CHILE, Pablo Gaete Martínez •
A 25 de outubro de 2020, no meio desta crise de saúde causada pelo coronavírus, o Chile passará por um processo eleitoral pelo qual, os cidadãos decidirão se a Carta Fundamental será alterada ou não, e nós, os schoenstatteanos chilenos, não podemos permanecer à margem. A revista nacional de Schoenstatt no Chile, Vinculo, escolheu “Discernir para decidir” como título de capa para a sua edição de outubro de 2020. Esta mensagem desafia-nos a sermos protagonistas. —
A 18 de outubro de 2019, quando a nível do Movimento de Schoenstatt estávamos a celebrar 105 anos de existência, ocorreu no nosso país um acontecimento que, sem dúvida, mudou para sempre a vida de muitos. A partir daí, nada seria igual. Surgiu uma explosão social gerada por abusos e injustiças, que visou especialmente as nossas autoridades e a nossa classe política. Perante o poder das expressões populares, as diferentes forças políticas concordaram em realizar um plebiscito como forma de sair desta crise.
Duas perguntas para a pátria com que sonhamos
Todo este processo trouxe consigo um forte clima de polarização, violência, confrontação, destruição, perda de empregos e de mobiliário urbano e até de vidas humanas. Perante esta atmosfera que parece sombria e irrespirável, e perante este processo histórico, nós, os schoenstatteanos chilenos, vamos olhar para o outro lado? Será que pensamos que isto não tem solução? Ou será que pensamos que podemos influenciar este Chile do futuro a partir do nosso carisma? Não duvidamos que sim.
Portanto, o Padre Juan Pablo Rovegno, Director Nacional do Movimento de Schoenstatt no Chile e Director da revista Vinculo, neste cenário pré-plebiscitário, convidou toda a Família de Schoenstatt no Chile, através de um inquérito, a responder a duas perguntas:
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Qual é a pátria pela qual anseio?
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O que estou a fazer para a conquistar?
A seguir, partilhamos algumas das contribuições que diferentes membros da Família Chilena expressaram e que foram extraídas da referida edição da revista Vínculo:
Estou a pensar num país diversificado e inclusivo, onde a Casa Comum é cuidada e a dignidade de todos é o imperativo. No meu trabalho, apoiando a transformação das empresas em direcção à sustentabilidade. Na nossa casa, cuidando da natureza, da água e da reciclagem. Na minha vida, atrever-me a viver de forma sustentável todos os dias.
Fernando Besser, União das Famílias – Santuário de Campanario
A nossa pátria é a nossa casa onde queremos viver com respeito e a promoção da dignidade dos irmãos e irmãs que contribuem para a melhoria da nossa auto-estima individual e social, para que todos possam ter pão, respeito e alegria. Construir confiança a partir de um diálogo autêntico e familiar que acredite no outro, acrescente com o outro, ampliando a sua visão física, moral e ética.
Hernán Medina Rueda, União dos Homens
Um país em que todos nos reconheçamos como irmãos, capazes de reconhecer o valor da diversidade, com fortes laços de solidariedade e uma opção particular, por parte do Estado e da sociedade civil, pelos mais pobres. Um esforço por compreender, sem antecipar preconceitos, os motivos e argumentos que movem as acções das pessoas e que procuram influenciar a vida social, política e cultural.
Sara Aguilar, Juventude Feminina – Los Ángeles
Sem conflitos, em paz, unidos e com Deus como pilar. Como testemunha da paz, quem quer que me veja, que te veja a Ti, Maria.
Christian Sanhueza, Rama de Familias – Chillán
Uma pátria livre, acolhedora, equânime e justa com todos. Onde todos são valorizados e respeitados. Respeitadora das suas tradições e de todos os seus recursos naturais. Participando a nível da vizinhança, de cidadão, político e pastoral.
Não podemos ser indiferentes ao exercício da responsabilidade cívica a que somos chamados
Com estas palavras, os nossos bispos, através da Comissão Permanente da Conferência Episcopal Chilena, chamam-nos a fazer parte deste processo que, de uma forma livre e informada, devemos assumir, em que os valores indispensáveis na vida de um povo, como o respeito pela vida e a dignidade de cada pessoa, a promoção da justiça, a solidariedade para superar as lacunas socio-económicas e culturais, e a protecção e cuidado dos grupos mais vulneráveis, devem ser a força motriz que nos desafia a assegurar que os valores em que acreditamos sejam vistos de forma concreta na vida política do nosso país. É um exercício, como os nossos pastores salientam, de uma “responsabilidade cívica a que somos chamados” e “a que não podemos ser indiferentes”.
O poder de um simples lápis e de um boletim de voto
O Padre Hugo Tagle, na edição em questão da revista Vinculo, no parágrafo final do seu artigo, salienta que “a democracia nasce de uma concepção cristã da vida: a igualdade intrínseca de todos os Homens, revelada em Cristo. A coisa pública, acrescenta ele, é digna do ser humano se for democrática. E essa sensação deve aumentar com o tempo.
Citando a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, o Pe. Tagle acrescenta que “em cada nação, os habitantes desenvolvem a dimensão social das suas vidas, moldando-se como cidadãos responsáveis dentro de um povo, e não como uma massa arrastada pelas forças dominantes. Recordemos que ser um cidadão fiel é uma virtude e a participação na vida política é uma obrigação moral” (EG, 220).
Motivando-nos a ser activos na colaboração com o destino da nação, o autor termina a sua coluna sublinhando que o futuro e as grandes mudanças são possíveis com “o poder de um lápis e de um boletim de voto”.
Oferecemos aqui os seguintes links relevantes para o tópico:
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Revista Vínculo N° 345 – Outubro 2020 disponível em formato PDF: bit.ly/vinculo10-2020 (ES)
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“A poucos dias do plebiscito de 25 de Outubro”, Mensagem da Comissão Permanente da Conferência Episcopal Chilena, em formato PDF: bit.ly/PlebiscitoCEpiscopal (ES)
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Vídeo: A poucos dias do plebiscito de 25 de Outubro, Conferência Episcopal do Chile: bit.ly/chileprebiscito (ES)
Original: Espanhol (14/10/2020). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal