crisis autoreferencialidad

Posted On 2021-02-08 In Artigos de Opinião, Igreja - Francisco - movimentos

Ter cuidado com qualquer autorreferencialidade e perceber em cada crise uma oportunidade de crescimento

PAPA FRANCISCO AOS FOCOLARES •

No dia 6 de fevereiro, o Papa Francisco recebeu em audiência privada os 362 participantes da Assembléia Geral dos Focolares, uma representação esteve presente na sala Paulo VI do Vaticano e a maioria deles estava conectada virtualmente. Ao dar as boas-vindas, estendeu suas saudações a todos os membros do Movimento dos Focolares. Ele os encorajou a permanecerem fiéis à fonte original de seu carisma, mantendo o diálogo com as novas situações sociais e culturais. Convidou-nos a ter cuidado com qualquer autorreferencialidade, a perceber em cada crise uma oportunidade de crescer, a ser testemunhas do amor fraterno que supera cada barreira e a promover cada vez mais a sinodalidade. Concluiu com um convite a permanecer, imitando a fundadora Chiara Lubich, atentos ao grito de abandono de Cristo na cruz, coração do cristianismo e do carisma dos Focolares. —

Um discurso denso, impactante e aplicável a qualquer movimento e “totalmente aplicável a nós”, como comentou um padre de Schoenstatt jovem quando compartilhamos com a equipe schoenstatt.org.

Apresentamos aqui na forma de “aperitivo”, para motivar uma leitura profunda e um intercâmbio em nossos grupos ou aqui, neste órgão livre e independente que quer abrir um espaço livre para o livre intercâmbio, que é o sentido da existência das plataformas livres não-oficiais ou oficialistas.

 

1 O depois do fundador

 

Para continuar a ser uma expressão viva do carisma fundacional.

Como sabemos, isto requer uma fidelidade dinâmica, capaz de interpretar os sinais e as necessidades dos tempos e de responder aos novos desafios que a humanidade apresenta.

Todo carisma é criativo, não é uma estátua de museu, não, é criativo.

É uma questão de permanecer fiel à fonte original, esforçando-se por repensá-la e expressá-la em diálogo com as novas situações sociais e culturais. Tem raízes muito sólidas, mas a árvore cresce em diálogo com a realidade.

A autocelebração não faz um bom serviço ao carisma. Não.

Evitar qualquer autorreferencialidade, que é sempre um pecado, é uma tentação o olhar-se para o espelho. É muito feio. Apenas para pentear o cabelo de manhã, e isso é suficiente. Evitar qualquer autorreferencialidade, que nunca vem de um bom espírito, é o que queremos para toda a Igreja: evitar virar-se para si próprio, o que leva sempre a defender a instituição em detrimento das pessoas e que também pode levar a justificar ou encobrir formas de abuso.

 

2 A importância das crises

 

Há sempre a tentação de transformar as crises em conflito.

O conflito é feio, pode tornar-se feio, pode dividir, mas a crise é uma oportunidade de crescimento.

Cada crise é um apelo a uma nova maturidade; é um tempo do Espírito, um tempo da necessidade de se atualizar, sem se desanimar perante a complexidade humana e as suas contradições.

Hoje em dia é dada muita ênfase à importância da resiliência face às dificuldades, ou seja, a capacidade de enfrenta-las positivamente, tirando delas oportunidades. Cada crise é uma oportunidade de crescimento.

É tarefa daqueles que ocupam cargos de governo, em todos os níveis, fazer um esforço para enfrentar as crises comunitárias e organizacionais da melhor e mais construtiva forma.

 

3 Viver a espiritualidade com coerência e realismo

 

Quanto a atuar no exterior, encorajo-os a serem – e nisto a Serva de Deus Chiara Lubich deu tantos exemplos! – testemunhas da proximidade com o amor fraterno que ultrapassa todas as barreiras e alcança todas as condições humanas. Superar barreiras, sem medo! É o caminho da proximidade fraterna que transmite a presença do Senhor Ressuscitado aos homens e mulheres do nosso tempo, começando pelos pobres, os últimos, os descartados; trabalhando em conjunto com pessoas de boa vontade para a promoção da justiça e da paz.

Quanto ao compromisso dentro do Movimento, exorto-os a promover cada vez mais a sinodalidade, para que todos os membros possam, como depositários do mesmo carisma, ser corresponsáveis e participantes na vida da Obra de Maria e dos seus objetivos específicos.

Aqueles que têm a responsabilidade de governar são chamados a promover e a colocar em prática uma consulta transparente não só dentro dos órgãos de governo, mas em todos os níveis, em virtude dessa lógica de comunhão segundo a qual todos podem colocar ao serviço dos outros os seus próprios dons, as suas próprias opiniões na verdade e com liberdade.

 

Tradução: Luciana Rosas, Curitiba, Brasil

 

 

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