Posted On 2017-11-05 In Em Aliança solidária com Francisco

O Papa Francisco com a bandeira dos taxistas de Buenos Aires

ARGENTINA/ROMA, Manuel Díaz com Maria Fischer •

Ao fim de quatro anos de espera, em 11 de Outubro chegou o momento tão esperado: Manuel Díaz dos taxistas católicos de Buenos Aires, voltou a ver o seu amigo Jorge Mario Bergoglio e entregou-lhe a bandeira dos taxistas que, ele tão bem conhece, aquela bandeira com as cores dos táxis da capital argentina – amarelo e preto – e com a imagem de Nossa Senhora de Schoenstatt, Padroeira dos taxistas.

Quando naquela tarde de 13 de Março de 2013 foi anunciada a eleição de Jorge Mario Bergoglio como Papa, houve muita emoção na Argentina, na sua Buenos Aires natal e, de um modo muito especial, entre os taxistas católicos da cidade, pois sentiam o Cardeal Bergoglio como um dos seus. E, ao saberem que ele não ia voltar a falar-lhes, a celebrar a Missa com eles e a benzer os seus táxis, nasceu, especialmente em Manuel Díaz, um sonho: viajar a Roma e cumprimentar o seu amigo, o Papa, prometer-lhe as suas orações e oferecer-lhe a bandeira.

O Cardeal Bergoglio enaltece o “apostolado da orelha” dos taxistas argentinos

Num artigo em Schoenstatt.org do ano de 2002, lemos:

2002

O Arcebispo de Buenos Aires e Primaz da Argentina, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, destacou o “apostolado da orelha” que fazem, todos os dias, os taxistas na grande cidade, apesar da “apatia, do sofrimento e da incerteza de não poder fazer frente às necessidades da família”. Durante a Missa do Dia do Taxista celebrada na Catedral Metropolitana, o Cardeal encomendou os taxistas, as suas famílias e os passageiros” à Padroeira dos taxistas de Buenos Aires, Nossa Senhora de Schoenstatt.

 “Vocês são homens e mulheres que escutam – sublinhou. Quantas vezes ouviram confissões! Quantas vezes deram ânimo, fizeram terapia ao volante! Quantas vezes abriram as portas da esperança!”

Durante a Missa celebrada na Catedral, o Arcebispo portenho lembrou que “o vosso trabalho não é apenas conduzir um automóvel; é deixar que o irmão se aproxime e, aproximar a escuta e o coração desse homem ou dessa mulher ou dessa família que subiu para o táxi”.

O Primaz insistiu em valorizar a atitude dos trabalhadores do volante: “Vocês fazem bem à sociedade com esse diálogo com o passageiro, ainda que, não lhe falem de Deus mas, aproximam-se da alma de um irmão ou de uma irmã e abrem-lhe um horizonte de esperança!”

Depois de se regozijar com a presença no templo de muitos taxistas – e das suas mulheres que vieram cantar – o Cardeal Bergoglio animou-os a “continuarem a fazer o bem da palavra e da escuta, o bem do conselho, o bem da compreensão, ainda que estejam cansados, aborrecidos e suados de tanto estarem dentro do carro”.

Também pediu a Nossa Senhora de Schoenstatt – Padroeira dos taxistas, cuja Imagem, presidia no Altar em cima de uma bandeira preta e amarela, a cor dos táxis em Buenos Aires – que “vos proteja e às vossas famílias, que não vos deixe faltar trabalho e que vos livre dos acidentes e da delinquência. Mas, sobretudo, que possam continuar a fazer esse tão grande bem à sociedade. Esse apostolado da escuta, do conselho e da fraternidade”.

Com a Mãe Peregrina como co-piloto

O apostolado da escuta, compreender, abrir um horizonte de esperança, ganhou uma característica sui-generis através da iniciativa de Cliver Beltramo, um taxista de Buenos Aires que conheceu a Mãe Peregrina de Schoenstatt, por causa de um “encontro casual” com uma missionária que ia no seu táxi. De imediato ocorreu-lhe convidar a Peregrina para o seu táxi como “companheira secreta”, oferecendo a Sua presença silenciosa a todas as pessoas que ele transportava de um lado para o outro. Vários taxistas mais, se uniram à sua iniciativa, nascendo assim, a Campanha dos taxistas em Buenos Aires. É uma coisa muito simples e, ao mesmo tempo, revolucionária, como todas as inspirações da MTA: no táxi viaja uma pequena Peregrina e, nas costas do assento da frente, à vista do passageiro, um cartaz lembra: “Você não viaja sozinho, consigo vai Nossa Senhora de Schoenstatt. Se desejar, pode anotar as suas intenções no caderno que está aqui”. É impressionante a quantidade de mensagens, pedidos e orações escritos nesse caderno. Por sua vez, os taxistas rezam uma oração antes de saírem para trabalhar, encomendando-se à Mater pessoalmente e, também, os seus passageiros: “Mãe, acompanha-me no peregrinar deste novo dia, para conseguir o pão de cada dia, guia-me na luta diária e aproxima-Te com o Teu Filho Jesus dos meus passageiros. Dou-Te graças e peço-Te proteção para nós e para as nossas famílias que nos esperam em casa. Ámen”.

Por causa desta iniciativa, Nossa Senhora de Schoenstatt foi nomeada Padroeira dos taxistas de Buenos Aires. Duas vezes por semana os taxistas missionários se reúnem no Santuário do bairro de Belgrano, na rua Echeverría, para passarem as imagens dum carro para o outro. Rezam um bocado e, a seguir, ficam bastante tempo a conversar em frente do Santuário.

O “distintivo” da Campanha dos taxistas é a bandeira amarela e preta, cor dos táxis de Buenos Aires e um Terço com as mesmas cores pendurado no espelho retrovisor. Como sinal de pertença à Campanha, uma missão assumida com enorme entusiasmo e orgulho, o pau da sua bandeira está “coroado” com uma imagem similar à Peregrina talhada em madeira.

 

Dois anos de esperança confiante

“Quero ir a Roma para entregar a bandeira ao Papa! Disse Manuel Díaz em 18 de Abril de 2015, a seguir à Missa da Aliança no Santuário de Belgrano, em Buenos Aires. “Ajudar-te-ei a realizar esse sonho”, disse-lhe eu, sem sequer ter uma ideia de como fazê-lo.

Passou o tempo entre poupanças, planos, mudança de planos…até que, em meados de 2017, Manuel Díaz me avisou: “Chegou o momento, vou com a minha mulher numa viagem à Europa. Em Setembro estaremos em Schoenstatt e em Outubro em Roma. Levamos a bandeira e…ajudas-me a entregá-la ao Papa?

Parece que a Padroeira dos taxistas de Buenos Aires tinha ainda mais ânsias de Se encontrar com o Papa Francisco, pois abriram-se as portas, ofereceu-se muito Capital de Graças, inclusivamente telemóveis perdidos e carros danificados.

Houve a colaboração generosa e eficiente de um sacerdote que selou a Aliança de Amor e trabalha no Vaticano; houve uma bênção no Santuário Original e muita, muita emoção, até que em 11 de Outubro o Manuel e a sua mulher se viram na “primeira fila” do “Sacrato” para o “bacchiomano” (beija-mãos), a saudação pessoal com o Papa a seguir à Audiência Geral.

Sob o sol radioso esperaram com a bandeira colocada no separador…

 

O encontro

E o Papa aproximou-se. Surpreendido, alegre, pegando na mão de um Manuel calado pela emoção…As fotografias falam por si só. A sombra da figura do Papa sobre a bandeira. A alegria do reencontro nos seus olhos. As lágrimas nos do Manuel, este homem alto, forte e com a sua história emocionante de como foi “cativado” pela Mater…Umas palavras que ficam no segredo deste encontro. Uma bênção e um forte aperto de mãos. Aliança Solidária.

Ecoam as palavras do Cardeal Bergoglio naquela Missa do Dia do Taxista em 2002 com o seu pedido para “continuarem a fazer o bem da palavra e da escuta, o bem do conselho, o bem da compreensão, ainda que estejam cansados, aborrecidos e suados de tanto estarem dentro do carro”, e a sua oração a Nossa Senhora de Schoenstatt que “vos proteja e às vossas famílias, que não vos deixe faltar trabalho e que vos livre dos acidentes e da delinquência. Mas, sobretudo, que possam continuar a fazer esse tão grande bem à sociedade. Esse apostolado da escuta, do conselho e da fraternidade”.

 

Fotos: Manuel e María Diaz

 

A fotografia de capa é do Osservatore Romano, com autorização de publicação para Schoenstatt.org. Não deve ser copiada ou reproduzida. Quem tiver interessado na sua publicação deve dirigir-se http://www.photovat.com/  ou por mail (com a data e o número da(s) foto(s) a pubblicazioni@ossrom.va

 

Original: espanhol (27/10/2017). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

 

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