Sinodo

Posted On 2021-09-15 In Igreja - Francisco - movimentos, Igreja sinodal

Ministério e Apostolado da Escuta

Por uma Igreja Sinodal – reflexões em Aliança, Lena Castro Valente •

Foi publicado, no dia 7 de Setembro, o Documento Preparatório da XVI Assembleia Extraordinária do próximo Sínodo dos Bispos que tem como tema “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”, cujo decálogo se pode e, deve aplicar à vida paroquial, à vida dos Movimentos – no nosso caso de Schoenstatt – à nossa vida pessoal, nos diferentes estratos – família, trabalho, escola… – em que possamos estar inseridos para, podermos “caminhar juntos” ajudando a construir uma Igreja Sinodal profundamente enraízada e inculturada na realidade humana do mundo em que vivemos. —

Do decálogo o que mais me tocou foi a escuta, o ouvir, tanto Deus, “…o ouvido no coração de Deus”, como o escutar o “outro”. Talvez pela imensa dificuldade que encerra, pelo menos para mim, e pelo necessário que é para o caminho em sinodalidade.

III. À escuta das Escrituras
O Espírito de Deus, que ilumina e vivifica este “caminhar juntos” das Igrejas, é o mesmo que atua na missão de Jesus, prometido aos Apóstolos e às gerações de discípulos que ouvirem a Palavra de Deus e que a puserem em prática.

Em conformidade com a promessa do Senhor, o Espírito não se limita a confirmar a continuidade do Evangelho de Jesus, mas iluminará as profundidades sempre novas da sua Revelação e inspirará as decisões necessárias para sustentar o caminho da Igreja (cf. Jo14, 25-26; 15, 26-27; 16, 12-15) (….)

A experiência sinodal do caminhar juntos, no seguimento do Senhor e em obediência ao Espírito, poderá receber uma inspiração decisiva da meditação a respeito destes dois momentos da Revelação.

Fome da escuta da Palavra de Deus – a Aliança de Amor no sentido vertical

“Estão chegando os dias, declara o Senhor, o Soberano, em que enviarei fome a toda esta terra; não fome de comida nem sede de água, mas fome e sede de ouvir as Palavras do Senhor” (Amós 8,11)

Escutar Deus através das Suas insinuações nos acontecimentos da nossa vida, na vida do mundo que nos rodeia e, na Palavra das Escrituras em que Ele Se nos revela. Ter fome e sede de ouvir a Palavra de Deus, isto é fundamental para a construção de uma personalidade firme, recta, atenta e compassiva que, se quer colocar à disposição do “outro” para o escutar. Esta escuta de Deus permite a “entrada” numa realidade sobrenatural que nos ultrapassa mas, não é inatingível. Permite elevar-nos “acima” do mundo para o compreendermos melhor e amar mais, aproximando-nos assim da perspectiva de Deus. É o sintonizar das “antenas” da alma com a “frequência de onda” onde Deus Se faz “ouvir”. Exige fé, perseverança e humildade. Se eu for capaz de “captar” Deus e, pôr em prática os Seus desígnios, também, serei capaz de amar e compreender o “outro” e, de o levar a morar no Seu coração. Isto é um Apostolado. Dizia Victor Hugo, o cébre escritor, numa carta a sua filha Léopoldine: “Minha filha faz, ao rezares, uma viagem pelas misérias do mundo” o que quer dizer: Leva todos ao coração de Deus. Nós, schoenstatteanos temos uma “ferramenta” fundamental que nos permite auto-educar-nos nesta dimensão – a Aliança de Amor – aqui percebida na sua vertente vertical, ou seja, nela se expressa e assegura a nossa Aliança com o Pai, o Filho e o Espírito Santo..

II. OUVIR
A escuta é o primeiro passo, mas requer que a mente e o coração estejam abertos, sem preconceitos.
Com quem está a nossa Igreja particular “em dívida de escuta”?
Como são ouvidos os Leigos, de modo particular os jovens e as mulheres?
Como integramos a contribuição de Consagradas e Consagrados?
Que espaço ocupa a voz das minorias, dos descartados e dos excluídos?
Conseguimos identificar preconceitos e estereótipos que impedem a nossa escuta?
Como ouvimos o contexto social e cultural em que vivemos?

À escuta do outro – a Aliança de Amor no sentido horizontal

“Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para se irar, pois a ira do Homem não produz a Justiça de Deus” (Tiago 1, 19-20)

A escuta do “outro” só é possível se, se estiver, realmente, ligado a Deus porque isso nos leva ao despojamento do nosso “eu”, com os seus preconceitos, a sua cosmovisão, a sua vontade de se impor, de “brilhar” procurando mais sobressair do que valorizar quem escutamos. Escutar é mais que ouvir, exige a completa dedicação do ser integral de quem escuta àquele que é escutado, exige a completa dedicação ao “outro” como se nada mais existisse no mundo que o “outro” e as suas vivências. Escutar sem fazer julgamentos, tentando entender o outro nas suas diferentes dimensões e circunstâncias, no fundo tentar ser “transparentes de Deus” usando para com o “outro” do Seu amor abrangente e misericordioso que realça e enobrece. Isto é um Ministério. Alguém disse que, existem cursos para se aprender a falar mas, nenhum para se aprender a escutar. Em Schoenstatt a Aliança de Amor aqui entendida no sentido horizontal que, nos leva a irmanarmo-nos com o “outro” numa dimensão de amor alheia à exclusão pelas diferenças mas, ao enobrecimento dessas mesmas diferenças , é um excelente “curso” para este “caminhar juntos” na construção duma Igreja Sinodal e de um mundo mais justo e equilibrado.

“Buscamos juntos os campos onde, a partir da Aliança de Amor, queremos e deveremos atuar para que a Aliança de Amor não só seja uma mensagem que anunciamos, mas que se torne um modo de vida, renovando-se assim, não na sua essência, mas nas suas projeções e aplicações”.(Conferência 2014)

Se formos fieis à nossa Aliança de Amor entendida nas suas duas dimensões fazendo esforços para a pormos em prática em todas as circunstâncias da nossa vida, estaremos a dar testemunho, a cumprir a missão e a caminhar em sinodalidade!


Sínodo
Documento preparatório para o Sínodo sobre a Sinodalidade

Documento em pdf

Página do Sínodo sobre a Sinodalidade (ES, IT, EN) 

 


Tomar a palavra

 

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