Posted On 2017-11-10 In Artigos de Opinião

Cada Santuário é memória, presença e profecia

Pe. Guillermo Carmona •

Em cada 18 de Outubro, celebramos a Festa Patronal do nosso Santuário. A data lembra-nos a sua importância e a possibilidade de reflectir: quão valioso é para mim este lugar? Que encontro lá? Por que volto lá sempre de novo? Nele, o nosso lugar de pertença, homenageamos a Padroeira e expressamos-Lhe a nossa gratidão e alegria. O Santuário é o lar espiritual, pertence-nos, é, talvez, o mais belo e visível que temos e oferece-nos santo orgulho. De cada vez que chegamos ao Santuário experimentamos a presença de uma Mãe, lá encontramos um lugar onde nos sentimos bem, onde meditamos, onde pedimos, onde oferecemos dificuldades e êxitos, alegrias e tristezas. Por isso, meditamos o “Cântico da minha terra” – convido-vos a fazê-lo, também hoje – e afirmamos sempre de novo. “…é a minha terra, é a minha terra de Schoenstatt”

No início deste ano, o Papa Francisco pediu à Igreja para “valorizar pastoralmente” o papel dos Santuários: “… caminhar para o Santuário e participar na espiritualidade que esses lugares expressam é um acto de evangelização que merece ser valorizado pelo seu intenso valor pastoral”[1]E, enquanto peregrinamos ao Santuário e às Ermidas – evocações do Santuário – para entregar à Mater os nossos pedidos e ofertas de amor, mergulhamos no “mistério do Santuário” que é memória, presença e profecia.

  1. Todo o Santuários é “memória” porque guarda a lembrança do acto sagrado, onde Nossa Senhora decidiu ouvir o pedido crente e fervoroso do Pe. Kentenich e estabelecer-Se no Santuário Original. Tanto nos amou Deus, diz S. João que, enviou o Seu Filho para que estabelecesse a Sua morada no meio de nós. E esse Filho escolheu a Sua Mãe para que Ela estabelecesse a Sua tenda no Santuário. É, como tantas vezes o repetia o Pe. Kentenich, uma iniciativa divina, uma irrupção de Deus no nosso mundo.
  2. O Santuário é “presença” e, não somente recordação. “O Santuário é uma antena permanente da Boa Nova da nossa salvação” (S. João Paulo II). Quanto mais nos inserirmos dentro do mistério do Santuário, mais surge o assombro pelas maravilhas que Deus lá faz. O Santuário é presença constante de Deus na cidade; e Maria, a celebrante silenciosa desse mistério. São lugares de evangelização, cidadelas da fé, por um lado, “hospital de campanha” e, ao mesmo tempo, “faculdade de medicina” (Papa Francisco). Como peregrinos convidamos muitos a partilharem esta experiência e a levar o ardor apostólico, esse atrevimento do amor e a fortaleza do espirito. Um sinal de tudo isto é que, dos nossos Santuários surgem propostas vocacionais ousadas, quer seja, para a vida consagrada ou sacerdotal, quer seja, para a santidade no meio do mundo. Maria convida muitos a fazer seu, o anúncio: “Faça-se em mim segundo a Sua palavra”, a Tua vontade. No íntimo do coração mariano está a alegria em amar Deus e em servir os irmãos. “A Deus, nada é impossível”. 
  3. O Santuário é “profecia”. Anima-nos a convidar a olhar o que ainda não alcançámos: responder mais vivamente aos problemas da Pátria, superar a chaga social, a droga, aproximarmo-nos dos sem-abrigo e sem amor, ajudar os pobres e os doentes, superar a violência familiar, apostar numa política honesta e preocupada com o bem comum. O Santuário é profecia do Céu. Não temos aqui a cidade permanente. Toda a tragédia humana nos fortalece na esperança do lugar onde não haverá dor nem choro, doença ou morte…mas alegria e paz, vida e santidade (cfr. Apocalipse). Quando lá chegarmos, a promessa tornar-se-á concretização e, Ela estará lá presente “até à consumação perpétua de todos os eleitos” (Lumen Gentium 62).

Três símbolos nos podem acompanhar neste dia de graças. A fonte, o farol e o foco. O Santuário é a fonte onde bebemos a água pura e que sacia a nossa fé; fonte que está – como nos diz o Apocalipse – no meio do jardim; para nós, é o Jardim de Maria. Mas o Santuário é também o farol que nos ilumina a meta: para ela caminhamos, para a conquista do Homem Novo na Nova Comunidade.

É, além disso, o foco onde convergem os esforços e, onde se reúnem, as pessoas das mais diversas procedências sociais, culturais e políticas, com o único interesse – o único foco – de se deixarem iluminar no caminho. Que esses poderosos raios luminosos nos presenteiem hoje a felicidade de nos sabermos amados por Maria e de Lhe correspondermos: “Amos os que me amam… provem-me que me amam”.

 

Original: espanhol (21/10/2017). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

[1] Carta Apostólica do Santo Padre Francisco em forma de Motu Proprio “Sanctuarium in Ecclesia”

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