Posted On 2012-01-22 In Coluna - P. José María García

Querida Mãe do Senhor e Mãe nossa…

Pe. José María García. “O povo peregrino segue as pegadas de Maria Santíssima”. Uma frase proferida pelo Beato João Paulo II, no limiar do grande Jubileu da Redenção, no Ano Santo de 2000, e que, em sua simplicidade e vigor, desperta certa nostalgia, fazendo surgir na alma impressões do ambiente peculiar de peregrinação: de alegria, de singeleza, de cânticos e orações, de fé compartilhada, de testemunho comum, de caminhos, de esforço e cansaço feliz, de fraternidade e, sobretudo, de caminhada rumo ao Santuário. A peregrinação, experiência religiosa universal, encontra-se estreitamente vinculada ao Santuário, de cuja vida constitui um elemento indispensável: o peregrino há mister de um Santuário, e o Santuário requer peregrinos.

E, por isso, o triênio preparatório para as comemorações do Jubileu da Aliança de Amor, projetamo-lo, na Conferência 2014, como peregrinação: o Schoenstatt peregrino, a família peregrina, seguindo as pegadas de Maria Santíssima. O ambiente que criamos e com o qual preparamos, pessoal e comunitariamente, a peregrinação e o “encontro” com o Menino e sua Mãe no Santuário, é o presente que levamos ao Santuário; nossa peregrinação – nosso caminho que nos conduz ao Santuário – seguindo as pegadas de Maria Santíssima, a Virgem Peregrina do Evangelho, é qual símbolo da Nova Evangelização, da experiência de fé em Schoenstatt, da experiência transformadora do Santuário. A visita da Santíssima Virgem a sua prima Isabel é o prelúdio da missão de Cristo Jesus, e colaborando do início até o fim de sua maternidade e para sempre na obra redentora de seu Filho, transforma-se em modelo e mãe daqueles que se põem a caminho para levar a cruz e a alegria de Cristo a toda a humanidade.

Nossa oração de peregrinação evoca este ambiente de peregrinação já com a invocação inicial: “Querida Mãe do Senhor e Mãe nossa”. Nela ressoa a pergunta de Santa Isabela a Maria Santíssima: “E donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?” Nela ressoa em si mesma o assombro transformador de milhares e milhares de pessoas pela visita da Mãe Peregrina: “E donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?”.

A nós, filhos da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, nossa peregrinação nos coloca no contexto atual da Igreja, não somente “a velha Igreja” que procura renovar-se em seus vínculos essenciais, em suas raízes essenciais, senão também em seu serviço prestado ao homem, ao homem de hoje que tem sede de encontro pessoal com o Deus vivo, sede de “Santuário”; recordo o testemunho de nossos irmãos de Paraná, Argentina. Há cerca de vinte e cinco anos, dois jovens, por ocasião do aniversário da Fundação do Movimento Apostólico de Schoenstatt, 18 de outubro, presentearam a MTA com uma peregrinação a pé, percorrendo um percurso de 90 km até o Santuário. Foi tão forte o ambiente de peregrinação que, no ano seguinte, sete jovens tomaram também parte da peregrinação. E alguém lhes disse: “Chegará o dia em que virão os homens dos campos e povos para peregrinar com vocês…” Hoje, ano após ano, cerca de quarenta mil pessoas se associam a esta peregrinação. Acaso não seria possível ocorrer algo análogo com a nossa peregrinação jubilar? Depende, assim creio eu, do ambiente de peregrinação que, já em sua preparação, cultivamos entre nós como peregrinos do Santuário, como povo peregrino proveniente de todos os continentes, nações e línguas.

O Beato João Paulo II falava de “humanizar a globalização”. É aí que se encontra nosso lugar; é aí que nos coloca a MTA; o desafio do terceiro milénio consiste em humanizar o homem, para que o homem, por sua vez, humanize a globalização. E isto ocorre – esta é a nossa convicção – mediante o encontro do homem atual com a “realidade do Santuário”, lugar de encontro pessoal com o Deus vivo, lugar de encontro fraterno.

Sempre que, em nossa oração de peregrinação, rezamos à “Mãe do Senhor”, colocamo-nos ao serviço contínuo do “corpo vivo de Cristo” na história, seguindo as pegadas de Maria Santíssima, a Mãe do Senhor, a quem chamamos: Mãe nossa…

Maria, a Mãe do Senhor e Mãe nossa, para este serviço a Cristo e à sua Igreja, formou o coração e a vida real do Padre Kentenich e, com ele e em Aliança, o Santuário de Schoenstatt. Deste modo quis presentear à humanidade inteira e a cada homem desta terra pela qual peregrinamos, lugares de peregrinação para todo aquele que procura uma vida plena.

Conjuntamente, como irmãos de todos aqueles para o quais a Mãe do Senhor quer ser chamada “nossa Mãe”, dirigimos nossos passos rumo aos “lugares de graças” – pessoais e físicos – onde se tateia uma vida real e tangível, e onde o Senhor santifica, e Ela educa…

Há uma palavra que vale a pena escutar e proferi-la como se fosse a primeira vez a fazê-lo: “Querida”. É uma expressão, que sendo proferida deveras, fala da experiência de seu amor pessoal, de seu olhar pessoal, para cada um de nós. Expressa o reconhecimento de sua tarefa na vida de cada um de nós. Ela ama-nos, e, por isso, nos é “querida”… e também nos possibilita amá-la com um amor pessoal. E só o amor pessoal transforma.

QUERIDA MÃE DO SENHOR E MÃE NOSSA: És a nossa bandeira para a peregrinação, a bandeira de identidade e de missão; e isto é o que consolida nosso título de Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt.

 

Tradução: Abadia da Ressurreição, Ponta Grossa, PR, Brasil

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *