Posted On 2016-04-27 In Artigos de Opinião

A família, o sonho de Deus

Pe. Guillermo Carmona, Director Nacional do Movimento de Schoenstatt na Argentina •

Há poucos dias, o Papa Francisco publicou a Exortação sobre o casamento e a família: A alegria do amor. Um cântico à vida e à esperança. É bom lê-la, ainda no Tempo da Páscoa, no qual a luz resplandece sobre a obscuridade. Eu intitularia esta Exortação “O Evangelho da Família”. E, esta Boa Nova também o é para todos os que estamos e, somos Família de Schoenstatt.

O Papa fala da família como o “sonho de Deus” e, é – diz – “ o mais belo, o maior, o mais atractivo, o mais necessário e deve ocupar o centro da actividade evangelizadora”. Pareceu-me sugestivo nesta Carta da Aliança partilhar alguns dos conceitos deste documento, muito coincidentes com o pensamento do Pe. Kentenich e trazê-los ao concreto. A passagem da teoria à praxis – isto é, à dimensão pedagógica – foi e é, sempre, o mais difícil em Schoenstatt e na Igreja. De nós, também depende, forjar uma família, onde se sinta “a alegria do amor”.

A família não é uma realidade idílica nem utópica. Para a construir é preciso cultivar atitudes que são expressões da misericórdia do Pai, com a qual queremos sair ao encontro. Sintetizo-as em sete “sacramentais do amor” que – se as encarnamos – oferecem graças:

É preciso começar pelo diálogo

Sem uma boa comunicação não há família mas, um conjunto de ilhas. Muitas vezes é preciso quebrar os longos silêncios mas, ao mesmo tempo, saber escutar. Ambas coisas. Já ouvi dizer, que existem academias para ensinar “oratória” mas não “ouvitória”: uma invenção sugestiva como jogo de palavras e real. Vivemos em comunicação mas falta-nos uma comunicação mais pessoal, a que surge de nos olharmos nos olhos, deixar o telemóvel e ouvirmo-nos.

A família cresce quando estamos dispostos ao serviço

Servir é conhecer as necessidades do outro e – na medida que seja possível e bom – procurar satisfazê-las. É fazer o bem, refere o Papa: requere abnegação e um pouco de esquecimento de si mesmo. Quem serve, reina, dizia o Pe. Kentenich.

Um terceiro requisito é o respeito que implica aceitar o outro como é, sem pretender fazê-lo à medida

O respeito é enaltecer o “tu”, é saber que todo o Homem, sendo filho do Pai, é fruto dos Seus, amor e benevolência. E, em consequência, trata-lo como tal.

Por outro lado, a alegria do amor pressupõe ter e oferecer confiança

Cai-nos bem quando alguém nos diz: “posso confiar em si”. Também cai bem ao outro, quando lhe oferecemos confiança, abrimos-lhe a nossa alma e partilhamos com ele as alegrias, os medos e os desejos. A confiança, muitas vezes, desvanece-se, desiludimos e desiludem-nos. E, se bem que, possa ser difícil recuperar essa confiança que entregamos a um “tu”, não é impossível quando há corações nobres e retos.

Aceitação e compreensão

Somos diferentes, temos temperamentos, histórias e heranças familiares diferentes. Isto torna-nos originais e, portanto, possíveis de complementação. Por isso, é bom, diz o Papa, dar tempo ao outro, sabendo que os melhores frutos precisam dum desenvolvimento maduro e calculado. Um sinal de aceitação pode ser o elogio e o estímulo. Sem oferecer ou receber “carícias para a alma” a vida torna-se hostil.

A alegria do amor sustenta-se com a liberdade e a proximidade

Precisamos de ambas: da sã autonomia como, a da presença próxima e atenta. Não é fácil o risco da liberdade: pressupõe confiança, diálogo e valores partilhados. O “tu” é um presente e não uma propriedade da qual disponho a meu belo prazer e conveniência.

Finalmente, a abertura à graça de Deus

Só em Deus podemos começar sempre de novo: perdoar porque Ele nos perdoa, agradecer o “dom” do outro e viver o encontro como se fosse o primeiro, o único e o último. Isto alegra cada amanhecer da família.

Convido-vos a viverem estas atitudes que são resultado da misericórdia. Partir dum exame de consciência e escolher um “propósito particular” para este tempo, como uma contribuição para a “Alegria do amor”. Assim vale a pena morrer e ressuscitar, como Jesus, na Sexta-Feira Santa e na manhã vitoriosa da Páscoa.

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Original: espanhol. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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