos para uma jornada-reunião marcada meses atrás. Ainda que estivéssemos um pouco cansados da viagem de Mendonza até aqui, nos deu vontade de conhecer o centro de La Linda, onde estávamos pela primeira vez; nos hospedamos em Tres Cerritos, na casa de generosos irmãos schoenstattianos. Quando chegamos ao centro – já anoitecendo – tivemos a forte impressão em ver como os prédios ao redor da praça principal estavam iluminados; reparamos também que havia muitas pessoas; quase todas estavam olhando para a Catedral”.

Na catedral

“Entramos na Catedral para saudar Nossa Senhora e seu Filho e algo nos causou um segundo impacto: ver das pessoas de todas as idades – crianças, jovens, adultos e idosos – muitos de pé e outros tantos ajoelhados, todos rezando com o olhar cravado nos livrinhos em suas mãos; um silêncio comovedor enchia o ambiente da Basílica Catedral; nos explicaram que as pessoas tinham vindo rezar a Novena do Milagre; não pudemos fazer nada além do que ajoelhar e dar graças a Ela pela devoção que presenciávamos ali, em um mundo que às vezes parece ter esquecido de Deus”.

“Nessa mesma noite, percebemos que a Festa do Milagre tem um ‘ar’ especial. Compramos a novena e a levamos para casa.

No dia seguinte, voltamos ao centro e nossa emoção foi ainda mais forte: desde duas quadras antes da praça, era um multidão de peregrinos chegando; sirenes e motos de polícia abriam passagem para eles; e todos que estávamos nas ruas aplaudíamos, enquanto eles avançavam. Nos comoveu ver, entre os peregrinos, muitos idosos caminhando sorridentes com suas bengalas; mães que cantavam levando em seus braços o bebê recém-nascidos; jovens que avançavam dançando alegremente. Estavam caminhando há quatro dias. Silvia se emocionou até as lágrimas e uma senhora que estava ao seu lado lhe disse: ‘é que nós, aqui de Salta, temos muita fé, somos muito devotos do Senhor e da Senhora do Milagre’”.

Uma vivência inesquecível

“Tínhamos previsto partir de volta para Mendoza até o meio-dia da segunda-feira, dia 22; porém, percebendo a importância dessa celebração e diante da insistência de muitos amigos de Salta, decidimos ficar um dia mais. Nunca nos arrependeremos. O que vivemos nessa segunda-feira foi inesquecível.

Na hora marcada, a Cruz processional saiu da Catedral; depois, a Virgem das Lágrimas, seguida pela Virgem do Milagre e, por último, o Senhor do Milagre. À medida que cada imagem aparecia na praça, era recebida com grande devoção; os presentes aplaudiam e agitavam lenços e bandeirinhas. Podia-se notar o amor desse povo pelo Senhor do Milagre e Sua Mãe.

Começamos a caminhar em procissão pelas ruas preparadas para isso; dirigimo-nos ao monumento 20 de Fevereiro, onde seria renovado o Pacto de Fidelidade com o Milagre.

Não conseguíamos alcançar com nossa vista a enorme quantidade de pessoas; mais tarde ficamos sabendo que cerca de 900.000 pessoas participaram da procissão; peregrinos – alguns com muletas, outros em cadeiras de rodas – carregavam estandartes, cartazes, bandeiras com inscrições; vimos também muitos pais que tinham vestido seus filhos de anjos e como muitos, das sacadas das casas e dos prédios, saudavam as imagens.

El rezo del rosario y los cantos creaban un ambiente de mucha devoción.

Milhares e milhares de pétalas de flores no caminho da Virgem

Logo chegamos ao monumento, onde o Arcebispo Cargnello – depois de dirigir umas palavras que nos comoveram profundamente – rezou a oração de Renovação do Pacto de Fé. Depois, foi cantado o Hino Nacional e o Hino ao Senhor do Milagre, iniciando a seguir o regresso rumo à Catedral.

Quando estávamos perto, a umas poucas quadras da Catedral, as pessoas começaram a apressar o passo; nos explicaram que era para ver a entrada das imagens na Catedral. Nós corremos e valeu a pena: já na praça, ficamos rodeados por uma multidão que ovacionava – com lenços e bandeirinhas em suas mãos – a Santíssima Virgem e ao Senhor do Milagre.

Nossos olhos novamente encheram-se de lágrimas… é que Maria voltava para seu altar e, à medida que avançava até ele, milhares e milhares de pétalas de flores caíam sobre a imagem, com o emocionante toque dos sinos da Catedral: éramos Igreja, sua Igreja, que novamente a aclamava, agradecendo-lhe.

Alguns dizem que a festa do Milagre é a Páscoa de Salta… e, com certeza, a páscoa de muitos”.

Neste ano do jubileu pelos primeiros 100 anos da Aliança de Amor, este correspondente agradece à Mãe (na invocação como Virgem do Milagre), por ter participado dessa manifestação de profunda fé.

Original em espanhol – Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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