Posted On 2015-10-15 In Em poucas palavras / P. Joaquín Alliende

Sínodo, vinho pascal?

P. Joaquín Alliende Luco •

Abriu-se o Sínodo das Famílias. Na Europa é outono. Nas proximidades do Santuário Original, nas colinas do Reno e do Mosela é o tempo das uvas. De vinhos e lagares. É melhor dizê-lo por outra ordem: de lagares e de vinhos porque, como rezamos no Rumo ao Céu: “sem lagar não há vinho…só o morrer ganha a batalha” (R C). Dos grãos obtemos líquido, apenas se, os esmagamos. Uma maneira muito simples é pisar a uva. Este é o trabalho do lagareiro. Do mais fundo dos tempos nasceram canções e danças de lagar. Porque o mosto pressagia o vinho da festa e do encontro. Todo o vinho passa da dor da maceração à festa do vinho nos copos e nos lábios. Todo o vinho é pascal.

Não é necessário ser perito para sustentar que o Sínodo mexerá com a opinião pública mundial e, será matéria de tergiversações variadas. Dentro dos temas que foram preparados, alguns há que, são complexos e delicados. O acontecimento em Roma irá mostrar, ainda com maior evidência que, as linguagens da Igreja e as da opinião pública mundial estão muito distantes. Devemos, cada vez mais, adequar os dicionários, é verdade. Mas, não podemos estar iludidos, não é uma pura questão linguística. Os mistérios que Cristo confiou à Sua Esposa, tornam-nos, necessariamente, estranhos à complexa realidade das culturas sem Cristo. Simultaneamente, a Igreja e, com Ela e para Ela, Schoenstatt, têm que estar vigilantes para saberem falar a todos os Homens da Terra. É claro que, o Pe. Kentenich não era um publicitário nem um jornalista. Era, sim, um grande comunicador que, sintonizava com os seus ouvintes e, procurava as línguas mais aptas para partilhar o seu mundo interior.

O nosso Pai foi um mestre em comunicação que, no seu tempo e nas suas circunstâncias, conseguiu algo sempre difícil e necessário: anunciar o Deus vivo na história e, nos estratos de gentes muito variadas. O Sínodo procurará claridade, profecia e linguagem. Os temas são delicados e a Comunicação Social simplifica e, até tergiversa. A Igreja precisa de schoenstatteanos que estejam alerta e serenos que, procurem o fundo das coisas que, possam ser instrumentos de síntese, do sempre e do agora. De liberdade e de obediência. E, que, também, saibam distinguir entre o substantivo e o passageiro, entre a verdade e a pedagogia para viver a verdade. Tudo isto, activamente, “em saída” missionária rumo ao que nos rodeia e, mais além.

Outubro é o mês do Rosário. Ser Kentenichiano, nestas três semanas, impele-nos a ter a mão no pulso do tempo e da informação e, o ouvido no coração de Deus e, nas mãos, o Terço.

O Papa Francisco disse há pouco: “o Sínodo não é um congresso ou um parlamento, ou um senado onde é preciso pôr-se de acordo. É alguém que se interroga sobre a fidelidade ao depósito da fé como uma fonte viva…para ler a realidade com o coração de Deus”. Um Sínodo também pode ser vinho pascal.

Original: espanhol. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

 

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