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Posted On 2022-02-25 In Artigos de Opinião

“Embora a vida possa ser compreendida olhando para trás, deve ser vivida olhando para a frente”

Guillermo Parra, Chile •

Permitam-me fazer um comentário sobre as numerosas trocas de ideias que têm tido lugar entre nós sobre a Missão e sobre o nosso Fundador. Gostaria de o fazer à luz de uma frase do filósofo cristão Soren Kierkegaard que me parece ser muito precisa: “Embora a vida possa ser compreendida olhando para trás, deve ser vivida olhando para a frente“. Creio que nela há uma chave para compreender grande parte da nossa situação actual como Movimento de Schoenstatt e também a nossa relação com o Pai Fundador. Por uma razão simples: parece-me que, como Schoenstatt, talvez sem nos apercebermos, invertemos o significado desta frase, fazemos esforços para compreender Schoenstatt olhando para o futuro, mas na realidade, institucionalmente, vivemos olhando para trás. —

Declaramo-nos depositários de um carisma de Fé Prática na Divina Providência que implica precisamente tentar compreender as formas que a Divina Providência nos coloca “à frente”, mas parecemos viver olhando “para trás”. Os nossos esforços especiais são para recordar, celebrar, comemorar, manter e reconquistar aquilo de que já estamos convencidos.

Esta inversão é, parece-me, um grande obstáculo interno (existem outros externos) para não se fazerem mais progressos, tanto quantitativa como qualitativamente, na visão missionária que o Fundador quis imprimir à sua fundação, tanto eclesiástica como socialmente. Pelo contrário, parece que estamos a andar para trás.

Vivamos olhando para a frente, onde a missão de Schoenstatt está em jogo, tanto eclesial como socialmente

Com a minha experiência em Schoenstatt, olho para trás e vejo, pelo menos neste lugar onde vivo, que não somos mais, no sentido lato do termo, do que há 50 anos atrás. É verdade, isso pode ser uma declaração apresentada com nostalgia e também injusta para muitos e pode também enfurecer muitos outros, incluindo vários que a lerem. O que estou a tentar dizer, modestamente e com dificuldade, é que acredito que devemos pôr à cabeça a frase do filósofo, olhemos para trás para tentarmos compreender a nossa vida, o que somos, o que recebemos, a missão da qual somos aliados e como a vivemos pessoal e institucionalmente (o que torna muito válidas as perguntas sobre o tema do Fundador, os estatutos, a Confederação Apostólica Universal e outros), mas… à luz da Fé Prática na Divina Providência, vivamos olhando para a frente, onde a missão de Schoenstatt está em jogo, eclesial e socialmente, o que Deus nos pede especificamente para este tempo, o que este tempo necessita do carisma missionário de Schoenstatt, que sem dúvida, em termos de objectivos e métodos, não são os de há 50 anos (será também tempo de um “sínodo” institucional – missionário de Schoenstatt à luz da Fé Prática na Divina Providência? ).

Qual é o carisma missionário, qual é a epopeia missionária que o Fundador desejaria hoje para a sua Obra?

Pensar sobre estas coisas não me parece ser “heresia” ou “infidelidade” schoenstatteana. O Fundador, com visão profética e com muito mais audácia do que nós, chamou a este processo nada menos do que “refundar Schoenstatt de 50 em 50 anos”. E neste sentido é também válido perguntar como o carisma da fundação (a Obra no tempo) tem sido assumido ou vivido, a partir do carisma do seu Fundador, e das necessidades dos tempos. Em suma, qual é o carisma missionário, qual é a epopeia missionária que o Fundador desejaria para a sua Obra hoje, o que a Igreja necessita e o que a sociedade, aquela em que vivemos e nenhuma outra, deve exigir de nós. E além disso, porque um Schoenstatt sem uma epopeia actualizada e com uma visão de futuro do seu carisma missionário é um Schoenstatt “descafeinado”; quase ninguém, nestes tempos, gosta de café descafeinado. E isso explica muita coisa.

Original: espanhol (19/2/2022). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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