CUBA, por “Papa Francisco em Cuba“, pagina oficial da visita do Papa Francisco a Cuba e AICA •
A poucos dias da chegada a Cuba do papa Francisco, a televisão cubana apresentou em horário nobre uma entrevista com o arcebispo de La Habana, cardeal Jaime Ortega Alamino. Durante o diálogo com o compositor e entrevistador Amaury Pérez Vidal, o cardeal expressou que “o papa Francisco se encontrará com uma Cuba em transformação crescente”.
O cardeal acrescentou que depois do anúncio do “degelo” diplomático entre Cuba e os Estados Unidos, no passado 17 de dezembro de 2014, “Cuba vive um momento histórico num processo único”.
O cardeal Ortega assinalou que o Papa chega à ilha no momento em que já há duas embaixadas respetivas, em ambos os países (Cuba e Estados Unidos) e acrescentou que o facto de ele lá ir e de viajar para os Estados Unidos depois, dá-lhe a ocasião de demonstrar que ele quer que essas relações avancem”, sublinhou.
Para além disso recordou a “intervenção muito especial” que teve o pontífice argentino para que se conseguisse o restabelecimento das relaciones diplomáticas entre ambos os países depois de 54 anos de rutura.
O arcebispo de La Habana também revelou que durante a entrevista que manteve com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, -durante a cerimónia de reabertura da embaixada norte-americana em La Habana no passado 14 de agosto-, este disse-lhe que esperava que o papa Francisco “anime sempre o presidente (Raúl Castro) e o governo cubano a continuar este caminho de melhoramento das relações bilaterais”.
Nesse sentido, o cardeal Ortega considerou que esse “é o desejo também do governo de Cuba”.
Um livro importante
O cardeal Ortega recordou o êxito que teve a publicação do livro “Fidel e a religião”, resultado de uma série de entrevistas realizadas pelo padre Frei Betto al líder da revolução cubana em 1985. Nas palavras do Cardeal este texto demonstrou o l interesse do povo cubano na religião católica o qual se refletiu no recebimento do Papa João Paulo II e de Bento XVI.
“A publicação do livro “Fidel e a religião”, no qual Fidel elogiou João Paulo II fez com que o povo cubano demonstrasse grande interesse na religião católica. Tanto é assim que esse livro ultrapassou um milhão de exemplares”.
Perdão aos presos durante a visita papal
Noutro momento da entrevista o arcebispo referiu-se aos presos políticos indicando: “Isso começou por aquelas mulheres, esposas de prisioneiros, mães de alguns prisioneiros, que se vestiam de branco e iam todos os domingos à missa na igreja de Santa Rita e eu comuniquei com o presidente que me disse que as tinha ouvido”, disse ao referir-se ao seu papel de mediador na prisão de cerca de 130 presos políticos entre 2010 e 2011, a maioria dos quais exilaram-se em Espanha.
Disse ainda que por estes dias recebeu várias cartas pedindo a sua intervenção perante o governo de Raúl Castro para libertação de pessoas que se encontram detidas em Cuba por delitos económicos e comuns.
Disse que são cartas de pessoas que esperam “um indulto, uma amnistia com a visita do Papa”, mas indicou que não sabe “se haverá ou não, talvez sim, isto é algo que depende do Estado cubano”.
Finalmente o cardeal Ortega ressaltou que para a visita do papa Francisco há um “ambiente popular” como não houve com nenhuma das anteriores visitas de João Paulo II, em 1998, e Bento XVI, em 2012, porque foi mais difundido através dos meios de comunicação da ilha que, pela primeira vez, transmitiram as suas mensagens e também as suas mais recentes cartas encíclicas.
O Santo Padre visitará Cuba de 19 a 22 deste mês.
A Catedral de Havana – obras de renovação
Foto acimaa: Santuário Nacional de la Virgen del Cobre (Foto: Zillekens)