Cristo amigo

Posted On 2021-05-18 In Artigos de Opinião

“Este livro procura guiar ‘as buscas dos jovens’ ao Evangelho”

Entrevista com Juan Molina, Argentina, pela ocasião da publicação do seu primeiro livro •

No dia 11 de maio foi publicado o livro “Cristo Amigo”; Dirigido aos jovens, com o objetivo de lhes oferecer um encontro com Jesus a partir de temas específicos da idade, mistura a profundidade própria de diferentes textos do Evangelho com as ‘buscas atuais da juventude’. O autor, Juan Molina, é membro da comunidade dos Padres de Schoenstatt e será ordenado sacerdote nos próximos meses. Nesta entrevista, Juan nos conta do que se trata “Cristo Amigo” e o que está por trás desta publicação. —

– Como surgiu a ideia do livro?

Juan Molina

Juan Molina

A ideia do livro surgiu em torno de “MTA”, uma das Missões de verão que fazemos com os jovens do Movimento, como uma proposta do Pe. Tommy Dell’Oca. Gosto de escrever e o Pe. Tommy é um grande motivador. Ademais, cada missão nos agita, traz vida nova e também convites de Deus.

[Dito de maneira mais clara], não é um livro que nasceu na minha mesa, senão que é fruto de conversas com crianças, com pais, com a realidade compartilhada. [Durante as missões] víamos meninas e meninos buscando cada vez mais uma fé, uma espiritualidade capaz de iluminar melhor seu cotidiano, suas buscas e inquietações.

Nas conversas [que tive] com o Pe. Tommy, partilhamos uma certa dor e preocupação de que as questões mais humanas, mais existenciais e cotidianas fossem respondidas a partir de uma doutrina fria, e não da cálida proximidade [entenda-se como empatia, intimidade ou preocupação pelo outro, características] de Jesus. Por isso, a ideia foi escrever um livro que mostre um Jesus próximo às preocupações, às buscas, ao que os jovens estão vivenciando.

– De onde vem o título?

Na verdade, quem me propôs foi Joaquín Lobos, um irmão de curso [da Comunidade dos Padres de Schoenstatt]. De alguma forma, ele coloca em palavras um processo de conversão espiritual que vivemos [juntos, durante a formação], aproximando-nos cada vez mais de Jesus como um amigo. De fato, como curso tomamos como lema da ordenação diaconal: “Quero ser teu amigo Jesus Cristo!”.

Isso significa que experimentamos que Jesus te acompanha em tudo o que você vive, que está próximo, que é fiel, que ‘está aí com você’ naquilo que você está vivendo [em contraste com ‘não estar nem aí’, desinteressado ou distante]. Portanto, embora cada capítulo tenha sua própria temática, o pano de fundo é o mesmo: mostrar o Cristo amigo.

– Como foi o processo de redação do livro?

Comecei muito timidamente, repassando algumas conversas e temas das Missões que haviam ficado “dando voltas na cabeça”. Em concreto, comecei a escrever em meados de 2019, um capítulo por mês. Tentava esquecer que estava escrevendo um livro, para diminuir a pressão. Também pensava que, em tempos de predominância da imagem e do espetáculo, escrever um livro que aspira à contemplação do Evangelho dedicado aos meus contemporâneos era uma ousadia total.

Não pretendo dar fórmulas ou receitas mágicas. Não pretendo inventar pólvora. Na verdade, não foram poucas as ocasiões em que me perguntei se este livro, em realidade, não era mais do mesmo. Escrever, em muitos casos, é dar um tom definitivo a um conjunto de ideias sempre provisórias. No entanto, no final de cada capítulo, pedia a alguns amigos com quem tenho confiança que me dessem uma avaliação [do que tinha escrito]. Eles me motivaram muito a continuar, com seus comentários sempre generosos, muito pessoais e afiados. O produto final do livro contempla boa parte dessas devoluções [feitas pelos amigos].

E assim, eu fui me motivando até ter tudo pronto em meados de 2020, ainda que o início da pandemia não parecia o melhor momento para o lançamento.

– Como você escolheu os temas e as figuras que marcam cada capítulo?

Precisamente, em relação ao que disse antes: a experiência da amizade com Jesus Cristo, para mim, não foi uma experiência de solidão, senão que ocorre numa rede [ou trama] de relações, de amizades, de vínculos. É por isso que boa parte dos temas e figuras que marcam cada capítulo surgem de diálogos, encontros e buscas compartilhadas com eles.

Por outro lado, devo reconhecer que o livro diz muitíssimo sobre mim. Sou um pouco do Pedro, que deve enfrentar os medos, sou o cego de Betsaida que luta contra a ansiedade de ver os resultados ao iniciar processos, sou o Bartimeu que recebe a provocação de se colocar em caminho, sou a Samaritana desanimada e também sou Natanael, que é surpreendido porque Jesus sempre lhe mostra algo mais.

Enfim, são muitos os temas e as figuras do Evangelho que me acompanham no meu caminho. Por isso, como digo na introdução, o livro não é feito por quem já tem tudo claro, mas por alguém que está em caminho – e não necessariamente ‘encaminhado’. [Jogo de palavras]

Juan Molina Cristo amigo


– Qual é o capítulo em que você vê isso de forma mais pessoal?

Cristo amigo

Tem um que é muito pessoal, aquele que se refere ao sofrimento dos bons. É uma questão existencial e penso que ser muito atual, para esses tempos bravos que correm. Creio, inclusive, que é uma questão que vai além da juventude, uma questão muito humana.

Para mim, tornou-se [uma questão] muito pessoal. [O capítulo] contém minha enorme e profunda reflexão [a respeito], gerada em mim pela longa enfermidade – e posterior perda – do meu melhor amigo do seminário, Christian Abud. De maneira nenhuma dou uma resposta definitiva [à questão do sofrimento dos bons], porém me animo a partilhar o que Deus me mostrou naquele tempo [em quem acompanhei Christian], nas conversas com ele. Por isso mesmo, achei oportuno atribuir o livro a ele [Christian]. 

– E em qual capítulo são melhor apresentadas essas buscas que você mencionou?

É difícil escolher um – fico entre dois.

Um dos capítulos se desenvolve a partir da figura da mulher adúltera e quer iluminar a busca por amar mais e melhor. Originalmente, o esqueleto deste capítulo fez parte de um retiro que acompanhei nas Missões MTA. Fiquei impressionado como o tema gerou muita conversa e reflexão, inclusive fora do retiro e da missão mesma. Foi percebendo que havia tocado uma fibra que não era só minha, mas de muitos que estavam ali. No final das contas, o amor e a busca pelo amor nunca saem de moda.

Algo assim [tocar uma fibra que não era só minha] aconteceu comigo com outro capítulo, o primeiro de todos, que se refere a Nicodemos e quer iluminar os que buscam a Deus. Percebo que o tempo presente – longe do que poderia parecer à primeira vista – é um tempo de muita busca, de grande sede de Deus. Também entre os jovens. É verdade que algumas vezes isso não é muito explícito ou se chama por outro nome, mas me impressiona ver que há uma busca pela espiritualidade, por uma interioridade compartilhada.

– Mais pessoalmente, o que significa que este livro venha à luz neste momento?

Começando com o mais básico, é uma alegria muito grande. É como um sonho que se realiza, embora deva também dizer que é apenas metade do sonho: agora espero que este livrinho seja uma contribuição para o encontro com Jesus.

Por outro lado, a proximidade com a ordenação sacerdotal marca também uma união de coisas que não é casual: de alguma maneira o livro expõe o que tem sido meu caminho mais pessoal nestes anos de preparação. Torna possível algo muito próprio da nossa vocação, do nosso caminho: não queremos que a experiência do encontro com Jesus morra na nossa própria intimidade [no sentido de um ensimesmamento infecundo, de um egoísmo mesquinho], senão que possa servir de alimento para muitos mais.


O livro foi editado pela Patris Argentina e está disponível na livraria do Santuário de Confidentia, na Cidade de Buenos Aires (Riobamba 1050) e no Centro Padre Kentenich, na cidade de Córdoba (Av. Rafael Núñez 3524), Argentina. Além disso, você pode solicitar o envío a outros lugares pelo e-mail patrisargentina@gmail.com.

O livro será apresentado na próxima terça-feira, 18/05, às 21h na Argentina [mesmo horário de Brasília] pelo Instagram nas contas @patrisargentina e @jm.argentina

Colaboração: Claudia Echenique @schoenstatt.org

Juan Molina Cristo amigo

Original: Espanhol. Tradução: P. Rafael Mota, Brasil

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