Posted On 2015-09-21 In Artigos de Opinião

Procurar a comunhão

Por Pe. Guillermo Carmona, Diretor do Movimento de Schoenstatt da Argentina, carta de aliança •

No dia 19 de junho deste ano, o Papa Francisco reuniu-se com o Patriarca Sírio-Ortodoxo de Antioquia, Mor Ignatius Aphrem III. Depois de falar sobre a trágica situação da Síria, acabaram o encontro rezando juntos e embora existam diferenças entre ortodoxos e católicos, ambos asseguraram que “o que nos une é maior do que o que nos separa”.

Sair ao encontro é procurar a comunhão: o que nos une e não o que nos divide. Por isso sublinha o Papa, que sair ao encontro nos “descentra”, tira-nos do eu egocêntrico, cura-nos, abre-nos ao outro, faz-nos mais humildes e torna-nos irmãos. No geral, as coincidências são muito maiores que as diferenças.

A unidade é mais importante que as diferentes classes sociais, os partidos políticos, os clubes, os cargos e responsabilidades. Isto deveria aplicar-se a todas as áreas da vida: a familiar, laboral, social e apostólica.

Cada um tem mas suas mãos uma peça do mesmo puzzle. Que aconteceria se no lugar de as utilizar para construir com os outros a grande figura, as utilizassem para lutar porque as suas peças são diferentes umas das outras?

Todos temos uma dupla capacidade: a de ver as diferenças, ou de perceber o que é comum. Se só alimentamos uma destas dimensões, perderemos a riqueza das diferenças, ou a bondade da comunhão.

A comunhão educa-se na família e na escola. Os pais e professores que só ensinam a ver as diferenças, vetando aquilo que nos une, impedirão que os seus filhos e alunos gozem da graça de se sentirem parte de um todo, muito mais rico que as diferentes unidades. Jamais integrarão.

Um dos problemas da Argentina 2015 é que nos custa ver o que nos une. Os políticos e quem dirige a sociedade exemplificam-nos o que é excluir e não integrar. As circunstâncias fazem-nos crer que somos radicalmente diferentes. Não é assim: todos nos sentimos desvalidos, preocupados pela pátria, com desejos de mais paz e menos violência, com vontade de superar o narcotráfico e a inflação, com o desejo de maior ordem e de deixar aos nossos filhos um futuro promissor. Todos temos as nossas luzes e as nossas sombras, os nossos desejos e os nossos próprios medos, quase sempre comuns. Cada um de nós tem a opção de superar a rutura da dualidade que tantas vezes criamos entre a parte e o todo.

Nós queremos construir a sociedade do encontro, educar para a comunhão: só assim se criam sociedades solidárias, inclusivas, equilibradas e mais humanas. Queremos alimentar essa sociedade? Comecemos então já!

Que bom propósito para este mês em que iniciamos a primavera: Ver o que nos une ao irmão, cônjuge, amigo, colega de trabalho e de universidade.

A Mãe e Rainha é quem nos une e reúne nos seus Santuários e Ermidas. Ela como boa mulher e mãe tira-nos do isolamento e do afastamento. Torna-nos irmãos.

Ela salvar-nos-a de acentuar as diferenças que erradamente cremos que nos tornam únicos: a pele, o sexo, a idade ou as condições sociais. Sendo singulares e irrepetíveis pelo nosso ideal pessoal, formamos, ao mesmo tempo, a grande Família que nos integra num mesmo universo de salvação e de graça.

A Aliança de amor é energia e fonte de unidade. É fruto da adversidade e da dor da cruz, tragédia aparentemente irremediável, que Jesus tornou como causa da nossa salvação. É que o amor é o único que rompe as barreiras… entre o eu mais autêntico e o teu irmão que caminha ao lado. Com um Pai comum que nos torna uno na sua misericórdia…


Original: espanhol. Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

 

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