ARGENTINA, AICA •
Empresários santos? Empresário, gerente, executivo como vocação cristã? Gestação de uma nova ordem social a partir da economia? Sim, disse o Espírito Santo através da história real de Enrique Shaw, empresário argentino. Sim, disse um José Kentenich com a ideia da santidade da vida diária.
O Perfeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato SDB, presidiu no Domingo, 28 de Agosto, na Catedral Metropolitana, a Missa pelo Servo de Deus Enrique Shaw, na passagem do nono aniversário do falecimento de quem pode converter-se no primeiro homem de negócios a alcançar a santidade.
A celebração eucarística, convocada pela Associação Cristã de Dirigentes de Empresa (ACDE) e pela Acção Católica Argentina (A.C.A.) foi concelebrada pelo Bispo Auxiliar e pelo Vigário-Geral de Buenos Aires, Mons. Joaquín Sucunza, em representação do Cardeal Mario Aurelio Poli e o Bispo de San Justo e Assessor da A.C.A., Mons. Eduardo García.
O Cardeal Amato pôs em destaque que Shaw “se distinguiu pelo seu desejo de responder diariamente à missão que Deus lhe confiava como leigo católico, marido, pai de família e empresário” e deixou “a recordação de um cristão extraordinário pela exemplaridade da sua fé”.
“Não podendo interferir na apreciação que a Igreja dará sobre ele, associo-me aos que afirmam que ele trabalhava com alegria, com abertura ao diálogo e com proximidade aos trabalhadores, como caminho para crescerem juntos, numa evolução, cada vez mais, de acordo com o humanismo cristão. O Evangelho era a magna carta do seu compromisso como empresário”, acrescentou.
O Purpurado afirmou que “Enrique Shaw orientava a sua vida segundo as Bem-aventuranças evangélicas que eram, a carta de marear da sua navegação como empresário cristão”.
“Neste tempo em que se comemora o bicentenário da Independência da República Argentina, o Papa Francisco, filho muito amado desta Pátria, convida os jovens e idosos a sonharem e a profetizarem grandes coisas. A Pátria é uma mãe e, como todas as mães, quer que todos os seus filhos vivam bem. A Pátria é um dom e um dever. A Pátria está sempre em construção e precisa do protagonismo de todos”, lembrou.
“A Pátria precisa – como dizia D. Bosco – de cidadãos honestos e bons cristãos. Mas, sobretudo, a Pátria precisa do protagonismo dos santos, desses filhos e filhas, valentes e fiéis ao Evangelho que, espalham na sociedade o bom espírito da fraternidade, da amizade, da compreensão, da solidariedade, do respeito, do acolhimento. Isto, fizeram pela Pátria o Beato Grabriel Brochero e a Beata Maria Antónia que, foram ao encontro dos mais marginalizados da sociedade, elevando-os à dignidade de cidadãos honrados e de cristãos autênticos”, afirmou.
“Assim o fez o Servo de Deus Enrique Shaw que, mostrava a todos a vida boa do Evangelho. Continuemos a rezar pela sua glorificação, mas sobretudo, continuemos a admirá-lo no seu ser cristão autêntico, imitando as suas atitudes virtuosas”, concluiu.
Cardeal Poli: Shaw, apóstolo comprometido com a vida empresarial
Mons. Sucunza leu, durante a Missa, a carta que o Cardeal Poli enviou ao Cardeal Amato, na qual agradece a sua presença no país para a cerimónia da beatificação de Mama Antula e, que tenha presidido a Missa por Shaw, na Catedral Metropolitana que foi Cátedra de Jorge Bergoglio.
O Purpurado portenho encomendou ao Cardeal Amato “uma intenção especial por um filho dilecto desta Igreja particular, Enrique Shaw, pai exemplar de uma família numerosa e apóstolo comprometido com a vida empresarial da nossa Nação”.
“De Santiago del Estero, onde a alegria da beatificação de Mama Antula vai em crescendo, com festejos e Acções de Graças, recebe estas breves palavras como acolhedoras boas-vindas à Catedral da Arquidiocese da Santíssima Trindade de Buenos Aires. Esta foi a Cátedra do Papa Francisco, durante o seu longo e fecundo ministério episcopal entre nós. Daqui rezamos todos os dias pelo seu serviço à Igreja universal”, escreveu.
“Agradeço-te que tenhas anuído em celebrar a Eucaristia dominical no nosso templo. Permito-me encomendar-te uma intenção especial por um filho dilecto desta Igreja particular, Enrique Shaw, pai exemplar de uma família numerosa e apóstolo comprometido com a vida empresarial da nossa Nação. Hoje, a sua causa de beatificação depositámo-la nas mãos da Congregação a que tu presides. Desejo, finalmente, que tenhas um feliz regresso a Roma em companhia do sacerdote que te acompanha. E, para que isto aconteça, rezamos pela tua viagem e encomendo-te à terna proteção da Nossa Mãe de Luján”, completou.
Enrique Shaw concebeu e desenvolveu conceitos inovadores sobre o papel fundamental das empresas na economia e na sociedade de um país, a partir da gestão em Cristalerías Rigolleau. Sentia responsabilidade pessoal em atender as necessidades dos mais humildes, humanizando e cristianizando a empresa e as estruturas sociais, empregando eficientemente todos os recursos técnicos e profissionais para o desenvolvimento de fontes de trabalho e para a dignificação e realização do pessoal.
Shaw ofereceu o seu apoio espiritual e material para a fundação da Universidade Católica Argentina (UCA) e trabalhou intensamente na Acção Católica, depois da Segunda Guerra Mundial, no programa Pró-Ajuda à Europa e foi nomeado pelo Episcopado, em 1961, presidente da ACÁ.
Fotos: Aica
Original: espanhol. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal