Bárbara de Franceschi, Espanha •
Esta manhã, olhando para ti, Maria, dou graças por todas as mulheres. Por tudo o que és, pela tua delicada pureza, pela tua capacidade de amar todas e cada uma, pelo teu olhar gentil e pelos teus braços que seguram o Menino e n’Ele cada um de nós. —
Hoje, tenho a certeza, que todas as mulheres: as mulheres daquela época, envoltas naquele longo manto, que em casa faziam o seu pão todos os dias, à espera dos filhos que traziam peixe fresco que eles próprios apanhavam com as suas redes, as que os ensinavam a louvar a Deus e a esperar pelo Messias, que batiam palmas e levantavam os braços, que viviam simplesmente e recolhiam figos e tâmaras para decorar os seus almoços e as suas mesas ásperas, que ainda cheiravam a madeira recém cortada e ao esforço dos homens que as construíam com as suas capacidades.
Mulheres fortes
As mulheres de hoje, fortes e determinadas, que se prepararam para exercer uma profissão digna, como qualquer homem. Que abriram um espaço para si na sociedade de hoje, que amam a sua feminilidade e que a exibem. Que também aprenderam a amar, a fundar uma família, a ter filhos, a acompanhar os seus maridos na dura competição do mundo do trabalho, que elas próprias conhecem por experiência.
As mulheres que deram à luz com a força do seu corpo e a força do seu amor, que os amamentaram até quando puderam e precisaram de voltar para o seu trabalho. Trabalham fora e dentro de casa: as que saem a horas para não faltarem ao escritório, as que saem de casa e deixam a comida pronta para o regresso da escola, as que voltam depressa para casa para estarem com os seus filhos à tarde e fazer os trabalhos de casa diários com eles, as que se asseguram de que o jantar é saudável sem muita gordura e açúcar.
As mulheres que estão dispostas a abdicar de tudo para cuidar de uma criança doente, do seu marido, do seu pai idoso. Aquelas que desistem de bom grado de um bom vestido para que os seus filhos possam ir para uma boa escola. Aquelas que se alegram mais com o sucesso dos seus maridos do que com o seu próprio sucesso. Aquelas que não têm medo de ser quem são e de deixar uma marca de generosidade, amor, beleza, cultura e bom senso nos seus entes queridos.
As mulheres feridas
Mas também, Maria, traz nos braços pessoas muito feridas e necessitadas do seu amor: mulheres que perderam o seu sentido de identidade, mulheres que não sabem como ou não se podem amar porque se sentem diferentes e indignas. Aquelas que nasceram no abuso e na falta de amor. Aquelas que cresceram na pobreza física ou espiritual. Aquelas que são forçadas a trabalhar em trabalhos onde são exploradas. Aquelas que deixam os seus filhos sozinhos porque não têm escolha. Aquelas que se prostituem para os alimentar. As que são abandonados. As que engravidam por engano. As que se sentem sozinhas sem saber para onde ir ou a quem recorrer. E muitas mais. Tu ama-las, Mãe.
Os homens
E sendo uma mulher, Maria, e segurando nos teus braços todas as mulheres com quem ris e choras, também seguras os homens: aqueles que deram as suas vidas pelos seus, pelo divino e pelo humano. Aqueles que se levantam todos os dias para que os seus filhos cresçam saudáveis, aqueles que abraçam as suas esposas para lhes dar força e amor, aqueles que as admiram e as encorajam a alcançar o seu pleno potencial, aqueles que compreendem que o lar é feito por todos e participam nos cuidados da casa e da família. Aqueles que ensinam os seus filhos a amar a natureza, a ser mais austeros, a conhecer a bondade do esforço e a trabalhar a sua vontade. Aqueles que compreendem a responsabilidade.
Mulheres com dúvidas
E também apoia os outros que não se reconhecem a si próprios como tal. Que não podem apreciar o que a natureza lhes dá. Aqueles que estão feridos pelo que a vida não lhes deu, pela solidão, abandono, abuso, falta de amor. Aqueles homens que, por sua vez, se tornam abusadores e matam a vida do outro. Aqueles que se deixam levar pelos seus vícios, pornografia, bebida, excessos, adoração extrema do corpo e dos prazeres, jogo… Tantas coisas que os afastam de si mesmos, da mulher, de ti e do teu Filho.
Maria, mulher por excelência, ajuda-nos a ser. Ama-nos e leva-nos ao que realmente devemos ser como mulheres e homens.
Escrito na manhã de 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, directamente no WhatsApp ao sair da Missa.
Original: castelhano (8/3/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal
