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Posted On 2020-03-29 In A Aliança de Amor Solidaria em tempos de coronavírus, Vozes do Tempo

E, o Coronavírus, para quê?

CHILE, Patricio Young •       

Vivemos no meio de um mundo individualista onde, os meus desejos e vontades prevalecem sobre os do resto da sociedade, onde os direitos são privilegiados sobre os deveres. Onde o hedonismo, a ganância e o poder por causa do poder são as máximas que nos movem. Não há nenhuma consequência na vida, entre o que penso, digo e faço, mas justificação de conduta.” Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito”. (Lucas 16,10). —

O Coronavírus chegou para interpelar esta humanidade, que está imersa numa tremenda crise ambiental, reflexo do abuso e depredação. Todas as expressões deste individualismo e egoísmo marcados por uma economia que gera profundas desigualdades, que usa e abusa da propriedade privada sem a menor consciência do dever social ao qual esta se deve.

A pandemia mostra-nos de uma forma directa e eficaz uma realidade teológica: que nos salvamos em comunidade, não individualmente. Que quando um está contaminado, muitos podem estar contaminados.  Mostra-nos uma realidade política; que a vida é feita em sociedade, que o nosso futuro depende de todos (ou nos curamos ou perecemos).

Também nos mostra, socialmente, que a família, em qualquer das suas formas, é efectivamente a realidade nuclear da sociedade; é o nosso refúgio de cura e, com ela, o nosso sustento efectivo e afectivo.

A saúde mundial influencia as Bolsas de Valores, Mercados e Moedas

Também nos ensina que a economia não é um fim, mas um meio. Está dependente da saúde de todos, tal como definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS): “um estado de completo bem-estar físico, mental e social“. Pela mesma razão, só dá os seus verdadeiros frutos quando todos alcançam esse bem-estar e, com ele, a saúde. Se a manutenção da saúde afectar os mercados bolsistas, os mercados internacionais, as matérias-primas, as moedas e tudo o resto levar a uma recessão global, teremos de a sofrer para o bem de todos. Está a mostrar-nos, claramente, que a economia global está em crise, é tempo de se reinventar tendo, o bem-estar e a saúde de todos, em mente.

Não há dúvida que esta crise pandémica está a ensinar-nos muito, tanto ao mundo como ao nosso país.

No Chile estamos envolvidos na chamada “explosão social”, que centra as suas exigências sobre a dignidade humana e a necessidade de uma sociedade mais solidária, mas que tem gerado grandes conflitos e divisões.

Diante das tragédias, a solidariedade emerge como um caminho

O Coronavírus, como todo o desastre natural, gerou unidade de critérios para responder à crise pandémica, no nosso país, e às suas consequências. Poderá alguém ter suspeitado, há apenas alguns dias, que as próprias forças políticas e sociais proporiam ao governo o adiamento do plebiscito?

Unidade até para afectar a liberdade. Teríamos até suspeitado que todos estão dispostos a confinar-se nas suas casas e a não apelar a marchas para impedir a propagação do vírus? Teríamos até estado dispostos a aceitar que as Forças Armadas controlem a mobilidade nas ruas ao lado dos Carabineiros?

É perante as tragédias que nos unimos para as enfrentarmos juntos. É aí que a solidariedade surge como o grande caminho. Juntos as enfrentamos e juntos seguimos em frente. É tempo de o mundo, nesta era de globalização, e a nossa sociedade compreenderem que, só juntos podemos alcançar um futuro melhor para todos. Que só procurando o que nos une e não o que nos separa, podemos avançar. Só com base no respeito pelos outros e pela diversidade é que podemos avançar.

O Coronavírus veio para nos dar um grande ensinamento; cabe-nos a nós aproveitar o que Deus nos quis mostrar.

 

iStock Getty  Images ID:1135670850, LoveTheWind – licensed for schoenstatt.org 22.03.2020

Original: espanhol (22/3/2020). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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