Posted On 2015-09-06 In Em Aliança solidária com Francisco

Revendo a Mensagem do Papa Francisco à Família de Schoenstatt – 1ª Parte: Casamento e Família

Por Sarah-Leah Pimentel, Africa do Sul •

Já passaram dez meses desde que cerca de 5.000 representantes (e muitos milhares que acompanharam desde suas casas) da Família Internacional de Schoenstatt se reuniram na Sala Paulo VI, no Vaticano, para um encontro inesquecível com o Papa Francisco.

A audiência era mais do que merecida como o grande acontecimento no final das celebrações de duas semanas do 100º aniversário do Movimento de Schoenstatt e da Aliança de Amor num pequeno santuário na Alemanha. O Pe. José Maria Garcia, na introdução ao livro contendo a mensagem do Papa Francisco dirigida ao Movimento Apostólico de Schoenstatt, descreveu o encontro entre o Papa Francisco e a Família de Schoenstatt como um “ambiente de família”, onde o papa é um “pai que está perto de nós e falou com uma calorosa honestidade sobre os problemas que nos movem e chama-nos para dar resposta”. O Pe. José Maria acrescentou que o Santo Padre deu-nos uma “mensagem poderosa e desafiadora”, que deve inspirar-nos a seguir os passos do Pe. Kentenich para vivermos a nossa aliança de amor através do “serviço a uma Igreja cuja vocação é a Família”.

Depois de tão grandes acontecimentos – exigindo anos de preparativos espirituais e logísticos – existe o perigo de voltarmos a fazer a mesma coisa que sempre fizemos e não ter tempo para refletir sobre os dons que recebemos. Como resultado, a transformação interior que tais momentos de graça nos oferecem permanecem muitas vezes inférteis. É bom, portanto, – nas semanas antes de celebrar o primeiro aniversário do segundo século de Schoenstatt – parar e refletir sobre a continuidade da nossa missão de Schoenstatt, desempacotando e saboreando a mensagem do Santo Padre dirigida à Família de Schoenstatt no início do seu segundo século.

Ao longo das próximas semanas vamos examinar cada uma das cinco áreas (a família, a pedagogia, a juventude, a Igreja e a nova ordem social) das quais o Papa Francisco nos falou em 25 de Outubro de 2014.

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Os projetos da Tenda da Cultura da Aliança – Família – são apenas um ponto de partida

Começamos esta série de curtas reflexões olhando para a família. Esta é uma das áreas onde Schoenstatt talvez tenha feito a maior contribuição no século passado. Temos tantas iniciativas poderosas em todo o mundo para defender e fortalecer as famílias. Basta-nos pensar apenas nas Missões Familiares na América Latina, Espanha e Portugal, nos cursos para casais na Alemanha ou nos programas para evangelizar famílias no Brasil, e as campanhas dirigidas para acolher os divorciados e recasados no Paraguai, para citar apenas alguns exemplos.

O trabalho que estamos a fazer para curar e apoiar as famílias responde diretamente à preocupação do Papa Francisco que a “família cristã, a família, o matrimónio nunca foi tão atacado quanto é agora.” Na audiência, ele disse-nos que parte do problema é que o casamento tenha perdido o seu significado sacramental. O Santo Padre adverte que cada vez mais, o conceito de casamento é reduzida a nada mais do que “uma associação”.

Auto educar-nos sobre o casamento

Esta é talvez uma chamada para refletir sobre o que o casamento significa para nós. Talvez já estejamos casados ou a pensar no casamento. Como devemos viver os nossos votos matrimoniais? Será que compreendo plenamente o significado da dimensão sacramental do matrimónio e como coo-criadores com Deus, estamos completamente abertos a uma nova vida? Somos encorajados a educar-nos sobre os ensinamentos da Igreja sobre o matrimónio e o papel fundamental que desempenha na família humana; mantendo-se fiel aos votos matrimoniais tendo em conta as dificuldades e sofrimentos; questões de sexualidade, tais como os métodos naturais no planeamento familiar, o uso de contracetivos, lidar com a infertilidade; e criar os filhos. Um bom ponto de partida poderia ser a leitura em oração de “A Teologia do Corpo”, uma série de palestras dadas pelo Santo Padre João Paulo II.

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“Percam tempo” a acompanhar casais

O Papa Francisco não foca apenas o problema que enfrentam os casamentos hoje, mas também fornece o antídoto. Pode parecer estranho que a sua solução é prestar ajuda pastoral que é “corpo a corpo” e obriga-nos a “perder tempo”. Ele explica que só gastando tempo para acompanhar as pessoas é que podemos “fazer amadurecer as consciências, para curar, para ensinar. ”

Muitas vezes nós preparamos casais para o casamento rapidamente antes do casamento e, em seguida, eles são deixados por conta própria. O nosso pároco fez recentemente um paralelo, dizendo que um sacerdote recém-ordenado tem de ser acompanhado de perto nos primeiros cinco anos do seu sacerdócio para garantir que a sua vocação dura uma vida inteira. Da mesma forma, os casais também precisam de orientação quando encontram novas realidades nas suas vidas a dois. Se quisermos construir um bom casamento, como Igreja, temos de acompanhar os casais, especialmente nos primeiros anos do seu matrimónio. Como o Santo Padre nos disse, “você não pode preparar casais para o casamento em duas reuniões, duas conferências. Esse é o nosso pecado de omissão como pastores e leigos que estão realmente interessados em salvar a família.”

Isto coloca questões muito sérias. O que andamos a fazer para salvar a família? No início eu disse que nós temos algumas iniciativas maravilhosas para oferecer às famílias e casais. Mas eu acho que o Papa Francisco está a desafiar-nos a ainda mais. Ele está chamando cada um de nós para acompanhar casais. Aqueles que podem melhor acompanhar casais jovens são outros casais que têm uma vida inteira de experiências sobre como construir a tenda do casamento nos bons tempos, ferramentas para superar dificuldades na fé e no amor, bons conselhos sobre como educar os filhos, e experiência prática em todos os aspetos da vida de casados.

Acho que é tão bonito quando, ocasionalmente, na Missa, um casal que se casaram há 30, 40 ou 50 anos vem para uma bênção especial. Este é um maravilhoso testemunho da permanência do casamento e um antídoto real para o que o Papa Francisco descreve como uma “cultura de temporalidade.” Mas talvez esses casais tenham ainda mais para oferecer: que tal acompanharem um casal jovem que ainda está no início de sua vida de matrimónio?

A família é o nosso maior tesouro … mas podemos fazer mais

Em Schoenstatt a Família é o nosso grande tesouro. Mas podemos fazer mais. E nós não precisamos de programas ou estruturas para o fazer. O melhor testemunho para o matrimónio é ser casado, permanecer fiel ao sacramento do matrimónio nos bons e nos maus momentos, partilhar as nossas experiências com os outros e encorajar os casais mais jovens ou aqueles que vivem fora do matrimónio propondo-lhes uma união cada vez mais profunda uns aos outros e para com Deus, que através do seu amor, manifesta o seu amor por toda a criação.

Ao passar tempo – “a perder tempo” – e a andar com eles numa orientação pessoal “corpo-a-corpo”, podemos realizar as últimas palavras do Santo Padre dirigidas à Família de Schoenstatt sobre o casamento e a família: “Paciência. Paciência. Uma palavra hoje, uma atitude amanhã.”

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Todas as fotos: ©Fotografie Felici, autorização para uso só em www.schoenstatt.org.

Original: inglês. Tradução: José Carlos Cravo, Lisboa, Portugal

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